{"id":5965,"date":"2021-02-12T20:00:26","date_gmt":"2021-02-12T20:00:26","guid":{"rendered":"https:\/\/eurodefense.pt\/?p=5965"},"modified":"2023-02-20T18:48:43","modified_gmt":"2023-02-20T18:48:43","slug":"informatizacao-das-infraestruturas-criticas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/eurodefense.pt\/informatizacao-das-infraestruturas-criticas\/","title":{"rendered":"Informatiza\u00e7\u00e3o das Infraestruturas Cr\u00edticas"},"content":{"rendered":"\n
A tecnologia tem vindo a tornar-se intr\u00ednseca ao mundo f\u00edsico. N\u00e3o obstante a clara no\u00e7\u00e3o de que devemos tirar proveito das suas particularidades mais c\u00f3modas e que simplificam o dia-a-dia, n\u00e3o podemos descurar que nos torna vulner\u00e1veis a todo um novo tipo de amea\u00e7as. Encontramos um excelente exemplo desta premissa num elemento absolutamente crucial para o normal funcionamento das sociedades: as infraestruturas cr\u00edticas.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 talvez \u00fatil, antes de discernirmos sobre este tema, esclarecer o que s\u00e3o infraestruturas cr\u00edticas. A Uni\u00e3o Europeia define-as, na Diretiva do Conselho 2008\/114\/EC, como sendo um “elemento, sistema ou parte deste situado nos Estados-Membros que \u00e9 essencial para a manuten\u00e7\u00e3o de fun\u00e7\u00f5es vitais para a sociedade, a sa\u00fade, a seguran\u00e7a e o bem-estar econ\u00f3mico ou social, e cuja perturba\u00e7\u00e3o ou destrui\u00e7\u00e3o teria um impacto significativo num Estado-Membro, dada a impossibilidade de continuar a assegurar essas fun\u00e7\u00f5es”.<\/p>\n\n\n\n
Isto porque englobam setores como da energia, transportes, sa\u00fade, qu\u00edmico, nuclear e outros, considerados t\u00e3o vitais para o normal e est\u00e1vel funcionamento de uma sociedade que a sua incapacidade ou destrui\u00e7\u00e3o teriam um efeito debilitante, tamb\u00e9m fruto da sua interdepend\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n
O avan\u00e7o tecnol\u00f3gico que as sociedades t\u00eam vindo a experienciar, e que tem aumentado a sua presen\u00e7a no ciberespa\u00e7o, reflete-se na utiliza\u00e7\u00e3o das infraestruturas cr\u00edticas, cada vez mais dependentes de sistemas inform\u00e1ticos, conectados \u00e0 internet. Por estarem encarregues de fornecer servi\u00e7os essenciais, estes sistemas apresentam vulnerabilidades imensas que, somadas \u00e0s carater\u00edsticas favor\u00e1veis do ciberespa\u00e7o, os tornam suscet\u00edveis a ataques provenientes do dom\u00ednio ciber, dos quais podem resultar consequ\u00eancias nefastas.<\/p>\n\n\n\n
\u00c9 importante refletir sobre esta realidade. Em 2019, por exemplo, verificaram-se cerca de 450 ciberincidentes em infraestruturas cr\u00edticas europeias, envolvendo setores como o financeiro ou energ\u00e9tico. Em 2018, os Hospitais da CUF foram alvo de um ataque inform\u00e1tico utilizando o v\u00edrus SamSam, que bloqueia os dados de um determinado computador de forma a pedir um resgate para o libertar. Em 2015, na Ucr\u00e2nia, os sistemas SCADA dos servi\u00e7os de eletricidade foram infiltrados por hackers, resultando num apag\u00e3o em grande escala e deixando mais de 500.000 pessoas sem eletricidade durante seis horas. Em 2010, o conhecido v\u00edrus inform\u00e1tico Stuxnet atingiu as centrais nucleares do Ir\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n
Estas situa\u00e7\u00f5es demonstram que os ciberataques s\u00e3o, cada vez mais, uma amea\u00e7a crescente na sociedade \u201cinter-rede\u201d. Para al\u00e9m de poderem ser levados a cabo por qualquer tipo de ator, causam elevados danos com o menor esfor\u00e7o poss\u00edvel. Podem originar de qualquer parte do mundo, independentemente das dist\u00e2ncias geogr\u00e1ficas. \u00c9, por \u00faltimo, dif\u00edcil prever a sofistica\u00e7\u00e3o dos chamados \u201cpiratas inform\u00e1ticos\u201d ou “hackers” cuja identidade, muitas vezes, \u00e9 imposs\u00edvel de reconhecer.<\/p>\n\n\n\n
Os Estados e propriet\u00e1rios de empresas do setor privado que sejam respons\u00e1veis por setores cr\u00edticos e infraestruturas que estes integram dever\u00e3o, ent\u00e3o, apostar na prote\u00e7\u00e3o destas infraestruturas, n\u00e3o s\u00f3 em espa\u00e7o f\u00edsico como no ciberespa\u00e7o. Dever\u00e3o fazer um levantamento dos poss\u00edveis riscos, de forma a tentar mitigar os mesmos e evitar repercuss\u00f5es adversas, embora isto seja uma tarefa dif\u00edcil devido ao car\u00e1ter imprevis\u00edvel do ciberespa\u00e7o. A aposta na defesa e prote\u00e7\u00e3o das infraestruturas cr\u00edticas dever\u00e1 ser cada vez mais forte, os seus sistemas secure-by-design, resilientes e rapidamente reparados quando s\u00e3o descobertas vulnerabilidades, uma vez que \u00e9 imposs\u00edvel eliminar completamente as suas repercuss\u00f5es e os seus efeitos.<\/p>\n\n\n\n
12 de fevereiro de 2021<\/p>\n\n\n\n
In\u00eas Barbosa Caseiro<\/strong> Miguel Melim<\/strong> Publica\u00e7\u00f5es relacionadas<\/strong><\/p>\n\n\n\n
Vogal da EuroDefense Jovem-Portugal<\/em><\/p>\n\n\n\n
Vogal da EuroDefense Jovem-Portugal<\/em><\/p>\n\n\n\n
\n\n\n\n