{"id":192,"date":"2017-04-18T09:52:43","date_gmt":"2017-04-18T09:52:43","guid":{"rendered":"https:\/\/eurodefense.pt\/?p=192"},"modified":"2021-02-11T18:22:40","modified_gmt":"2021-02-11T18:22:40","slug":"a-guarda-nacional-republicana-uma-forca-singular","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/eurodefense.pt\/a-guarda-nacional-republicana-uma-forca-singular\/","title":{"rendered":"A Guarda Nacional Republicana, uma for\u00e7a singular"},"content":{"rendered":"\n

Inicio esta breve interven\u00e7\u00e3o que subordinei ao t\u00edtulo \u201cA Guarda Nacional Republicana, uma for\u00e7a singular\u201d, recorrendo ao texto da defini\u00e7\u00e3o legal da Guarda inserido na sua Lei Org\u00e2nica. Embora n\u00e3o o considere como o mais feliz, como adiante terei oportunidade de referir, considero-o suficientemente expl\u00edcito para dar uma ideia muito assertiva do que \u00e9 hoje esta \u201cFor\u00e7a Militar de Seguran\u00e7a\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Assim, o artigo primeiro da LOGNR define a Guarda como \u201cuma for\u00e7a de seguran\u00e7a de natureza militar, constitu\u00edda por militares, organizados num corpo especial de tropas, dotada de autonomia administrativa\u201d.<\/p>\n\n\n\n

No mesmo dispositivo legal, encontramos de forma abrangente a miss\u00e3o que lhe est\u00e1 atribu\u00edda, expressa nos seguintes termos:<\/p>\n\n\n\n

\u201cA Guarda tem por miss\u00e3o, no \u00e2mbito dos sistemas nacionais de seguran\u00e7a e prote\u00e7\u00e3o, assegurar a legalidade democr\u00e1tica, garantir a seguran\u00e7a interna e os direitos dos cidad\u00e3os, bem como colaborar na execu\u00e7\u00e3o da pol\u00edtica de defesa nacional, nos termos da Constitui\u00e7\u00e3o e da lei\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Esta Lei Org\u00e2nica estabelece ainda que a Guarda tem dupla depend\u00eancia dos respons\u00e1veis governamentais das \u00e1reas da Administra\u00e7\u00e3o Interna (MAI) e da Defesa Nacional (MDN), para al\u00e9m de que as suas for\u00e7as podem ser colocadas sob comando operacional do Chefe do Estado-Maior General das For\u00e7as Armadas (CEMGFA).<\/p>\n\n\n\n

(Penso que, aqui, se poderia fazer uma referencia ao PR).<\/p>\n\n\n\n

Os dispositivos antes referidos, cont\u00eam elementos bastantes que nos permitem afirmar a singularidade da GNR no sistema de for\u00e7as nacional, como tentarei seguidamente, explicitar melhor.<\/p>\n\n\n\n

For\u00e7a de natureza militar<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Da sua defini\u00e7\u00e3o decorre que a Guarda \u00e9 uma \u201cFor\u00e7a de Natureza militar\u201d, embora inserida no conjunto das \u201cfor\u00e7as e servi\u00e7os que exercem fun\u00e7\u00f5es de seguran\u00e7a interna\u201d. Esta \u00e9 a primeira singularidade, pois a GNR, \u00e9 a \u00fanica for\u00e7a deste conjunto que tem natureza militar.<\/p>\n\n\n\n

Igualmente \u00fanico, no seio dos elementos que constituem as \u201cfor\u00e7as e servi\u00e7os que exercem fun\u00e7\u00f5es de seguran\u00e7a interna\u201d, \u00e9 o estatuto dos seus militares, face a todos os restantes que s\u00e3o civis.<\/p>\n\n\n\n

Um terceiro elemento caracterizador que encontramos na defini\u00e7\u00e3o legal da Guarda e que constitui mais uma particularidade, \u00e9 a sua organiza\u00e7\u00e3o num \u201ccorpo especial de tropas\u201d. Que dito de outra forma, significa que a GNR \u00e9 um corpo militar, mas com uma miss\u00e3o especial, a de seguran\u00e7a, o que a diferencia dos restantes corpos militares \u2013 as For\u00e7as Armadas.<\/p>\n\n\n\n

Assim, destas particularidades decorre que a GNR enquanto Institui\u00e7\u00e3o, possui uma natureza \u00fanica, dado n\u00e3o se confundir, nem com as For\u00e7as Armadas, nem com as pol\u00edcias. Porque sendo um corpo militar n\u00e3o faz parte das For\u00e7as Armadas, e porque tendo fun\u00e7\u00f5es policiais n\u00e3o \u00e9 uma Pol\u00edcia.<\/p>\n\n\n\n

Os seus militares, embora sujeitos \u00e0 condi\u00e7\u00e3o militar, possuem simultaneamente a qualidade de agentes da autoridade e de \u00f3rg\u00e3os de pol\u00edcia criminal, o que os diferencia dos militares das For\u00e7as Armadas. Sendo agentes da autoridade e de \u00f3rg\u00e3os de pol\u00edcia criminal n\u00e3o se tornam iguais a pol\u00edcias devido \u00e0 sua forma\u00e7\u00e3o e prepara\u00e7\u00e3o militar e \u00e0s exig\u00eancias e restri\u00e7\u00f5es estatut\u00e1rias que lhes s\u00e3o aplicadas, consequ\u00eancia da sua condi\u00e7\u00e3o militar.<\/p>\n\n\n\n

Aqui chegados, voltarei ao in\u00edcio para justificar a afirma\u00e7\u00e3o, de que o atual texto legal definidor da Guarda n\u00e3o foi o mais feliz: \u201cuma for\u00e7a de seguran\u00e7a de natureza militar\u201d.<\/p>\n\n\n\n

A Guarda de hoje teve a sua origem na Guarda Real da Pol\u00edcia que era um corpo militar com fun\u00e7\u00f5es de pol\u00edcia, \u201cformada pelos melhores soldados escolhidos em todo o Ex\u00e9rcito \u2026 por serem as fun\u00e7\u00f5es a que se destinam mais penosas ainda que as da Guerra<\/em>\u201d, com uma organiza\u00e7\u00e3o decalcada do modelo militar, duplamente dependente dos ministros da guerra e do reino, ao que acrescia o facto de aos seus membros se lhe aplicar a justi\u00e7a castrense.<\/p>\n\n\n\n

Ora todos estes elementos, permaneceram praticamente imut\u00e1veis ao longo de mais de 200 anos de hist\u00f3ria, sendo suficientemente diferenciadores e identit\u00e1rios para nos permitirem afirmar constitu\u00edrem o seu ADN. Foi precisamente a este ADN que se lhe acrescentou uma fun\u00e7\u00e3o, a policial, da\u00ed entender que a atual defini\u00e7\u00e3o da Guarda, n\u00e3o foi a mais feliz e que deveria ser corrigida com base naqueles elementos, optando pela seguinte f\u00f3rmula: \u201ca GNR \u00e9 uma for\u00e7a militar de seguran\u00e7a\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Desta imprecis\u00e3o decorrem muitas vezes equ\u00edvocos e incompreens\u00f5es, dos decisores pol\u00edticos e da opini\u00e3o publicada, que consomem tempo e recursos na sua retifica\u00e7\u00e3o, criam desconhecimento, confus\u00e3o e desconfian\u00e7as que n\u00e3o servem a ningu\u00e9m, gerando condi\u00e7\u00f5es de falta de equidade e de falta de imparcialidade, por ser tratado de modo igual aquilo que \u00e9 diferente.<\/p>\n\n\n\n

Interdepend\u00eancia entre seguran\u00e7a interna e a defesa nacional<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Igualmente, a aprova\u00e7\u00e3o do novo Conceito Estrat\u00e9gico de Defesa Nacional, tamb\u00e9m aponta para uma maior interdepend\u00eancia entre a seguran\u00e7a interna e a defesa nacional, e para a complementaridade que dever\u00e1 existir entre todas as suas componentes.<\/p>\n\n\n\n

Ora a GNR, enquanto \u00fanica for\u00e7a que integra simultaneamente os sistemas nacionais de seguran\u00e7a, prote\u00e7\u00e3o e defesa \u00e9 a for\u00e7a que se encontra melhor posicionada para corporizar os princ\u00edpios e inten\u00e7\u00f5es enunciadas.<\/p>\n\n\n\n

A estas circunst\u00e2ncias, acresce a situa\u00e7\u00e3o dif\u00edcil das nossas finan\u00e7as p\u00fablicas e da emerg\u00eancia econ\u00f3mico-financeira em que vivemos, que implicam grande escrut\u00ednio e parcim\u00f3nia dos gastos p\u00fablicos, conjuga\u00e7\u00e3o de factos que vem refor\u00e7ar a import\u00e2ncia da Guarda nos sistemas nacionais e internacionais, pelas mais-valias que a sua polival\u00eancia oferece e que a condi\u00e7\u00e3o militar dos seus elementos aporta.<\/p>\n\n\n\n

A Guarda, merc\u00ea da singularidade assinalada, constitui-se como a for\u00e7a de charneira, entre as Pol\u00edcias e as For\u00e7as Armadas, complementando-as de acordo com a situa\u00e7\u00e3o, o que lhe reserva um lugar \u00edmpar no seio do sistema de seguran\u00e7a e defesa.<\/p>\n\n\n\n

O seu posicionamento permite-lhe fazer, eficiente e eficazmente, a transi\u00e7\u00e3o entre situa\u00e7\u00f5es de normalidade e de conflito, sem sobressaltos ou quebras de continuidade, atrav\u00e9s do emprego progressivo de meios, evitando rupturas ou descontinuidades na a\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

As suas caracter\u00edsticas de for\u00e7a militar com fun\u00e7\u00f5es de seguran\u00e7a, d\u00e3o-lhe uma polival\u00eancia que permite ao decisor pol\u00edtico uma capacidade alargada do seu emprego, situa\u00e7\u00e3o irrefut\u00e1vel nas recentes opera\u00e7\u00f5es no estrangeiro, de que constituem exemplos, as interven\u00e7\u00f5es no Iraque, em Timor, no Kosovo ou no Afeganist\u00e3o, sob a \u00e9gide da Organiza\u00e7\u00e3o do Tratado do Atl\u00e2ntico Norte, da Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas ou da Uni\u00e3o Europeia.<\/p>\n\n\n\n

Para al\u00e9m destas opera\u00e7\u00f5es de gest\u00e3o de crises, nos \u00e2mbitos das Na\u00e7\u00f5es Unidas e de outras Organiza\u00e7\u00f5es e Alian\u00e7as de que Portugal faz parte, a internacionaliza\u00e7\u00e3o da GNR opera-se tamb\u00e9m, ao n\u00edvel de participa\u00e7\u00e3o ativa e empenhada na FIEP e na EGF.<\/p>\n\n\n\n

A FIEP \u2013 uma Associa\u00e7\u00e3o de For\u00e7as Militares de Seguran\u00e7a englobando for\u00e7as policiais de estatuto militar e gendarmeries, das regi\u00f5es europeia e mediterr\u00e2nica, com o objetivo de alargar e fortalecer os la\u00e7os m\u00fatuos, promover uma reflex\u00e3o inovadora e profunda sobre as formas de coopera\u00e7\u00e3o policial e a valoriza\u00e7\u00e3o dos modelos organizativos e estruturais \u2013 \u00e9 constitu\u00edda atualmente pelos seguintes membros: La Gendarmerie Nationale, Fran\u00e7a; Carabinieri, It\u00e1lia; La Gendarmerie Royal, Marrocos; Koninklijke Marechaussee, Holanda; Guarda Nacional Republicana, Portugal; Gendarmerie, Rom\u00e9nia; La Guardia Civil, Espanha; Jandarma, Turquia; Darak Forces, Jord\u00e2nia. E tem como membros associados a Gendarmer\u00eda, Argentina, e os Carabineros de Chile, Chile.<\/p>\n\n\n\n

A European Gendarmerie Force \u2013 mais conhecida por \u201cEurogendfor\u201d ou EGF, estabelecida por tratado com a finalidade de fortalecer as capacidades europeias de gest\u00e3o de crises internacionais e contribuir para o desenvolvimento da Pol\u00edtica Comum de Seguran\u00e7a e Defesa (PCSD) da Uni\u00e3o Europeia \u2013 \u00e9 uma iniciativa de 6 membros da Uni\u00e3o Europeia \u2013 Fran\u00e7a, It\u00e1lia, Holanda, Portugal, Rom\u00e9nia e Espanha, \u00e0s quais se uniram, mais recentemente a Pol\u00f3nia e a Litu\u00e2nia como parceiros, e a Turquia como pa\u00eds candidato a membro da EU, com o estatuto de observador.<\/p>\n\n\n\n

GNR: membro de pleno direito de redes europeias e internacionais de for\u00e7as de seguran\u00e7a<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Igualmente a GNR \u00e9 tamb\u00e9m a \u00fanica for\u00e7a de seguran\u00e7a nacional membro de pleno direito de diversas redes europeias e internacionais de for\u00e7as de seguran\u00e7a com interesse focalizado nas redes de transportes, que organizam opera\u00e7\u00f5es de fiscaliza\u00e7\u00e3o coordenadas, forma\u00e7\u00e3o e treino, difus\u00e3o de boas-pr\u00e1ticas e troca de experi\u00eancias. Disto s\u00e3o exemplo as redes europeias de for\u00e7as de seguran\u00e7a TISPOL (rodovi\u00e1rio), RAILPOL (ferrovi\u00e1rio) e AQUAPOL (aqu\u00e1tica).<\/p>\n\n\n\n

Muito ainda poderia dizer em termos da coopera\u00e7\u00e3o internacional da Guarda, quer ao n\u00edvel bilateral, por exemplo com a Guardia Civil ou com a Gendarmerie Nationale, quer multinacional, com a EUROPOL, a OLAF, a FRONTEX, a CEPOL, a IMPEL, ou a EUROMED, entre outras. Hoje em dia estas coopera\u00e7\u00f5es ao n\u00edvel europeu s\u00e3o essenciais para combater os fen\u00f3menos criminais transnacionais, numa era da globaliza\u00e7\u00e3o do crime e da inseguran\u00e7a, mas \u00e9 sobretudo em territ\u00f3rio nacional que a polival\u00eancia e flexibilidade da Guarda se manifestam no quotidiano, como decorre das suas m\u00faltiplas val\u00eancias que v\u00e3o desde o policiamento de proximidade \u00e0 prote\u00e7\u00e3o e seguran\u00e7a de instala\u00e7\u00f5es dos \u00f3rg\u00e3os de soberania, passando pela manuten\u00e7\u00e3o e restabelecimento da ordem p\u00fablica, pela fiscaliza\u00e7\u00e3o e seguran\u00e7a rodovi\u00e1ria, pelo controlo costeiro, pelas honras de estado, ou pelas miss\u00f5es de \u00e2mbito tribut\u00e1rio, nos \u00e2mbitos fiscal e aduaneiro, de prote\u00e7\u00e3o da natureza e ambiente, para s\u00f3 citar algumas.<\/p>\n\n\n\n

A t\u00edtulo de exemplo, em rela\u00e7\u00e3o ao controlo costeiro conv\u00e9m referir a altera\u00e7\u00e3o do paradigma com a entrada em produ\u00e7\u00e3o, ainda este ano, do Sistema Integrado de Vigil\u00e2ncia, Comando e Controlo da Costa Portuguesa que se destina a garantir a vigil\u00e2ncia da \u00e1rea compreendida entre a linha de costa e uma dist\u00e2ncia m\u00ednima entre as 12 e as 24 MN, . O Sistema permitir\u00e1 a dete\u00e7\u00e3o e seguimento das atividades \u00edlicitas ao longo da costa portuguesa, nomeadamente: tr\u00e1fico de estupefacientes; circula\u00e7\u00e3o irregular de mercadorias; emigra\u00e7\u00e3o irregular; contrabando; crimes ambientais; outras actividades n\u00e3o legais; ou mesmo apoiar em miss\u00f5es de busca e salvamento (SAR).<\/p>\n\n\n\n

Com o Servi\u00e7o de Prote\u00e7\u00e3o da Natureza e Ambiente (o SEPNA), a Guarda veio preencher uma lacuna do pa\u00eds nesta \u00e1rea estrat\u00e9gica como entidade policial ambiental com compet\u00eancia exclusiva em todo o territ\u00f3rio nacional de prote\u00e7\u00e3o da natureza e ambiente. \u00c9 hoje respons\u00e1vel pela preven\u00e7\u00e3o e investiga\u00e7\u00e3o de crimes ambientais, como os de inc\u00eandio florestal, de danos contra a natureza ou de polui\u00e7\u00e3o. Entre muitas outras fun\u00e7\u00f5es \u00e9 respons\u00e1vel pela coordena\u00e7\u00e3o das a\u00e7\u00f5es de preven\u00e7\u00e3o, vigil\u00e2ncia, dete\u00e7\u00e3o e fiscaliza\u00e7\u00e3o de inc\u00eandios florestais em todo o pa\u00eds. Tem ainda a responsabilidade de fazer toda a investiga\u00e7\u00e3o das causas dos inc\u00eandios, bem como da medi\u00e7\u00e3o das \u00e1reas ardidas, para al\u00e9m de ter a . seu cargo, a fiscaliza\u00e7\u00e3o da posse e venda de animais e plantas protegidos e do  com\u00e9rcio de esp\u00e9cies amea\u00e7adas, ao abrigo da conven\u00e7\u00e3o internacional CITES.<\/p>\n\n\n\n

A Guarda tem sabido permanentemente transformar-se, atualizar-se e dar resposta aos novos desafios que se v\u00e3o colocando ao pa\u00eds. E se tal sucedeu com a concep\u00e7\u00e3o e ativa\u00e7\u00e3o do SEPNA da mesma forma, em meados de 2000, face \u00e0 necessidade de colmatar uma lacuna nacional para fazer face a situa\u00e7\u00f5es de emerg\u00eancia de prote\u00e7\u00e3o e socorro, designadamente nas ocorr\u00eancias de inc\u00eandios florestais ou de mat\u00e9rias perigosas, cat\u00e1strofes ou acidentes graves, com a cria\u00e7\u00e3o do Grupo de Interven\u00e7\u00e3o, Prote\u00e7\u00e3o e Socorro (GIPS).<\/p>\n\n\n\n

Hoje em dia, em mais de metade do territ\u00f3rio nacional, a primeira interven\u00e7\u00e3o em fogos florestais \u00e9 da responsabilidade desta unidade da Guarda com uma taxa de sucesso consolidada de mais de 97%. Mas a sua atua\u00e7\u00e3o \u00e9 transversal, uma vez que os seus meios s\u00e3o igualmente empenhados em miss\u00f5es de car\u00e1cter preventivo, em a\u00e7\u00f5es de patrulhamento e de sensibiliza\u00e7\u00e3o. Para al\u00e9m do mais a Guarda, ao n\u00edvel da Prote\u00e7\u00e3o e Socorro tem ainda meios e capacidades de atua\u00e7\u00e3o ao n\u00edvel da busca e salvamento, designadamente em montanha.<\/p>\n\n\n\n

No \u00e2mbito da Prote\u00e7\u00e3o Civil, para al\u00e9m do j\u00e1 referido anteriormente, cabe real\u00e7ar o papel de apoio \u00e0s popula\u00e7\u00f5es em situa\u00e7\u00f5es de crise e a capacidade de interven\u00e7\u00e3o em situa\u00e7\u00f5es de emerg\u00eancia nomeadamente amea\u00e7as terroristas e outras envolvendo mat\u00e9rias perigosas, sismos, inunda\u00e7\u00f5es e outras cat\u00e1strofes.<\/p>\n\n\n\n

Investiga\u00e7\u00e3o criminal<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Por outro lado, decorrente da Lei da Organiza\u00e7\u00e3o da Investiga\u00e7\u00e3o criminal (LOIC) de 2000, assumiu desde h\u00e1 mais de uma d\u00e9cada a responsabilidade de investiga\u00e7\u00e3o de mais de 80% dos crimes praticados na sua \u00e1rea de responsabilidade. Neste aspeto, a Guarda disp\u00f5e de um n\u00famero significativo de militares qualificados nas diversas vertentes da investiga\u00e7\u00e3o criminal e, que sob a direc\u00e7\u00e3o funcional do Minist\u00e9rio P\u00fablico, t\u00eam permitido atingir resultados muito importantes no combate \u00e0 criminalidade.<\/p>\n\n\n\n

.A sua cultura, organiza\u00e7\u00e3o, forma\u00e7\u00e3o e treino militares, conferem-lhe capacidades de mobilidade, flexibilidade, modulariza\u00e7\u00e3o, prontid\u00e3o, disponibilidade, disciplina e coes\u00e3o que aconselham a que se lhe atribuam as miss\u00f5es mais exigentes e de maior risco no \u00e2mbito da seguran\u00e7a interna, assim como todas as que possam ter conex\u00e3o com as fun\u00e7\u00f5es de soberania, raz\u00e3o porque o seu dispositivo de quadr\u00edcula, com mais de 500 Postos espalhados e militares por todo o territ\u00f3rio nacional, desde a aldeia mais rec\u00f4ndita do norte \u00e0 afastada ilha do Corvo, do Santu\u00e1rio de F\u00e1tima at\u00e9 \u00e0 tur\u00edstica Vilamoura, constitui muitas vezes, a \u00fanica presen\u00e7a soberana do Estado, realidade nem sempre tida em considera\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

O modelo da Gendarmerie<\/em> est\u00e1 muito longe de estar esgotado. Em Portugal, na Europa e no Mundo. Mesmo em pa\u00edses anglo-sax\u00f3nicos, como a Inglaterra e os Estados-Unidos, cuja tradi\u00e7\u00e3o, cultura e hist\u00f3ria se afastam deste modelo, come\u00e7ou finalmente a ser estudado e considerado como uma alternativa interessante para combater as amea\u00e7as e os riscos associados com a globaliza\u00e7\u00e3o das economias, do crime organizado transnacional ao emprego operacional em miss\u00f5es internacionais de gest\u00e3o de crises e, simultaneamente, fornecer seguran\u00e7a \u00e0s suas popula\u00e7\u00f5es e ao territ\u00f3rio.<\/p>\n\n\n\n

O modelo dual pode parecer, numa an\u00e1lise superficial e acr\u00edtica, redundante e dispendioso. Mas a flexibilidade de emprego das unidades de natureza militar, as fun\u00e7\u00f5es exclusivas da sua responsabilidade, a sua elogiada fiabilidade e credibilidade, a elevada qualidade da seguran\u00e7a obtida a um baixo custo, a impossibilidade da sua substitui\u00e7\u00e3o por um modelo exclusivamente civil e os valores demasiado onerosos de uma alternativa que se lhe aproxime, desmentem completamente esta asser\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

A imagem comum da Guarda \u00e9 primariamente a da patrulha, a da preven\u00e7\u00e3o do crime, a da prote\u00e7\u00e3o das popula\u00e7\u00f5es, a da seguran\u00e7a do espa\u00e7o p\u00fablico, a da interven\u00e7\u00e3o r\u00e1pida e do socorro em situa\u00e7\u00f5es de acidente, desastre ou calamidade e a Institui\u00e7\u00e3o \u00e9 aceite pela sociedade como um garante de Seguran\u00e7a p\u00fablica, presente e cont\u00ednua, mas como vimos vai muito para al\u00e9m disto.<\/p>\n\n\n\n

A Guarda Nacional Republicana \u00e9 uma for\u00e7a singular no panorama nacional, mas com paralelo na Europa e no Mundo, e assim continuar\u00e1 a ser enquanto a popula\u00e7\u00e3o e os decisores pol\u00edticos portugueses assim o considerarem necess\u00e1rio e importante.<\/p>\n\n\n\n

Lu\u00eds Newton Parreira<\/strong><\/strong>
TGEN Ex-Comandante Geral da Guarda Nacional Republicana<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Inicio esta breve interven\u00e7\u00e3o que subordinei ao t\u00edtulo \u201cA Guarda Nacional Republicana, uma for\u00e7a singular\u201d, recorrendo ao texto da defini\u00e7\u00e3o legal da Guarda inserido na sua Lei Org\u00e2nica. Embora n\u00e3o o considere como o mais feliz, como adiante terei oportunidade de referir, considero-o suficientemente expl\u00edcito para dar uma ideia muito assertiva do que \u00e9 hoje… Ler mais »A Guarda Nacional Republicana, uma for\u00e7a singular<\/span><\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":2937,"comment_status":"closed","ping_status":"closed","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"neve_meta_sidebar":"","neve_meta_container":"","neve_meta_enable_content_width":"","neve_meta_content_width":0,"neve_meta_title_alignment":"","neve_meta_author_avatar":"","neve_post_elements_order":"","neve_meta_disable_header":"","neve_meta_disable_footer":"","neve_meta_disable_title":""},"categories":[17],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/192"}],"collection":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=192"}],"version-history":[{"count":3,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/192\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":2723,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/192\/revisions\/2723"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media\/2937"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=192"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=192"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=192"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}