{"id":5961,"date":"2021-02-05T20:00:36","date_gmt":"2021-02-05T20:00:36","guid":{"rendered":"https:\/\/eurodefense.pt\/?p=5961"},"modified":"2023-02-20T18:48:52","modified_gmt":"2023-02-20T18:48:52","slug":"crise-demografica","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/eurodefense.pt\/crise-demografica\/","title":{"rendered":"Crise Demogr\u00e1fica"},"content":{"rendered":"\n

A crise demogr\u00e1fica \u00e9 uma das realidades mais avassaladoras e com potencial de grandes consequ\u00eancias humanit\u00e1rias nos tempos que se aproximam. Pelo crescente n\u00famero de pessoas \u00e0 escala global, algo que temos constatado com maior incid\u00eancia no mundo num passado recente, mas pela resposta que encontramos nas regi\u00f5es onde esse crescimento est\u00e1 a acontecer.  <\/p>\n\n\n\n

Todos conhecemos a realidade do mundo p\u00f3s revolu\u00e7\u00e3o industrial, a express\u00e3o baby boom que definia a grande exponencial de natalidade nos pa\u00edses cujo crescimento econ\u00f3mico e de condi\u00e7\u00f5es de vida subiam numa grande escala. Esse crescimento populacional representa uma consequ\u00eancia da industrializa\u00e7\u00e3o e das favor\u00e1veis condi\u00e7\u00f5es de vida.<\/p>\n\n\n\n

Hoje, a popula\u00e7\u00e3o cresce em n\u00edveis incomport\u00e1veis e, apesar da trajet\u00f3ria descendente do crescimento populacional nos pr\u00f3ximos anos, os seus valores s\u00e3o superiores aos do grande baby boom das sociedades desenvolvidas nos anos 50. A par daquele que foi o grande crescimento da China, de toda a regi\u00e3o asi\u00e1tica, outras regi\u00f5es desenvolvem grandes massas populacionais sem controlo e em trajet\u00f3ria contr\u00e1ria ao restante mundo.<\/p>\n\n\n\n

Em \u00c1frica, o continente mais pobre do planeta, crescimento demogr\u00e1fico aumentar\u00e1 e em 2055 crescer\u00e1 mais do que no total do mundo inteiro. A regi\u00e3o subsariana, onde n\u00e3o h\u00e1 vest\u00edgios de institui\u00e7\u00f5es est\u00e1veis nos \u00faltimos anos, e a Na\u00e7\u00f5es Unidas s\u00e3o sistematicamente chamadas a intervir nas diversas miss\u00f5es de peacekeeping (manuten\u00e7\u00e3o da paz) ou de peace enforcement (imposi\u00e7\u00e3o da paz), ser\u00e1 das regi\u00f5es mais populosas. Um vasto territ\u00f3rio com muitos interesses culturais, religiosos e pol\u00edticos, culminando numa anarquia de sistemas, tornam este num dos espa\u00e7os mais inseguros do mundo, num mundo cada vez mais dominado por conflitos civis.<\/p>\n\n\n\n

E como podemos garantir aos jovens de \u00c1frica, \u00e0s crian\u00e7as que hoje crescem num espa\u00e7o com fracas perspetivas de qualidade de vida, alguma paz social? As Na\u00e7\u00f5es Unidas lan\u00e7aram v\u00e1rios objetivos que os Estados devem cumprir para garantir um crescimento sustent\u00e1vel, sendo estes: erradicar a pobreza; erradicar a fome; sa\u00fade de qualidade; educa\u00e7\u00e3o de qualidade; igualdade de g\u00e9nero; \u00e1gua pot\u00e1vel e saneamento; energia renov\u00e1veis e acess\u00edvel; trabalho digno e crescimento econ\u00f3mico; ind\u00fastria, inova\u00e7\u00e3o e infraestruturas; reduzir as desigualdades; cidades e comunidades sustent\u00e1veis; produ\u00e7\u00e3o e consumo sustent\u00e1veis; a\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica; proteger a vida marinha; proteger a vida terrestre; paz, justi\u00e7a e institui\u00e7\u00f5es eficazes; e parceria para a implementa\u00e7\u00e3o dos objetivos.<\/p>\n\n\n\n

Ao olharmos a realidade desta regi\u00e3o, \u00e9 inevit\u00e1vel compreendermos que poucos ou nenhum destes objetivos s\u00e3o cumpridos ou mesmo expect\u00e1veis nos pr\u00f3ximos anos. A omiss\u00e3o de uma resposta institucional \u00e9 um dos caracteres fundamentais para a instabilidade desta regi\u00e3o. E essa realidade n\u00e3o \u00e9 carater\u00edstica da regi\u00e3o, tamb\u00e9m a Europa foi um continente de constante perturba\u00e7\u00e3o na sua paz social e apenas hoje vive o seu per\u00edodo mais longo de estabilidade. A mudan\u00e7a evidenciada foi a integra\u00e7\u00e3o pol\u00edtica, associada aos princ\u00edpios ocidentais democr\u00e1ticos. A invers\u00e3o da realidade anterior foi alcan\u00e7ada depois de um per\u00edodo arrasador para a regi\u00e3o, a II guerra mundial, que terminou na interven\u00e7\u00e3o direta de atores externos e principalmente na sua perman\u00eancia enquanto garante da paz. Os Estados Unidos da Am\u00e9rica foram os que impuseram a paz e garantiram a sua manuten\u00e7\u00e3o (NATO) contra outras vis\u00f5es pol\u00edticas, aliado a isso, financiaram a r\u00e1pida reconstru\u00e7\u00e3o do territ\u00f3rio (Plano Marshall). <\/p>\n\n\n\n

Sabemos que a presen\u00e7a europeia no continente africano n\u00e3o nos traz boas mem\u00f3rias. Mas da mesma forma que depois da segunda grande guerra a anexa\u00e7\u00e3o dos pa\u00edses europeus aos ideais comunistas eram um perigo para os Estados Unidos, hoje, o descontrolo africano e fortes investimentos chineses no seu territ\u00f3rio devem ter interpreta\u00e7\u00e3o semelhante. Em \u00faltima inst\u00e2ncia, a Uni\u00e3o Europeia deve ser solid\u00e1ria com a crise que a regi\u00e3o vive, alargar a sua pol\u00edtica de vizinhan\u00e7a aos territ\u00f3rios e intervir na imposi\u00e7\u00e3o de paz e estabilidade. Caso contr\u00e1rio, teremos uma crise humanit\u00e1ria nos pr\u00f3ximos anos e\/ou a ascens\u00e3o de um territ\u00f3rio autocr\u00e1tico alicer\u00e7ado pelos financiamentos e ideais do regime da Rep\u00fablica Popular da China.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 o tempo da Europa afirmar-se com os seus valores e assistir de perto ao desenvolvimento de \u00c1frica!<\/p>\n\n\n\n

\n\n\n\n

5 de fevereiro de 2021<\/p>\n\n\n\n

\"\"<\/figure><\/div>\n\n\n\n

Miguel Carvalho Gomes<\/strong>
Coordenador da EuroDefense Jovem-Portugal<\/em><\/p>\n\n\n\n

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