{"id":132,"date":"2016-07-03T09:11:02","date_gmt":"2016-07-03T09:11:02","guid":{"rendered":"https:\/\/eurodefense.pt\/?p=132"},"modified":"2023-07-25T09:59:54","modified_gmt":"2023-07-25T09:59:54","slug":"determinantes-do-novo-ambiente-de-seguranca-internacional","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/eurodefense.pt\/determinantes-do-novo-ambiente-de-seguranca-internacional\/","title":{"rendered":"Determinantes do novo ambiente de seguran\u00e7a internacional"},"content":{"rendered":"\n

O primeiro quartel do s\u00e9culo XXI tem-se caracterizado principalmente por um acelerado desenvolvimento tecnol\u00f3gico e por uma mudan\u00e7a radical no cen\u00e1rio geopol\u00edtico europeu e no ambiente de seguran\u00e7a internacional, facilitada pela globaliza\u00e7\u00e3o e pela dissemina\u00e7\u00e3o das tecnologias de informa\u00e7\u00e3o e comunica\u00e7\u00f5es, propiciadoras de fen\u00f3menos por vezes incontrol\u00e1veis \u00e0 escala mundial, incluindo o terrorismo transnacional, e com repercuss\u00e3o na \u201cvizinhan\u00e7a alargada\u201d estrat\u00e9gica da Europa.<\/p>\n\n\n\n

Sob o ponto de vista da seguran\u00e7a e defesa, a Europa enfrenta hoje principalmente quatro grandes desafios: (i) falta de vis\u00e3o estrat\u00e9gica de m\u00e9dio-longo prazo e aus\u00eancia de vontade pol\u00edtica para investir de forma sustentada, sistem\u00e1tica e coerente em defesa; (ii) amea\u00e7a h\u00edbrida de uma R\u00fassia mais assertiva e expansionista, sobretudo a Leste da Europa, com a crise da Ucr\u00e2nia e a anexa\u00e7\u00e3o da Crimeia, pretendendo recuperar o protagonismo imperial e a lideran\u00e7a perdidas depois do fim da Guerra Fria, com utiliza\u00e7\u00e3o da for\u00e7a militar na consecu\u00e7\u00e3o de objetivos pol\u00edticos, se necess\u00e1rio; (iii) conflitos regionais e instabilidade end\u00e9mica no flanco Sul, M\u00e9dio-Oriente e Sahel, com a implanta\u00e7\u00e3o e alastramento do Daesh, potenciando a exporta\u00e7\u00e3o do terrorismo transnacional, dando origem \u00e0s maiores vagas de migrantes, deslocados e refugiados desde a II Guerra Mundial e pondo em perigo a pr\u00f3pria coes\u00e3o e\u00a0\u201craison d\u2019\u00eatre\u201d\u00a0<\/em>do processo de constru\u00e7\u00e3o da Uni\u00e3o Europeia; (iv) insuficiente coopera\u00e7\u00e3o de seguran\u00e7a e defesa a n\u00edvel global e enormes vulnerabilidades em rela\u00e7\u00e3o aos desafios transnacionais e \u00e0 amea\u00e7a de ciberataques, sobretudo nos sistemas de comando e controlo, sistemas de informa\u00e7\u00f5es cr\u00edticos e infraestruturas cr\u00edticas.<\/p>\n\n\n\n

Com o\u00a0Daesh<\/em>, o terror instalou-se definitivamente mais perto da Europa, se n\u00e3o mesmo dentro da \u201cnossa casa\u201d. Por outro lado, como transpirou dos ataques terroristas em Paris (nov2015), com o grande fluxo de migrantes e em virtude de um sistema de identifica\u00e7\u00e3o e registo lento e ineficaz, n\u00e3o \u00e9 de descartar a possibilidade de infiltra\u00e7\u00e3o clandestina de ativistas radicais isl\u00e2micos[1]<\/a>.<\/p>\n\n\n\n

A resposta adequada a estes desafios e amea\u00e7as exige: (i) adapta\u00e7\u00e3o das organiza\u00e7\u00f5es e institui\u00e7\u00f5es de seguran\u00e7a e defesa tradicionais \u00e0s r\u00e1pidas mudan\u00e7as e transforma\u00e7\u00f5es em curso; (ii) desenvolvimento e implementa\u00e7\u00e3o de pol\u00edticas, instrumentos e mecanismos institucionais da UE, que promovam e facilitem a proje\u00e7\u00e3o de estabilidade para a sua \u201cvizinhan\u00e7a alargada\u201d, a Leste e a Sul; (iii) mais e melhor investimento em defesa, atrav\u00e9s de uma maior coopera\u00e7\u00e3o de defesa e aumento coordenado de capacidades militares; (iv) desenvolvimento de uma base tecnol\u00f3gica e industrial de defesa inovadora e competitiva, que a Europa est\u00e1 ainda longe de atingir.<\/p>\n\n\n\n

Surpreendentemente, a Europa n\u00e3o s\u00f3 n\u00e3o tem sido capaz de dar uma resposta adequada a estes novos fen\u00f3menos e desafios, nomeadamente no caso da crise migrat\u00f3ria, como tem evidenciado sinais preocupantes de poss\u00edvel desmembramento, debilidade e retrocesso do processo de constru\u00e7\u00e3o europeia, nos seus pilares fundamentais de solidariedade, integra\u00e7\u00e3o, coes\u00e3o e unidade.<\/p>\n\n\n\n

Depois de um longo per\u00edodo de contra\u00e7\u00e3o dos or\u00e7amentos de defesa na Europa e tamb\u00e9m nos EUA, com repercuss\u00e3o no desinvestimento em investiga\u00e7\u00e3o tecnol\u00f3gica de defesa, no aumento preocupante das lacunas capacitarias cr\u00edticas e na diminui\u00e7\u00e3o dos n\u00edveis de prontid\u00e3o para o combate e das compet\u00eancias tecnol\u00f3gicas e industriais de defesa, estamos finalmente a assistir a tempos de mudan\u00e7a, com uma invers\u00e3o da tend\u00eancia depressiva verificada j\u00e1 em 2015 e uma ligeira subida estimada para 2016. Ser\u00e1 uma invers\u00e3o de tend\u00eancia sustent\u00e1vel? Haver\u00e1 vis\u00e3o estrat\u00e9gica e vontade pol\u00edtica suficientes para se investir mais em inova\u00e7\u00e3o tecnol\u00f3gica e para atingir o objetivo-meta de 2% do PIB em despesas com defesa, h\u00e1 muito estabelecido na NATO e na UE e reiterado na Cimeira de Gales da NATO (4-5set2014)?[2]<\/a><\/p>\n\n\n\n

O empenhamento de for\u00e7as terrestres, a\u00e9reas e navais russas na Ge\u00f3rgia (2008), o reacender dos conflitos \u201ccongelados\u201d na Transn\u00edstria, Oss\u00e9tia do Sul e Abec\u00e1sia, a anexa\u00e7\u00e3o da Crimeia e a amea\u00e7a h\u00edbrida da R\u00fassia na Ucr\u00e2nia Oriental, assim como a interven\u00e7\u00e3o da R\u00fassia na crise da S\u00edria, constituem avisos s\u00e9rios das mudan\u00e7as geopol\u00edticas em curso e do novo paradigma estrat\u00e9gico da R\u00fassia, nos limites da \u00e1rea de responsabilidade da NATO.<\/p>\n\n\n\n

Assim, com a press\u00e3o amea\u00e7adora da R\u00fassia a Leste, por um lado e o terror e o caos instalado na vizinhan\u00e7a do Mediterr\u00e2neo Oriental e Sahel, por outro, poder-se-\u00e1 antecipar um futuro de grande conflituosidade, instabilidade e incerteza para a seguran\u00e7a da Europa, com incid\u00eancia direta na seguran\u00e7a dos cidad\u00e3os europeus. Neste cen\u00e1rio, a seguran\u00e7a da Europa depender\u00e1 fundamentalmente da capacidade da NATO e da UE de projetarem estabilidade para al\u00e9m das suas pr\u00f3prias fronteiras[3]<\/a>.<\/p>\n\n\n\n

Podemos assim dizer que a seguran\u00e7a da Europa est\u00e1 hoje muito mais amea\u00e7ada, precisamente num momento em que a resposta europeia se encontra mais enfraquecida economicamente e fragmentada moral e politicamente[4]<\/a>. Isto acontece ao mesmo tempo que os interesses estrat\u00e9gicos priorit\u00e1rios dos EUA est\u00e3o a deslocar-se da Europa para a regi\u00e3o \u00c1sia-Pac\u00edfico (piv\u00f4 estrat\u00e9gico dos EUA), onde a China, cujo poder naval tem aumentado significativamente, constitui um risco crescente para a estabilidade internacional e para a seguran\u00e7a da navega\u00e7\u00e3o mar\u00edtima, sobretudo nos reiteradamente disputados Mares do Sul da China.<\/p>\n\n\n\n

Por outro lado, paradoxalmente, o \u201cpiv\u00f4\u201d estrat\u00e9gico dos EUA para a \u00c1sia-Pac\u00edfico for\u00e7ar\u00e1 inevitavelmente os europeus a tomarem a sua seguran\u00e7a e defesa mais seriamente, sem preju\u00edzo do papel determinante da NATO na defesa coletiva da Europa.<\/p>\n\n\n\n

Assim, a Europa ter\u00e1 de investir mais e melhor em defesa, para granjear credibilidade na cena internacional e continuar a ser um ator global relevante, fornecedor de seguran\u00e7a (em vez de um consumidor de seguran\u00e7a), e sobretudo para garantir a sua pr\u00f3pria seguran\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n

A adapta\u00e7\u00e3o da NATO aos novos desafios de seguran\u00e7a e a coopera\u00e7\u00e3o NATO-UE.<\/strong><\/p>\n\n\n\n

O novo quadro de amea\u00e7as, riscos e desafios transnacionais, incluindo o terrorismo e a chamada \u201camea\u00e7a h\u00edbrida\u201d russa[5]<\/sup><\/a>, tornou mais evidente do que nunca que a tradicional \u201cpartilha de trabalho\u201d entre NATO e UE (hard power versus soft power) <\/em>n\u00e3o \u00e9 coerente com as necessidades atuais da Europa em termos de seguran\u00e7a e defesa. Por isso, constatando-se que tanto a UE como a NATO est\u00e3o a desenvolver atividades e a\u00e7\u00f5es preventivas contra a \u201camea\u00e7a h\u00edbrida\u201d, a Alta Representante da UE, Federica Mogherini, prop\u00f4s a cria\u00e7\u00e3o de uma C\u00e9lula da UE contra as amea\u00e7as h\u00edbridas (EU Hybrid Fusion Cell), para intensificar a coordena\u00e7\u00e3o e troca de informa\u00e7\u00e3o entre os Estados-membros, real\u00e7ando simultaneamente a necessidade de uma maior coordena\u00e7\u00e3o, coopera\u00e7\u00e3o e di\u00e1logo UE-NATO[6]<\/a><\/p>\n\n\n\n

Na sequ\u00eancia da anexa\u00e7\u00e3o da Crimeia pela R\u00fassia e do agudizar da crise da Ucr\u00e2nia (abril de 2014), o Conselho do Atl\u00e2ntico Norte (NAC) emitiu um comunicado em que anunciava a decis\u00e3o de \u201csuspender toda a coopera\u00e7\u00e3o civil e militar entre a NATO e a R\u00fassia, embora o di\u00e1logo pol\u00edtico no quadro do Conselho NATO-R\u00fassia pudesse continuar, como necess\u00e1rio, para permitir a troca de informa\u00e7\u00e3o sobre a crise\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Na Cimeira de Gales (setembro de 2014)[7]<\/a>, em resposta aos novos desafios da R\u00fassia em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 Ucr\u00e2nia\/Crimeia e aos flancos Leste e Sul da Europa, a NATO reiterou a sua dimens\u00e3o de \u201chard power\u201d<\/em>, refor\u00e7ando a sua postura simultaneamente defensiva e dissuasora, o que levou o 1\u00ba Ministro da R\u00fassia, Dimitri Medved[8]<\/a>, a afirmar que se est\u00e1 a caminhar para uma nova \u201cguerra fria\u201d.<\/p>\n\n\n\n

De facto, desde a Cimeira de Gales, a NATO simplificou e agilizou o seu processo de tomada de decis\u00e3o pol\u00edtico-militar, procedeu \u00e0 adapta\u00e7\u00e3o, refor\u00e7o e fortalecimento do seu dispositivo e Plano de A\u00e7\u00e3o de Prontid\u00e3o[9]<\/a>, aumentando substancialmente a sua For\u00e7a de Resposta R\u00e1pida (NATO Response Force) para 40.000 militares (cerca de tr\u00eas vezes mais do que o efetivo anteriormente definido) e criou uma For\u00e7a Combinada de Muito Alta Prontid\u00e3o[10]<\/sup><\/a> (tamb\u00e9m designada por Spearhead Force)<\/em>, com a dimens\u00e3o aproximada de 5.000 homens e com uma prontid\u00e3o operacional de 48 horas, como parte da \u201cEuropean Reassurance Initiative\u201d. <\/em>Concomitantemente, intensificaram-se os exerc\u00edcios reais de grande envergadura da NATO \u2013 os maiores desde o fim da Guerra Fria \u2013 e assegurou-se uma maior presen\u00e7a das for\u00e7as da NATO em apoio aos Estados B\u00e1lticos e a outros pa\u00edses aliados a Leste e Sul[11]<\/sup><\/a>.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 previs\u00edvel que a 27\u00aa Cimeira da NATO, a realizar em Vars\u00f3via (8-9jul2016), constitua um marco hist\u00f3rico por duas raz\u00f5es essenciais: (i) as \u00faltimas for\u00e7as militares da NATO devem sair do Afeganist\u00e3o durante o corrente ano, deixando a NATO novamente perante a s\u00edndrome da redefini\u00e7\u00e3o da sua miss\u00e3o, \u00e0 semelhan\u00e7a do que aconteceu no in\u00edcio dos anos 1990s com o fim da Guerra Fria; (ii) em face da diversidade, gravidade e complexidade dos desafios e amea\u00e7as em jogo, os l\u00edderes dos 28 pa\u00edses Aliados ter\u00e3o de decidir e acordar sobre o papel e a futura dire\u00e7\u00e3o estrat\u00e9gica da Alian\u00e7a Atl\u00e2ntica, nomeadamente no que respeita ao D\u2019aesh e \u00e0 consequente exporta\u00e7\u00e3o de terrorismo transnacional[12]<\/a>.<\/p>\n\n\n\n

Por outro lado, estima-se que em Vars\u00f3via a postura simultaneamente defensiva e dissuasora manifestada em Gales, seja formalmente materializada[13]<\/sup><\/a> em rela\u00e7\u00e3o aos flancos Leste e Sul, assim como reiterada a vontade pol\u00edtica de um aprofundamento da coopera\u00e7\u00e3o NATO-UE, e da continua\u00e7\u00e3o do indispens\u00e1vel di\u00e1logo com a R\u00fassia[14]<\/a>.<\/p>\n\n\n\n

Esta presen\u00e7a refor\u00e7ada da NATO poder\u00e1 constituir uma \u201ccabe\u00e7a-de-ponte\u201d para futuros refor\u00e7os imediatos da NATO, se e quando necess\u00e1rio. Por outro lado, constituir\u00e1 tamb\u00e9m uma demostra\u00e7\u00e3o inequ\u00edvoca de que a NATO est\u00e1 preparada para responder a todo o espetro de amea\u00e7as, seja qual for a sua origem, refor\u00e7ar a defesa coletiva dos seus membros, participar na gest\u00e3o de crises e robustecer a seguran\u00e7a cooperativa.<\/p>\n\n\n\n

O efeito dissuasor da NATO e a complementaridade dos instrumentos e mecanismos da UE s\u00e3o essenciais no atual e futuro ambiente de seguran\u00e7a internacional, e constituem uma raz\u00e3o acrescida para a necessidade de refor\u00e7o da coopera\u00e7\u00e3o NATO-UE. Considerando que 23 dos 28 pa\u00edses Aliados s\u00e3o Estados-membros da UE, a chave est\u00e1 pois na complementaridade da a\u00e7\u00e3o dos instrumentos, mecanismos, estruturas e organiza\u00e7\u00f5es existentes, ultrapassando as tradicionais divis\u00f5es artificiais que j\u00e1 n\u00e3o correspondem \u00e0 realidade.<\/p>\n\n\n\n

Oxal\u00e1 a Estrat\u00e9gia Global de pol\u00edtica externa e seguran\u00e7a da UE, a aprovar numa pr\u00f3xima reuni\u00e3o do Conselho Europeu, constitua uma pe\u00e7a fundamental para a clarifica\u00e7\u00e3o do papel da Europa na seguran\u00e7a e defesa europeia, assim como no refor\u00e7o do elo transatl\u00e2ntico e da indispens\u00e1vel coopera\u00e7\u00e3o NATO-UE!<\/p>\n\n\n\n

Dada a import\u00e2ncia e oportunidade da Cimeira de Vars\u00f3via os Ministros da Defesa de Espanha, Fran\u00e7a, It\u00e1lia e Portugal estiveram reunidos no dia 12 de maio de 2016, em Toulon-Fran\u00e7a, para concertar posi\u00e7\u00f5es sobre v\u00e1rios pontos da agenda da Cimeira de interesse especial para o flanco Sul, nomeadamente terrorismo global, seguran\u00e7a mar\u00edtima em especial no Mediterr\u00e2neo e refor\u00e7o da coopera\u00e7\u00e3o NATO-UE.<\/p>\n\n\n

\n
\"Esta<\/figure><\/div>\n\n\n

Augusto de Jesus Melo Correia<\/strong>
Vice-Presidente da Direc\u00e7\u00e3o<\/p>\n\n\n\n

[1]<\/a> No per\u00edodo de 20 de julho a 30 de novembro de 2015 quase 500.000 migrantes chegaram \u00e0 Gr\u00e9cia em catadupas, dos quais apenas 121.000 foram sumariamente identificados atrav\u00e9s de impress\u00f5es digitais, o que \u00e9 insuficiente em termos de requisitos necess\u00e1rios para acesso ao direito de asilo. A constata\u00e7\u00e3o desta vulnerabilidade sob o ponto Angeliki Dimitriadi, \u201cThe European border guard: New in name only?\u201d, European Council on Foreign Relations, 02June2016. de vista humanit\u00e1rio e de seguran\u00e7a europeia esteve no centro da decis\u00e3o do Conselho e Parlamento Europeu, tendo em vista a cria\u00e7\u00e3o da \u201cEuropean Border and Coast Guard Agency\u201d (EBCG), que absorver\u00e1 a Frontex, com um mandato mais amplo e com mais poderes e dotada de mais meios financeiros, pessoal e equipamento. Mantem-se, no entanto, o primado da responsabilidade nacional e coopera\u00e7\u00e3o dos Estados-membros quanto ao exerc\u00edcio do controlo das fronteiras externas da UE.<\/p>\n\n\n\n

[2]<\/a> Em confer\u00eancia de imprensa de 13 de junho de 2016, o Secret\u00e1rio-Geral da NATO, Jens Stoltenberg, informou que a m\u00e9dia atual de disp\u00eandios com a defesa na NATO situa-se em 1,5% do PIB, com uma ligeira tend\u00eancia para aumentar at\u00e9 ao fim do corrente ano.<\/p>\n\n\n\n

[3]<\/a>  \u201cSe os nossos vizinhos estiverem mais est\u00e1veis, n\u00f3s estaremos mais seguros\u201d, discurso do Secret\u00e1rio-Geral da NATO, Jens Stoltenberg, Universidade de Vars\u00f3via, 31May2016.<\/p>\n\n\n\n

[4]<\/a> \u201cA Uni\u00e3o Europeia enfrenta uma amea\u00e7a existencial com origem no interior das nossas fronteiras\u2026\u201d, Federica Mogherini, Alta Representante da EU, 09mai2016.<\/p>\n\n\n\n

[5]<\/a> Para uma defini\u00e7\u00e3o institucional de \u201camea\u00e7a hibrida\u201d ver: Joint Communication on Countering Hybrid<\/p>\n\n\n\n

Threats, (JOIN (2016) 18 final, 6April2016), Conclus\u00f5es do Conselho de 19 de abril de 2016, Conclus\u00f5es do Conselho sobre Pol\u00edtica Comum de Seguran\u00e7a e Defesa de maio de 2015 (Consilium 8971\/15), Conclus\u00f5es Conselho Europeu de junho de 2015 e NATO\u2019s Response to Hybrid Threats, Guillaume Lasconjarias e Jeffrey A. Larsen, NATO Defense College, 2015. Para mais informa\u00e7\u00e3o sobre \u201cguerra hibrida\u201d recomenda-se: Hoffman, F. \u201cHybrid Warfare and Challenges\u201d, Joint Force Quarterly, Issue. 52, 1st Quarter, 2009; Hoffman, F. \u201cFurther Thougts on Hybrid Threats\u201d, Small Wars Journal, 2009; Glenn, R. \u201cThoughts on Hybrid Conflicts\u201d, Small Wars Journal, 2009; McCuen, J. \u201cHybrid Wars\u201d, Military Review, March-April 2008; Stuart Lyle, \u201cMaoism versus Hybrid theory \u2013 Is the military being distracted by this doctrinal buzz-word?\u201d, UK Defence Forum, Dec 2011.<\/p>\n\n\n\n

[6]<\/a> Numa confer\u00eancia de imprensa conjunta com a Alta Representante da UE, Federica Mogherini, o Secret\u00e1rio-Geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou recentemente que as rela\u00e7\u00f5es NATO-UE<\/p>\n\n\n\n

progrediram mais nestes \u00faltimos 3 anos do que nos 13 anos anteriores, tendo sido acordadas iniciativas conjuntas sobre \u201cguerra h\u00edbrida\u201d, ciberseguran\u00e7a e seguran\u00e7a mar\u00edtima.<\/p>\n\n\n\n

[7]<\/a> Na sequ\u00eancia da Cimeira de Gales um comunicado da NATO referia explicitamente, pela primeira vez, que um ciberataque poderia levar \u00e0 invoca\u00e7\u00e3o do Art\u00ba 5\u00ba, sendo a correspondente decis\u00e3o tomada pelo Conselho do Atl\u00e2ntico Norte.<\/p>\n\n\n\n

[8]<\/a> Confer\u00eancia de Seguran\u00e7a, Munique, 12-13 Fev2016.<\/p>\n\n\n\n

\u201cNATO does not seek confrontation with Russia. We don\u2019t want a new Cold War. We don\u2019t want a new arms race\u201d. Discurso do Secret\u00e1rio-Geral da NATO na Universidade de Vars\u00f3via, 31May2016.<\/p>\n\n\n\n

[9]<\/a> NATO, NATO Readiness Action Plan-Fact Sheet, May2015, www.aco.nato.int\/readiness-actionplan.aspx<\/a><\/p>\n\n\n\n

[10]<\/a> NATO, Very High Readiness JointTask Force-Fact Sheet, 9 March 2016, www.aco.nato.int\/page349011837.aspx<\/a><\/p>\n\n\n\n

[11]<\/a> Miss\u00e3o permanente de \u201cpoliciamento a\u00e9reo\u201d de for\u00e7as a\u00e9reas da NATO para defesa do espa\u00e7o a\u00e9reo dos pa\u00edses b\u00e1lticos (Est\u00f3nia, Let\u00f3nia, Litu\u00e2nia), em que Portugal tem participado regularmente com um destacamento de F-16.<\/p>\n\n\n\n

Pre-posicionamento de equipamento, muni\u00e7\u00f5es e infraestruturas e cria\u00e7\u00e3o e ativa\u00e7\u00e3o de 8 novos pequenos quart\u00e9is-generais para planeamento, comando, treino e, se necess\u00e1rio, refor\u00e7o de for\u00e7as integradas no flanco leste da NATO, assim como m\u00edsseis antim\u00edsseis e antia\u00e9reos na Turquia.<\/p>\n\n\n\n

S\u00e3o in\u00fameros os Exerc\u00edcios reais de grande envergadura (os maiores desde o fim da \u201cguerra fria\u201d) realizados pela NATO no \u00e2mbito da doutrina European Reassurance Initiative. <\/em>A t\u00edtulo de exemplo, cita-se o Exerc\u00edcio Trident Juncture 2015, que se desenvolveu entre 3out e 6 nov, tendo sido o maior Exerc\u00edcio da NATO p\u00f3s Guerra Fria, envolvendo 36.000 militares de 30 pa\u00edses (28 Aliados, mais parceiros), incluindo Portugal.<\/p>\n\n\n\n

[12]<\/a> Numa confer\u00eancia de imprensa em 13 de junho de 2016, o Secret\u00e1rio-Geral da NATO informou que em Vars\u00f3via a NATO ir\u00e1 considerar a possibilidade de apoiar a Coliga\u00e7\u00e3o Internacional contra o D\u2019aesh com meios AEWCS (Airborne Early Warning and Control System).<\/p>\n\n\n\n

[13]<\/a> Em fevereiro de 2016 e em junho de 2016 o Conselho de Defesa da NATO (NATO Defence Council), no seu formato de Ministros da Defesa, decidiu refor\u00e7ar a presen\u00e7a avan\u00e7ada de for\u00e7as da NATO (presumivelmente n\u00edvel batalh\u00e3o) nos pa\u00edses do leste da Alian\u00e7a mais expostos \u00e0 amea\u00e7a russa (coloca\u00e7\u00e3o de 4 batalh\u00f5es nos tr\u00eas pa\u00edses b\u00e1lticos e na Pol\u00f3nia), de forma a deixar claro que qualquer viola\u00e7\u00e3o das suas fronteiras n\u00e3o \u00e9 uma op\u00e7\u00e3o. Estima-se que em Vars\u00f3via seja tomada a decis\u00e3o final quanto \u00e0 forma, grau e composi\u00e7\u00e3o desta for\u00e7a avan\u00e7ada refor\u00e7ada, que incluir\u00e1 o pre-posicionamento, de pessoal (em regime de rota\u00e7\u00e3o peri\u00f3dica), equipamento e infraestruturas.<\/p>\n\n\n\n

Na sua recente visita \u00e0 Pol\u00f3nia o Secret\u00e1rio-Geral da NATO, Jens Stoltenberg, informou que este refor\u00e7o do leste da Alian\u00e7a n\u00e3o tem um car\u00e1cter ofensivo contra a R\u00fassia. Discurso do Secret\u00e1rio-Geral da NATO, \u201cThe Warsaw Summit: Strengthening NATO in turbulent times\u201d, Universidade de Vars\u00f3via, 31May2016.<\/p>\n\n\n\n

Entretanto, os EUA anunciaram que ir\u00e3o aumentar a sua presen\u00e7a na Europa em apoio da Alian\u00e7a, no quadro da \u201cEuropean Reassurance Initiative\u201d, tendo para o efeito quadruplicado o seu or\u00e7amento (3,4MM US$ em 2017).<\/p>\n\n\n\n

[14]<\/a> A primeira reuni\u00e3o do Conselho NATO-R\u00fassia ap\u00f3s a crise da Ucr\u00e2nia teve lugar em 20 de abril de 2016, cujas conclus\u00f5es real\u00e7am a natureza \u201cfranca e s\u00e9ria\u201d das discuss\u00f5es e constatam que \u201ca NATO e a R\u00fassia t\u00eam desacordos profundos e persistentes que n\u00e3o se alteraram\u201d. Uma outra importante conclus\u00e3o deste Conselho NATO-R\u00fassia foi a \u201cnecessidade de se continuarem os esfor\u00e7os no sentido da implementa\u00e7\u00e3o dos Acordos de Minsk\u201d.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

O primeiro quartel do s\u00e9culo XXI tem-se caracterizado principalmente por um acelerado desenvolvimento tecnol\u00f3gico e por uma mudan\u00e7a radical no cen\u00e1rio geopol\u00edtico europeu e no ambiente de seguran\u00e7a internacional, facilitada pela globaliza\u00e7\u00e3o e pela dissemina\u00e7\u00e3o das tecnologias de informa\u00e7\u00e3o e comunica\u00e7\u00f5es, propiciadoras de fen\u00f3menos por vezes incontrol\u00e1veis \u00e0 escala mundial, incluindo o terrorismo transnacional, e… Ler mais »Determinantes do novo ambiente de seguran\u00e7a internacional<\/span><\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":2955,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"neve_meta_sidebar":"","neve_meta_container":"","neve_meta_enable_content_width":"","neve_meta_content_width":0,"neve_meta_title_alignment":"","neve_meta_author_avatar":"","neve_post_elements_order":"","neve_meta_disable_header":"","neve_meta_disable_footer":"","neve_meta_disable_title":""},"categories":[17],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/132"}],"collection":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=132"}],"version-history":[{"count":6,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/132\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":9693,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/132\/revisions\/9693"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media\/2955"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=132"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=132"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=132"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}