{"id":299,"date":"2020-02-28T14:47:19","date_gmt":"2020-02-28T14:47:19","guid":{"rendered":"https:\/\/eurodefense.pt\/?p=299"},"modified":"2023-02-20T18:52:34","modified_gmt":"2023-02-20T18:52:34","slug":"a-cooperacao-estruturada-permanente-o-fundo-europeu-de-defesa-e-a-lei-de-programacao-militar-2019-2030-segunda-atualizacao","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/eurodefense.pt\/a-cooperacao-estruturada-permanente-o-fundo-europeu-de-defesa-e-a-lei-de-programacao-militar-2019-2030-segunda-atualizacao\/","title":{"rendered":"A Coopera\u00e7\u00e3o Estruturada Permanente, o Fundo Europeu de Defesa e a Lei de Programa\u00e7\u00e3o Militar 2019-2030 \u2013 Segunda Atualiza\u00e7\u00e3o"},"content":{"rendered":"\n
\u201cToday we are building a European Union of security and defence. It is not a plan, not a dream anymore, but a reality. We are working to build a truly European defence industry, defence market and defence research \u2026\u201d<\/em><\/strong><\/p>\n\n\n\n <\/em>Federica Mogherini, 23 November 2017<\/em><\/strong><\/strong> A Coopera\u00e7\u00e3o Estruturada Permanente (PESCO na sigla inglesa) foi institucionalizada no Tratado de Lisboa[1], em 13 de dezembro de 2007, tendo entrado em vigor em 01 de dezembro de 2009, com o objetivo principal de \u201cOs Estados-Membros cujas capacidades militares preencham crit\u00e9rios mais elevados e tenham assumido compromissos mais vinculativos na mat\u00e9ria, tendo em vista a realiza\u00e7\u00e3o de miss\u00f5es mais exigentes, estabelecem uma coopera\u00e7\u00e3o estruturada permanente no \u00e2mbito da Uni\u00e3o<\/strong>\u201d (Tratado de Lisboa, Art\u00ba 42\u00ba-6).<\/p>\n\n\n\n Desde essa data, v\u00e1rias tentativas foram levadas a efeito pela Fran\u00e7a, It\u00e1lia, Espanha, Holanda e B\u00e9lgica, no sentido da materializa\u00e7\u00e3o e operacionaliza\u00e7\u00e3o da PESCO. Todas elas falharam o seu prop\u00f3sito, por raz\u00f5es que se prendem, direta ou indiretamente, com o conceito de soberania dos Estados-Membros e a intergovernamentalidade das quest\u00f5es de defesa. Mais concretamente, estiveram em causa sobretudo a obrigatoriedade do cumprimento de \u201ccompromissos mais vinculativos\u201d e o receio de se estar a caminhar para a edifica\u00e7\u00e3o de uma arquitetura de seguran\u00e7a e defesa europeia a \u201cv\u00e1rias velocidades\u201d, \u2013 qual diret\u00f3rio supranacional \u2013 em contradi\u00e7\u00e3o com o princ\u00edpio da intergovernamentalidade que assenta na coes\u00e3o, consenso, coer\u00eancia e coopera\u00e7\u00e3o volunt\u00e1ria entre os Estados-Membros.<\/p>\n\n\n\n Neste contexto, a \u00faltima tentativa para dar corpo \u00e0 PESCO teve lugar, por iniciativa da B\u00e9lgica, durante a sua presid\u00eancia rotativa da UE, em 2010. Nesta \u00faltima tentativa, a quest\u00e3o que mais preocupou e dividiu os Estados-membros ficou a dever-se \u00e0 introdu\u00e7\u00e3o e operacionaliza\u00e7\u00e3o do conceito de \u201cespecializa\u00e7\u00e3o\u201d de for\u00e7as, que segundo alguns Estados-membros estaria impl\u00edcito como corol\u00e1rio l\u00f3gico da efetiva\u00e7\u00e3o da PESCO, que eles n\u00e3o estariam em condi\u00e7\u00f5es de validar.<\/p>\n\n\n\n A partir de 2010, a PESCO entrou em estado de \u201chiberna\u00e7\u00e3o\u201d, tendo, em 2014, merecido da parte do Presidente da Comiss\u00e3o Europeia, Jean-Claude Juncker, o ep\u00edteto de \u201cBela Adormecida\u201d.<\/p>\n\n\n\n Como poss\u00edvel resposta dos Estados-membros \u00e0s tentativas mal sucedidas de materializa\u00e7\u00e3o da PESCO, coincidindo com a iniciativa \u201cSmart Defence\u201d[2] lan\u00e7ada pela NATO para estimular a coopera\u00e7\u00e3o de defesa, no Conselho informal de Defesa da UE, em 10 de novembro de 2010, realizado em Ghent-B\u00e9lgica (\u201cGhent initiative\u201d), foi lan\u00e7ado o conceito de \u201cPooling & Sharing\u201d[3], que viria mais tarde a ser adotado no Conselho da Uni\u00e3o Europeia (genericamente designado por Conselho), de 9 de dezembro desse ano[4]. A iniciativa \u201cPooling & Sharing\u201d tinha como objetivo intensificar a coopera\u00e7\u00e3o militar no que respeita ao desenvolvimento de capacidades de defesa, ao refor\u00e7o da base tecnol\u00f3gica e industrial de defesa europeia (BTIDE) e \u00e0 composi\u00e7\u00e3o de forma\u00e7\u00f5es de for\u00e7as e estruturas militares multinacionais conjuntas.<\/p>\n\n\n\n A grave crise financeira que afetou profundamente a Europa a partir de 2009, impactou seriamente na redu\u00e7\u00e3o abrupta dos or\u00e7amentos de defesa, que j\u00e1 vinham em queda desde a dissolu\u00e7\u00e3o da Uni\u00e3o Sovi\u00e9tica e do Pacto de Vars\u00f3via (peace dividends), com especial relev\u00e2ncia, sobretudo, no investimento colaborativo europeu em investiga\u00e7\u00e3o tecnol\u00f3gica (R&T) e em desenvolvimento de capacidades (\u201cprocurement\u201d), com repercuss\u00e3o acentuada e muito preocupante na perda de compet\u00eancias tecnol\u00f3gicas e aptid\u00f5es t\u00e9cnicas (\u201cknow-how\u201d) da BTIDE, e consequente perda de competitividade.<\/p>\n\n\n\n De facto, de acordo com informa\u00e7\u00e3o disponibilizada pela Ag\u00eancia Europeia de Defesa (EDA)[5], na d\u00e9cada de 2007-2017, o investimento em defesa decresceu 12,5%, tendo atingido um m\u00ednimo em 2013-2014, altura em que come\u00e7ou a verificar-se uma recupera\u00e7\u00e3o lenta, mas progressiva, atingindo em 2017 um montante da ordem de 214MM\u20ac, que corresponde a 96% do n\u00edvel atingido em 2007 (antes da crise). Este aumento a partir de 2013-2014 est\u00e1 em linha com o crescimento econ\u00f3mico m\u00e9dio da UE para o mesmo per\u00edodo.<\/p>\n\n\n\n No mesmo per\u00edodo 2007-2017, o decr\u00e9scimo do investimento em investiga\u00e7\u00e3o tecnol\u00f3gica de defesa foi de 38%, tendo atingido em 2017 o montante de 1,7MM\u20ac, que corresponde a cerca de 62% do valor alcan\u00e7ado em 2007. Mas, mais alarmante e insustent\u00e1vel numa perspetiva estrat\u00e9gica de m\u00e9dio-longo prazo, foi o decr\u00e9scimo de 58% verificado em investimento colaborativo europeu em investiga\u00e7\u00e3o tecnol\u00f3gica de defesa, tendo atingido em 2017 o montante de apenas 153M\u20ac, valor correspondente a 42,2% do montante despendido em 2007.<\/p>\n\n\n\n No setor do investimento colaborativo europeu em desenvolvimento tecnol\u00f3gico e industrial de defesa, o decr\u00e9scimo verificado foi da ordem de 22,2%, tendo atingido em 2017 o montante de 6,1MM\u20ac, que corresponde a 92,4% do valor atingido em 2007, que foi de 6,6MM\u20ac.<\/p>\n\n\n\n
AR\/VP<\/em><\/strong><\/p>\n\n\n\nI. Coopera\u00e7\u00e3o Estruturada Permanente<\/h4>\n\n\n\n
I.a. Antecedentes pr\u00f3ximos<\/h5>\n\n\n\n