{"id":6052,"date":"2021-04-01T13:59:57","date_gmt":"2021-04-01T13:59:57","guid":{"rendered":"https:\/\/eurodefense.pt\/?p=6052"},"modified":"2023-02-20T18:45:44","modified_gmt":"2023-02-20T18:45:44","slug":"newsletter-eurodefense-portugal-n-o-3-marco-2021","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/eurodefense.pt\/newsletter-eurodefense-portugal-n-o-3-marco-2021\/","title":{"rendered":"Newsletter EuroDefense-Portugal \u2013 N.\u00ba 3 | Mar\u00e7o 2021"},"content":{"rendered":"\n
Geopol\u00edtica da UE no P\u00f3s-Covid-19<\/strong><\/p>\n\n\n\n A Uni\u00e3o Europeia parece encontrar-se presentemente perante uma nova encruzilhada, face a um ambiente internacional fraturado, ao agudizar de um clima de rivalidade entre grandes pot\u00eancias e ao redesenhar dos equil\u00edbrios geopol\u00edticos por parte de novos polos de poder que questionam velhas hegemonias, a par do facto da centralidade estrat\u00e9gia ter-se deslocado progressivamente para o continente Asi\u00e1tico.<\/p>\n\n\n\n Com o Reino Unido determinado a voltar a uma estrat\u00e9gia de \u201cbalan\u00e7a de poder\u201d na Europa, inspirada na imagem mir\u00edfica da \u201cGlobal Britain\u201d de Boris Johnson. Os EUA de regresso ao multilateralismo, ap\u00f3s a deriva nacionalista da administra\u00e7\u00e3o Trump e uma China e R\u00fassia votadas ao papel de competidores estrat\u00e9gicos, o ambiente parece regredir para uma guerra-fria de geometria vari\u00e1vel, onde qualquer um destes pa\u00edses \u00e9 tratado simultaneamente como parceiro, competidor ou rival, em linha com a recente afirma\u00e7\u00e3o do Secret\u00e1rio de Estado norte-americano Antony Blinken, de que as rela\u00e7\u00f5es com Pequim passar\u00e3o a ser um misto de “competi\u00e7\u00e3o, quando for saud\u00e1vel”, “colabora\u00e7\u00e3o, quando for poss\u00edvel” e “antagonismo, quando for necess\u00e1rio”.<\/p>\n\n\n\n Num intermezzo<\/em> do choque entre grandes pot\u00eancias, a Europa, como subcontinente do espa\u00e7o euroasi\u00e1tico, arrisca-se a voltar \u00e0 condi\u00e7\u00e3o de \u00e1rea de atrito e confronta\u00e7\u00e3o dos antagonismos e interesses de terceiros. Condi\u00e7\u00e3o a que j\u00e1 foi votada a sua periferia, num arco de instabilidade que se estende do Sahel ao M\u00e9dio-Oriente, da Ucr\u00e2nia \u00e0 Bielorr\u00fassia, no territ\u00f3rio a que os geopol\u00edticos classificam de mittelland<\/em> e os russos olham como zona tamp\u00e3o para a sua seguran\u00e7a.<\/p>\n\n\n\n A crise pand\u00e9mica do Covid-19 veio acentuar estas tend\u00eancias e exponenciar rivalidades, patentes na competi\u00e7\u00e3o em torno da quest\u00e3o das tecnologias do 5G e do fornecimento das vacinas, que a par com as quest\u00f5es do abastecimento energ\u00e9tico \u00e0 Uni\u00e3o Europeia parecem reeditar a ret\u00f3rica da confronta\u00e7\u00e3o Leste\/Oeste. Paira no ar um clima de guerra-fria sem o suporte ileol\u00f3gico de outrora, com muita mistifica\u00e7\u00e3o e jogo de perce\u00e7\u00f5es \u00e0 mistura.<\/p>\n\n\n\n Entre o abra\u00e7o do urso russo, o sopro do drag\u00e3o chin\u00eas e o canto de sereia do outro lado do Atl\u00e2ntico, a UE parece deambular \u00e0 merc\u00ea das sensibilidades sub-regionais, incapaz de afirmar com assertividade uma pol\u00edtica externa e de seguran\u00e7a comum, n\u00e3o obstante as expectativas criadas pela sua Estrat\u00e9gia Global e, mais recentemente, com o desenho de uma \u201cb\u00fassola estrat\u00e9gica\u201d.<\/p>\n\n\n\n Os desafios que se colocam \u00e0 UE e, consequentemente, ao nosso pa\u00eds como membro empenhado no seu aprofundamento, aconselham um exerc\u00edcio de prospetiva por parte tanto de acad\u00e9micos como de geopol\u00edticos, tendo ineg\u00e1vel relevo e atualidade num momento em que faz falta a produ\u00e7\u00e3o de pensamento estruturado, liberto da espuma dos tempos e do imediatismo das agendas medi\u00e1ticas. Estas plataformas de partilha do conhecimento s\u00e3o um espa\u00e7o privilegiado e o atual momento um incentivo para esse efeito.<\/p>\n\n\n\n A comunidade internacional precisa de uma Uni\u00e3o Europeia forte e interveniente, com uma voz pr\u00f3pria e capacidade de interven\u00e7\u00e3o aut\u00f3noma no dom\u00ednio da seguran\u00e7a e defesa, ao n\u00edvel da sua relev\u00e2ncia econ\u00f3mica e do papel seminal que este continente teve na edifica\u00e7\u00e3o da ordem internacional.<\/p>\n\n\n\n 23 de mar\u00e7o de 2021
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