{"id":6407,"date":"2021-05-25T08:47:58","date_gmt":"2021-05-25T08:47:58","guid":{"rendered":"https:\/\/eurodefense.pt\/?p=6407"},"modified":"2023-02-20T18:20:12","modified_gmt":"2023-02-20T18:20:12","slug":"diante-de-uma-nova-transicao-de-poder-a-relacao-china-estados-unidos-e-a-ameaca-a-ordem-liberal","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/eurodefense.pt\/diante-de-uma-nova-transicao-de-poder-a-relacao-china-estados-unidos-e-a-ameaca-a-ordem-liberal\/","title":{"rendered":"Diante de uma nova transi\u00e7\u00e3o de poder? A rela\u00e7\u00e3o China-Estados Unidos e a amea\u00e7a \u00e0 ordem liberal"},"content":{"rendered":"\n

Introdu\u00e7\u00e3o<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Desde Nixon e a pol\u00edtica do ping-pong dos anos 1970, quando houve uma evidente aproxima\u00e7\u00e3o nas rela\u00e7\u00f5es bilaterais entre Estados Unidos e China, o v\u00ednculo entre os dois pa\u00edses nunca chegou a um est\u00e1gio de disrup\u00e7\u00e3o t\u00e3o cr\u00edtico como durante a administra\u00e7\u00e3o Trump. A famosa Trade-War, e os consequentes confrontos entre os dois pa\u00edses levantaram imensas quest\u00f5es sobre a possibilidade de escalada de conflito entre ambos. Somada \u00e0 (re)ascens\u00e3o da China a este factor, e paralelamente \u00e0 queda de lideran\u00e7a dos EUA, evidencia-se uma poss\u00edvel transi\u00e7\u00e3o de poder, e consequentemente de lideran\u00e7a, na sociedade internacional. <\/p>\n\n\n\n

As altera\u00e7\u00f5es no cen\u00e1rio pol\u00edtico e econ\u00f3mico global sofreram grandes varia\u00e7\u00f5es no decorrer dos \u00faltimos anos, entretanto, estas n\u00e3o mudam por fatores constantes. Observa-se que as transi\u00e7\u00f5es muitas vezes s\u00e3o alheias \u00e0s vontades dos atores e que neste sentido as rela\u00e7\u00f5es vizinhas podem se tornar um catalisador de din\u00e2micas regionais. Desta forma, percebe-se nos fatores cr\u00edticos, uma oportunidade de compreender melhor a pol\u00edtica externa dos pa\u00edses na ordem global.     <\/p>\n\n\n\n

O cen\u00e1rio dos pa\u00edses vizinhos \u00e0 China, no seio da \u00c1sia Central, ap\u00f3s a Guerra Fria, n\u00e3o se demonstrava favor\u00e1vel ao regime chin\u00eas. Por meio de uma aproxima\u00e7\u00e3o \u00e0 R\u00fassia, a China passa a ter acesso \u00e0 regi\u00e3o, o que lhe permite se aproximar, tamb\u00e9m, da Europa. Desta forma, os Estados Unidos se encontram sob uma amea\u00e7a \u00e0 sua posi\u00e7\u00e3o na sociedade internacional. Inclusive a Uni\u00e3o Europeia viu-se encarregada de enfrentar m\u00faltiplos desafios que testaram o seu papel na ordem internacional e a sua capacidade de resili\u00eancia. Espera-se que com a nova administra\u00e7\u00e3o Biden haja um restabelecimento da parceria transatl\u00e2ntica, que ficou abalada durante a administra\u00e7\u00e3o Trump. O compromisso com o multilateralismo e uma pol\u00edtica externa conduzida pelas alian\u00e7as hist\u00f3ricas pode reavivar a ordem liberal, com a qual a UE partilha seus valores.<\/p>\n\n\n\n

No \u00e2mbito do Est\u00e1gio de Primavera da Eurodefense 2021, e a aquisi\u00e7\u00e3o de conhecimentos sobre o Estado da Arte da Seguran\u00e7a e Defesa Europeia, a partir de uma revis\u00e3o da literatura pertinente sobre a tem\u00e1tica, al\u00e9m do apoio da confer\u00eancia do Senhor Tenente-General Fontes Ramos[1]<\/span><\/a>, propomo-nos a analisar as rela\u00e7\u00f5es entre a Rep\u00fablica Popular da China e os Estados Unidos da Am\u00e9rica e sua consequente influ\u00eancia na ordem internacional, atrav\u00e9s de uma revis\u00e3o da Teoria da Transi\u00e7\u00e3o de Poder, dos fatores cr\u00edticos que condicionam esta rela\u00e7\u00e3o e do panorama atual em que a sociedade internacional se encontra.<\/p>\n\n\n\n

1.\u00a0\u00a0\u00a0 A Teoria da Transi\u00e7\u00e3o do Poder e as rela\u00e7\u00f5es China-Estados Unidos<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Desde a virada do s\u00e9culo, a China destaca-se no cen\u00e1rio internacional devido ao seu r\u00e1pido desenvolvimento: detentora do 2\u00ba maior PIB mundial, em 2020 tornou-se, inclusive, o maior parceiro comercial da Uni\u00e3o Europeia, posto previamente ocupado pelos Estados Unidos (EUA). Esse contexto geopol\u00edtico, condicionado pelo fen\u00f3meno da globaliza\u00e7\u00e3o e o recente posicionamento unilateral da superpot\u00eancia norte-americana, permitiu que a China, a principal pot\u00eancia emergente da d\u00e9cada, crescesse a ponto de representar uma amea\u00e7a a Washington. Dessa forma, relembra-se a Teoria de Transi\u00e7\u00e3o do Poder, importante teoria das Rela\u00e7\u00f5es Internacionais idealizada originalmente por Organski em 1958, que antecipou a ascens\u00e3o chinesa e o seu impacto na ordem internacional.<\/p>\n\n\n\n

A Teoria da Transi\u00e7\u00e3o de Poder (TPP) sup\u00f5e que uma vez que o poder da pot\u00eancia hegem\u00f3nica esteja em decl\u00ednio, ela pode ver-se confrontada pelas pot\u00eancias emergentes, cujo objetivo pode ser tanto assumir o papel de superpot\u00eancia na ordem j\u00e1 estabelecida, quanto a reestrutura\u00e7\u00e3o do status quo<\/em>. O prop\u00f3sito depender\u00e1, em suma, do qu\u00e3o insatisfeita est\u00e1 a pot\u00eancia emergente com as rela\u00e7\u00f5es definidas pela pot\u00eancia hegem\u00f3nica \u2013 a superpot\u00eancia, ao ocupar o topo da hierarquia do sistema internacional, exerce a sua influ\u00eancia atrav\u00e9s do seu poder e de canais secund\u00e1rios, como organiza\u00e7\u00f5es internacionais e alian\u00e7as (nesse caso, destacamos a influ\u00eancia exercida pelos EUA nas Na\u00e7\u00f5es Unidas tal como pela China no Banco Asi\u00e1tico de Investimento em Infraestrutura). Entende-se que o n\u00edvel de insatisfa\u00e7\u00e3o de um Estado pode ser maior caso ele se encontre fora dessa \u00e1rea de influ\u00eancia, estando, portanto, \u201cincapaz de colher os seus benef\u00edcios\u201d, tornando mais prov\u00e1vel que ele se imponha sobre a pot\u00eancia hegem\u00f4nica.<\/p>\n\n\n\n

Apesar de Organski nunca ter de facto utilizado o termo \u201cpot\u00eancia hegem\u00f3nica”, a sua ideia de poder e lideran\u00e7a global reflete esse conceito, pelo que outros autores depois passaram a adotar o termo (Kim e Gates 2015). Isto posto, e a fim de evitar confus\u00e3o entre a Teoria da Transi\u00e7\u00e3o do Poder e a Teoria da Estabilidade Hegem\u00f4nica (TEH), \u00e9 importante destacar a principal diferen\u00e7a entre as duas ideias \u2013 enquanto que TEH se baseia na premissa de que para existir estabilidade, deve haver uma lideran\u00e7a global centrada no Estado e a transi\u00e7\u00e3o de poder inevitavelmente levar\u00e1 ao conflito, a TPP assume que a guerra n\u00e3o ir\u00e1 necessariamente acontecer (Kim e Gates 2015).<\/p>\n\n\n\n

Para entender a probabilidade de um conflito, a teoria de Organski analisa diversas vari\u00e1veis, sendo a paridade de poder entre a pot\u00eancia hegem\u00f3nica e a pot\u00eancia emergente e o n\u00edvel de insatisfa\u00e7\u00e3o do emergente com o status quo<\/em> duas das mais significativas. Nesse caso, e de forma antag\u00f3nica em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 teoria da balan\u00e7a de poder, o equil\u00edbrio de poder entre as duas pot\u00eancias levar\u00e1 ao conflito. Enquanto a balan\u00e7a de poder sup\u00f5e que o sistema atingir\u00e1 a estabilidade uma vez que as pot\u00eancias tenham poder semelhante, a TPP sugere que esse processo de balancing<\/em> ser\u00e1 a causa do confronto (Kim e Gates 2015).   <\/p>\n\n\n\n

Outro fator gerador de embate entre a pot\u00eancia emergente e a hegem\u00f3nica ser\u00e1 a vontade daquele em ascens\u00e3o de mudar o sistema internacional definido pelo mais forte anteriormente. A forma que se espera que a transi\u00e7\u00e3o de poder ocorra \u00e9 em muitos aspectos semelhante ao que sugere a Armadilha de Tuc\u00eddides, como elaborado por Graham Allison em seu livro Destined for War<\/em> (2017): da mesma maneira que aconteceu com Atenas e Esparta na Guerra do Peloponeso, em 12 dos 16 casos analisados pelo autor o confronto entre o poder emergente e o poder estabelecido levou ao conflito armado. Usando essa din\u00e2mica para analisar a rela\u00e7\u00e3o entre a China e os Estados Unidos hoje, h\u00e1 quem defenda que os recentes atritos entre os pa\u00edses e as promessas de Pequim de avan\u00e7ar militarmente sobre Taiwan caso necess\u00e1rio colocam a Armadilha de Tuc\u00eddides como um poss\u00edvel desfecho para os desentendimentos entre as duas pot\u00eancias (Peters et al 2020).<\/p>\n\n\n\n

Entretanto, a Teoria de Transi\u00e7\u00e3o de Poder defende que a transi\u00e7\u00e3o pac\u00edfica \u00e9 poss\u00edvel, especialmente se a pot\u00eancia hegem\u00f4nica conseguir prolongar o tempo da sua superioridade em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 pot\u00eancia emergente. Considerando que a China ainda n\u00e3o alcan\u00e7ou os EUA a n\u00edvel de PIB, PIB per capita e capacidade militar, a teoria aponta que, enquanto n\u00e3o haja essa paridade entre os pa\u00edses, o conflito entre ambos \u00e9 improv\u00e1vel. Ainda, mesmo que Pequim ultrapasse Washington no fim da d\u00e9cada como previsto pelo think tank brit\u00e2nico Center for Economics and Business Research (CEBR), se a Rep\u00fablica Popular da China n\u00e3o se opuser ao status quo<\/em> a transi\u00e7\u00e3o n\u00e3o ser\u00e1 agressiva. Nesse caso, a China ascender\u00e1 como o poder preeminente \u2018satisfeito\u2019, da mesma forma como quando os Estados Unidos assumiram o papel do Reino Unido no sistema internacional (Lemke e Tammen 2003).<\/p>\n\n\n\n

Por mais que no encontro anual do Partido Comunista Chin\u00eas, a decorrer no atual m\u00eas de mar\u00e7o, o presidente Xi Jinping tenha pedido pelo fortalecimento militar na defesa nacional para os pr\u00f3ximos cinco anos, espera-se que a China mantenha o seu posicionamento de defesa do sistema multilateral em detrimento do conflito direto com os Estados Unidos. Atrav\u00e9s da participa\u00e7\u00e3o em institui\u00e7\u00f5es como o Fundo Monet\u00e1rio Internacional (FMI), Banco Mundial, Banco Asi\u00e1tico de Investimento em Infraestrutura, Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade (OMS), entre outros, a China busca maior influ\u00eancia tanto dentro dessas organiza\u00e7\u00f5es, quanto no continente asi\u00e1tico \u2013 regi\u00e3o historicamente pr\u00f3xima dos EUA (em especial pa\u00edses como Jap\u00e3o e Coreia do Sul).<\/p>\n\n\n\n

2.\u00a0\u00a0\u00a0 Fatores Cr\u00edticos que est\u00e3o a condicionar as rela\u00e7\u00f5es entre as grandes pot\u00eancias<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Atualmente observa-se um crescimento exponencial da economia chinesa e um momento \u00edmpar de estabilidade pol\u00edtica no pa\u00eds, que acaba por facilitar o seu desenvolvimento militar e de influ\u00eancia ao redor do mundo. Desta forma, podemos dizer que a (re)ascens\u00e3o chinesa ao patamar de grande pot\u00eancia mundial, tanto a n\u00edveis militares, econ\u00f3micos e pol\u00edticos, gera um impacto nas rela\u00e7\u00f5es entre as demais pot\u00eancias, sobretudo no que toca \u00e0 pol\u00edtica externa americana, uma vez que a China \u00e9 vista como uma amea\u00e7a \u00e0 unipolaridade militar alcan\u00e7ada pelos Estados Unidos da Am\u00e9rica e, tamb\u00e9m, a n\u00edveis ideol\u00f3gicos. <\/p>\n\n\n\n

No decorrer desta sec\u00e7\u00e3o, iremos discorrer acerca de tend\u00eancias centrais que condicionam o relacionamento dos EUA e da China com as demais pot\u00eancias ao redor do mundo e o impacto das mesmas em suas pol\u00edticas externas, enfatizando que o objetivo desta parte do paper<\/em> \u00e9 de tecer uma an\u00e1lise do relacionamento entre a China e os EUA por meio destes fatores espec\u00edficos.<\/p>\n\n\n\n

O primeiro que iremos abordar \u00e9 a autossufici\u00eancia energ\u00e9tica dos EUA, sendo este um momento hist\u00f3rico para o pa\u00eds. Como pode-se observar no gr\u00e1fico abaixo (Figura 1), em 2019, pela primeira vez desde 1957, a produ\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica ultrapassou o consumo energ\u00e9tico e, al\u00e9m disso, as exporta\u00e7\u00f5es neste ramo tamb\u00e9m ultrapassaram as importa\u00e7\u00f5es \u2013 algo que n\u00e3o acontecia desde 1952. Desta forma, os EUA atingem um patamar de independ\u00eancia energ\u00e9tica e passam a encarar o mundo como exportador.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Figura 1<\/strong><\/p>\n\n\n\n

\"\"<\/figure><\/div>\n\n\n\n

Fonte: https:\/\/www.eia.gov\/energyexplained\/us-energy-facts\/imports-and-exports.php<\/span><\/a><\/p>\n\n\n\n

Por d\u00e9cadas, assegurar o acesso \u00e0s fontes de energia para garantir o seu desenvolvimento estava nas top priorities <\/em>da pol\u00edtica externa americana e, neste sentido, o controlo sobre o M\u00e9dio Oriente era a principal delas. O dom\u00ednio da regi\u00e3o representava uma seguran\u00e7a para os EUA e se tornou vital para o seu crescimento, entretanto, ao atingir as marcas supracitadas, o M\u00e9dio Oriente deixa de ser indispens\u00e1vel. Tal aspeto implica na redu\u00e7\u00e3o da presen\u00e7a americana na regi\u00e3o, e nada surpreende os primeiros sinais da administra\u00e7\u00e3o Biden, evidenciado, por exemplo, nas a\u00e7\u00f5es do Secret\u00e1rio da Defesa Lloyd Austin em indicar uma prioridade maior destinada \u00e0 China, \u00e0 Covid-19 e ao clima (Bertrand e Seligman 2021).<\/p>\n\n\n\n

Passando ao segundo fator cr\u00edtico que condiciona a atual pol\u00edtica externa americana, observamos o profundo desgaste que os EUA v\u00eam a sofrer. Ap\u00f3s o fim da Guerra Fria os Estados Unidos assumem, como pot\u00eancia unipolar, o papel de representar os valores comuns da humanidade. Al\u00e9m disso, Washington sente os seus valores e o seu poder unipolar atacados com o 11 de setembro e entende que precisa mostrar ao mundo que ainda possui a mesma for\u00e7a de sempre.<\/p>\n\n\n\n

Desta forma, na posi\u00e7\u00e3o em que se encontravam, com o ataque sofrido e com base nos seus interesses como na\u00e7\u00e3o, decidem reagir com a Guerra ao Terror, destacada pela atitude unilateralista e agressiva. Envolvem-se, portanto, nos conflitos mais longos e mais custosos de sua hist\u00f3ria, atingindo a marca de 6,4 trili\u00f5es de d\u00f3lares em a\u00e7\u00f5es militares no p\u00f3s-2001 (Crawford 2019).<\/p>\n\n\n\n

Tais despesas prejudicaram o desenvolvimento dos EUA como na\u00e7\u00e3o e, hoje, pode-se perceber que a sociedade americana enfrenta profundas problem\u00e1ticas a n\u00edveis pol\u00edticos, econ\u00f3micos, sociais e \u00e9ticos. Pontua-se as tentativas de recupera\u00e7\u00e3o nacional desde a \u00e9poca de Obama e o seu Nation Building<\/em> e tamb\u00e9m com a pol\u00edtica de Trump e o America First<\/em>. Entretanto, o dinheiro investido nesta Guerra ao Terror n\u00e3o pode ser revertido e corresponde a aproximadamente uma Belt and Road Initiative<\/em> em seu todo, o que evidencia a problem\u00e1tica do direcionamento do capital e o impacto que a China produziu investindo na estrat\u00e9gia certa.   <\/p>\n\n\n\n

Por fim, os Estados Unidos n\u00e3o possuem uma estrat\u00e9gia para reagir ao crescimento chin\u00eas e, ainda, possuem rela\u00e7\u00f5es comerciais fortes com a China que n\u00e3o podem ser desmanteladas. Como pode-se observar no gr\u00e1fico abaixo (Figura 2), as trocas comerciais de bens geram um d\u00e9ficit gigantesco dos EUA com a China \u2013 apesar da Guerra Comercial, o impacto no d\u00e9ficit foi \u00ednfimo \u2013 e, desta forma, acabam por \u201cfinanciar\u201d o crescimento da China como pot\u00eancia global. Al\u00e9m disso, torna-se mais agravante quando se observa que com o passar dos anos os EUA \u201cd\u00e3o\u201d a China mais uma Rota da Seda e que caso essa din\u00e2mica se mantenha, a China ultrapassar\u00e1 os EUA em todos os sentidos.\u00a0<\/p>\n\n\n\n

Figura 2<\/strong><\/p>\n\n\n\n

\"\"<\/figure><\/div>\n\n\n\n

Fonte: https:\/\/www.statista.com\/statistics\/939402\/us-china-trade-deficit\/<\/span><\/a><\/p>\n\n\n\n

Desta forma, a China como uma pot\u00eancia exportadora, sendo a \u201cf\u00e1brica do mundo\u201d, assume a posi\u00e7\u00e3o de enfrentamento contra os EUA, no sentido de ultrapass\u00e1-lo como a maior pot\u00eancia mundial. O n\u00famero de investimentos nas mais diversas zonas do globo, a forma como penetra as suas rela\u00e7\u00f5es inter-estatais e o modo como continua a crescer independente da crise enfrentada, corroboram uma China muito mais forte e com um objetivo final de se tornar a maior pot\u00eancia econ\u00f3mica, tecnol\u00f3gica, militar e pol\u00edtica do mundo.  <\/p>\n\n\n\n

3.\u00a0\u00a0\u00a0 A China e a Europa: a Uni\u00e3o Europeia e os \u201c16+1\u201d<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Nas \u00faltimas d\u00e9cadas, a Uni\u00e3o Europeia viu-se encarregue de enfrentar m\u00faltiplos desafios que testaram o seu papel na ordem internacional e a sua capacidade de resili\u00eancia. Desde a crise das d\u00edvidas soberanas de 2008, o fluxo migrat\u00f3rio proveniente do Norte de \u00c1frica e do M\u00e9dio Oriente, as agress\u00f5es russas \u00e0s suas fronteiras a Leste, e mais recentemente, a pandemia do COVID-19 (Matthijs 2020), a Uni\u00e3o Europeia tem sido posta \u00e0 prova n\u00e3o s\u00f3 a n\u00edvel interno, com o seu processo de integra\u00e7\u00e3o e o aprofundamento das suas institui\u00e7\u00f5es, mas tamb\u00e9m a n\u00edvel externo.<\/p>\n\n\n\n

\u00c0 luz destas dificuldades, torna-se cada vez mais relevante promover uma governan\u00e7a multilateral como resposta aos desafios econ\u00f3micos, pol\u00edticos e de seguran\u00e7a internacionais, que permitam aos atores do sistema internacional benef\u00edcios m\u00fatuos atrav\u00e9s da coopera\u00e7\u00e3o. Para o efeito, as rela\u00e7\u00f5es entre a Uni\u00e3o Europeia e a China t\u00eam representado um claro sucesso no que diz respeito \u00e0s suas rela\u00e7\u00f5es diplom\u00e1ticas.<\/p>\n\n\n\n

Embora existam efetivamente diverg\u00eancias pol\u00edticas e geopol\u00edticas nas suas conce\u00e7\u00f5es e interesses, a cria\u00e7\u00e3o da \u201cEU-China Comprehensive Strategic Partnership\u201d<\/em> em 2003 (Maher 2016), aprofundou e alargou a coopera\u00e7\u00e3o em v\u00e1rias \u00e1reas, contribuindo de forma mais evidente para o sucesso da sua parceria comercial. Deste modo, ambos estabeleceram o seu compromisso para com o crescimento econ\u00f3mico mundial, onde todos os pa\u00edses possam desfrutar de uma economia mundial aberta, e do desenvolvimento e inova\u00e7\u00e3o inerentes \u00e0 promo\u00e7\u00e3o da abertura e transpar\u00eancia dos mercados (Matthijs 2020).<\/p>\n\n\n\n

A iniciativa chinesa \u201cOne Belt One Road<\/em>\u201d (OBOR) ou \u201cNova Rota da Seda\u201d estende-se tamb\u00e9m aos objetivos tra\u00e7ados para a rela\u00e7\u00e3o de coopera\u00e7\u00e3o bilateral com a Europa. A sua implementa\u00e7\u00e3o visa criar um corredor econ\u00f3mico internacional que permitir\u00e1 reduzir os custos comerciais entre estes e contribuir\u00e1 positivamente para o crescimento econ\u00f3mico e para reformas estruturais tanto na China, como na Europa (Matthijs 2020).<\/p>\n\n\n\n

Na Europa Central e Oriental as rela\u00e7\u00f5es com a China tamb\u00e9m t\u00eam vindo a desenvolver-se progressivamente, sendo que na \u00faltima d\u00e9cada a China tem procurado restabelecer os pontos de liga\u00e7\u00e3o com a regi\u00e3o. Em 2012 deu-se a primeira cimeira de Chefes de Estado, que reuniu a China e os 16 pa\u00edses da regi\u00e3o (conhecidos como 16+1), que tem vindo a realizar-se anualmente, e em 2017 todos os 16 membros expressaram, atrav\u00e9s de uma declara\u00e7\u00e3o conjunta, o seu compromisso para com a \u201cOne Belt, One Road Initiative<\/em>\u201d. Considerando as economias fr\u00e1geis de alguns destes pa\u00edses, a coopera\u00e7\u00e3o com a China parece representar uma importante oportunidade para o seu crescimento econ\u00f3mico (Vangeli e Pavlicevic 2019).<\/p>\n\n\n\n

4.\u00a0\u00a0\u00a0 As rela\u00e7\u00f5es Sino-Russas<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

A sinergia estabelecida entre a China e a R\u00fassia, que contrasta com um claro afastamento entre a R\u00fassia e o Ocidente, marca uma rela\u00e7\u00e3o essencialmente pragm\u00e1tica, focada nos seus interesses m\u00fatuos de notoriedade no sistema internacional. Perspetivando um mundo multipolar, ambas tencionam combater as tend\u00eancias unipolares que colocam os Estados Unidos da Am\u00e9rica e os seus aliados no centro das rela\u00e7\u00f5es internacionais e dificultam a realiza\u00e7\u00e3o dos seus pr\u00f3prios interesses (Lukin 2017).<\/p>\n\n\n\n

A n\u00edvel geopol\u00edtico, denota-se um claro alinhamento relativamente \u00e0 resolu\u00e7\u00e3o de conflitos regionais, nomeadamente atrav\u00e9s da vota\u00e7\u00e3o conjunta no Conselho de Seguran\u00e7a das Na\u00e7\u00f5es Unidas, o que evidencia uma incontest\u00e1vel oposi\u00e7\u00e3o ao Ocidente (Lukin 2017).<\/p>\n\n\n\n

No entanto, esta vis\u00e3o partilhada do mundo n\u00e3o \u00e9 o \u00fanico fator que dita as suas rela\u00e7\u00f5es. As rela\u00e7\u00f5es econ\u00f3micas entre ambos tamb\u00e9m t\u00eam sido not\u00f3rias ao longo dos anos, sendo que a China \u00e9 o principal parceiro comercial da R\u00fassia e, atrav\u00e9s da Organiza\u00e7\u00e3o para Coopera\u00e7\u00e3o de Xangai, estes t\u00eam promovido o desenvolvimento econ\u00f3mico da regi\u00e3o. Assim, a China representa n\u00e3o s\u00f3 um aliado pol\u00edtico, mas tamb\u00e9m um importante parceiro comercial, que fortalece a posi\u00e7\u00e3o russa no panorama internacional.<\/p>\n\n\n\n

N\u00e3o obstante, a China encontra tamb\u00e9m m\u00faltiplos benef\u00edcios na manuten\u00e7\u00e3o da sua rela\u00e7\u00e3o com a R\u00fassia. O primeiro, foca-se no desenvolvimento econ\u00f3mico russo, que permitir\u00e1 contrabalan\u00e7ar o poder em rela\u00e7\u00e3o aos Estados Unidos e \u00e0 Europa Ocidental; por outro lado, garantir a estabilidade fronteiri\u00e7a russa permitir\u00e1 um maior crescimento econ\u00f3mico para a China.<\/p>\n\n\n\n

5.\u00a0\u00a0\u00a0 Os desafios da nova administra\u00e7\u00e3o americana em um mundo fraturado<\/strong><\/span><\/a>\u00a0<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

\u00c9 um facto que durante as seguintes d\u00e9cadas, uma das grandes prioridades da agenda de pol\u00edtica externa dos pr\u00f3ximos presidentes americanos ser\u00e1 a rela\u00e7\u00e3o com a China. Isto n\u00e3o ser\u00e1 diferente na administra\u00e7\u00e3o Biden, que assume a presid\u00eancia dos Estados Unidos da Am\u00e9rica com uma vantagem muito expressiva – segundo Squassoni (2021), o democrata \u00e9 um dos presidentes com maior conhecimento e experi\u00eancia em Pol\u00edtica Externa na hist\u00f3ria a assumir o cargo. <\/p>\n\n\n\n

Entretanto, mais que nunca, os Estados Unidos necessitam que esta experi\u00eancia seja posta em pr\u00e1tica e o presidente eleito ter\u00e1 um grande desafio pela frente: reconstruir a integridade do maquin\u00e1rio da Pol\u00edtica Externa Americana. O vazio deixado pela administra\u00e7\u00e3o anterior \u00e9 imenso, e, de acordo com Woods (2021), Donald Trump tendia a \u201colhar para o seu pr\u00f3prio umbigo\u201d e a fazer suas pr\u00f3prias coisas, evitando a experi\u00eancia de Ag\u00eancias de Intelig\u00eancia dos EUA e profissionais de pol\u00edtica externa. Biden ter\u00e1 de mudar essa din\u00e2mica e governar buscando satisfazer o interesse do Estado americano, que acaba por resvalar nos interesses de seus aliados.<\/p>\n\n\n\n

Al\u00e9m dos problemas administrativos do maquin\u00e1rio da Pol\u00edtica Exterior, Joe Biden ter\u00e1 outra importante adversidade a superar: os problemas internos dos Estados Unidos. Um dos mais importantes deles \u00e9 a democracia americana, que passa por um momento de grandes incertezas: a cren\u00e7a nas institui\u00e7\u00f5es democr\u00e1ticas est\u00e1 em imensa defasagem. Como o pr\u00f3prio presidente diz: \u201ca capacidade dos Estados Unidos de ser uma for\u00e7a para o progresso no mundo e mobilizar a a\u00e7\u00e3o coletiva come\u00e7a em casa\u201d (Biden 2020). \u00c9 importante sempre lembrar que os valores democr\u00e1ticos fazem parte da identidade nacional americana.  Neste mesmo artigo (\u201cWhy America Should Lead Again\u201d<\/em>) Biden defende a ideia de que os Estados Unidos t\u00eam de voltar a ser um exemplo de lideran\u00e7a para o mundo, n\u00e3o apenas com o exemplo do poder dos EUA, mas al\u00e9m disso com o poder de seu pr\u00f3prio exemplo (Biden 2020).  <\/p>\n\n\n\n

A volta de uma lideran\u00e7a americana de uma ordem liberal baseada em princ\u00edpios democr\u00e1ticos, como por exemplo o Estado de Direito, os Direitos Humanos e o multilateralismo com toda a certeza \u00e9 a melhor resposta para o mundo fraturado no qual Biden assume a presid\u00eancia: um mundo marcado por lutas hegem\u00f4nicas, transi\u00e7\u00f5es de poder, competi\u00e7\u00e3o por seguran\u00e7a, esferas de influ\u00eancia e nacionalismo reacion\u00e1rio (Ikenberry 2020). A ordem liberal tem de ser reinventada, mas voltando aos seus princ\u00edpios b\u00e1sicos: criar um ambiente no qual as democracias liberais possam cooperar para ganho m\u00fatuo, administrar suas vulnerabilidades partilhadas e proteger seu modo de vida. Nesse sistema, regras e institui\u00e7\u00f5es facilitam a coopera\u00e7\u00e3o entre os estados (Ikenberry 2020). Neste sentido, Joe Biden j\u00e1 deu os seus primeiros passos: horas ap\u00f3s assumir a presid\u00eancia o mandat\u00e1rio, por meio de uma a\u00e7\u00e3o executiva, colocou de volta os Estados Unidos no Acordo de Paris, que havia sido deixado por Trump no dia 01 de junho de 2017.  Da mesma forma, Biden renovou o apoio \u00e0 Organiza\u00e7\u00e3o Mundial da Sa\u00fade. \u201cEm 06 de julho de 2020, o governo Trump notificou formalmente as Na\u00e7\u00f5es Unidas de que os Estados Unidos romperiam os la\u00e7os com a OMS, a partir de julho de 2021\u201d (Magnotta 2021). Biden ainda negociou com Vladimir Putin a extens\u00e3o do New START Treaty, tratado de n\u00e3o-prolifera\u00e7\u00e3o de armas nucleares, por mais cinco anos. <\/p>\n\n\n\n

O multilateralismo proposto pela administra\u00e7\u00e3o Biden, al\u00e9m de ser um dos eixos para impulsionar o restabelecimento da ordem liberal, \u00e9 tamb\u00e9m um retorno de antigas alian\u00e7as deixadas \u00e0 deriva por Trump, nomeadamente a alian\u00e7a transatl\u00e2ntica: \u201cum presidente que n\u00e3o apoia a integra\u00e7\u00e3o europeia e amea\u00e7a a UE com san\u00e7\u00f5es comerciais e empresas europeias com san\u00e7\u00f5es secund\u00e1rias acabaram servindo ao interesse estrat\u00e9gico russo de enfraquecer a NATO e a UE para alcan\u00e7ar seus pr\u00f3prios objetivos geopol\u00edticos\u201d (van der Togt 2020, p.55). Biden, em seu discurso na Confer\u00eancia Virtual de Seguran\u00e7a de Munique de 2021, e em seu artigo na Foreign Affairs <\/em>(Biden 2020), deixou bem claro o interesse de sua administra\u00e7\u00e3o em garantir uma alian\u00e7a transatl\u00e2ntica mais forte, por meio da NATO: \u201cComo presidente, farei mais do que apenas restaurar nossas parcerias hist\u00f3ricas; Vou liderar o esfor\u00e7o de reimagin\u00e1-las para o mundo que enfrentamos hoje.\u201d (Biden 2020). A retomada de forma efetiva da alian\u00e7a transatl\u00e2ntica significa muito para seguran\u00e7a europeia, e n\u00e3o s\u00f3, para a seguran\u00e7a inclusive dos valores de todo o mundo ocidental, desafiado por pot\u00eancias revisionistas: \u201cse os Estados Unidos e a Europa pudessem curar as divis\u00f5es em suas pr\u00f3prias sociedades e desenvolver uma pol\u00edtica conjunta para os desafiadores (da ordem liberal) autorit\u00e1rios, isso poderia reunir o Ocidente como uma alian\u00e7a de democracias.\u201d (van der Togt 2020, p.58). <\/p>\n\n\n\n

A alian\u00e7a de democracias liberais para conter o avan\u00e7o de China e R\u00fassia ainda seria uma mais valia, pois evitaria uma competi\u00e7\u00e3o direta entre as grandes pot\u00eancias, o que resultou em um jogo de soma-nula na administra\u00e7\u00e3o Trump. \u201cA competi\u00e7\u00e3o com a R\u00fassia e a China certamente estar\u00e1 no topo da sua (Biden) agenda de Pol\u00edtica Externa, mas n\u00e3o deveria ser vendida como uma competi\u00e7\u00e3o entre as grandes pot\u00eancias, e sequer deveria ser abordada, em nenhum caso, como uma quest\u00e3o de soma-nula. \u00c9 hora de diferentes ferramentas e de um mindset<\/em> diferente\u201d (Squassoni 2021, p. 4). <\/a><\/p>\n\n\n\n

Conclus\u00e3o<\/strong><\/p>\n\n\n\n

A (re)ascens\u00e3o chinesa e a forma como a China se apresenta ao mundo obriga-nos a refletir sobre o futuro da ordem mundial: por um lado a China pode ser considerada um free-rider<\/em> da ordem liberal, aproveitando-se do modelo de Bretton Woods para a sua expans\u00e3o e maior influ\u00eancia tanto pol\u00edtica como econ\u00f3mica. Por outro lado, a China pode ser vista como um modelo alternativo \u00e0 ordem liberal baseada nos princ\u00edpios democr\u00e1ticos: o regime autorit\u00e1rio chin\u00eas apresenta-se como uma outra via de acesso ao poder no sistema internacional. O sucesso chin\u00eas e seu engajamento no com\u00e9rcio internacional, e o aprofundamento de suas rela\u00e7\u00f5es com diversos pa\u00edses – inclusive com democracias ocidentais, como \u00e9 o caso da cimeira dos 16+1 com na\u00e7\u00f5es do leste da Europa -, questionam profundamente os ideais democr\u00e1ticos ocidentais. <\/p>\n\n\n\n

Seja como for, a (re)ascens\u00e3o chinesa amea\u00e7a a lideran\u00e7a dos Estados Unidos da ordem internacional. Ainda assim, como apresentado anteriormente, a tend\u00eancia \u00e9 que se houver uma transi\u00e7\u00e3o de poder esta seja pac\u00edfica. Entende-se, neste sentido, que h\u00e1 dois poss\u00edveis cen\u00e1rios bem claros para a futura ordem mundial.  O primeiro deles se encontra na transi\u00e7\u00e3o de poder pac\u00edfica, devido a atua\u00e7\u00e3o chinesa em Organiza\u00e7\u00f5es Internacionais – como na busca por assumir o papel dos EUA, evidenciado pelo seu comportamento na OMS – e pelo impacto gigantesco demonstrado pela Belt and Road Initiative, sobretudo em zonas perif\u00e9ricas, que se encontram \u00e0 merc\u00ea da sociedade eurocentrista e distanciadas do american way of life<\/em>. <\/p>\n\n\n\n

O segundo cen\u00e1rio seria uma retomada da lideran\u00e7a americana, profundamente determinada tamb\u00e9m com o multilateralismo, mas com o multilateralismo das Democracias Ocidentais, no qual as regras do jogo s\u00e3o mais transparentes e que j\u00e1 foi experienciado pelo mundo – contudo, experienciado por um mundo p\u00f3s-Guerra Fria. O mundo no qual vivemos hoje, com uma Uni\u00e3o Europeia isolada, al\u00e9m do retorno do protecionismo exacerbado e das hard-politics <\/em>imp\u00f5e uma dif\u00edcil miss\u00e3o \u00e0 Administra\u00e7\u00e3o Biden de restabelecer o papel dos Estados Unidos como protagonista da Sociedade Internacional, e de retomar o multilateralismo como ferramenta fundamental da pol\u00edtica externa americana.<\/p>\n\n\n\n


\n\n\n\n

25 de maio de 2021<\/p>\n\n\n\n

Coordenado por Miguel Gomes<\/p>\n\n\n\n

Realizado pelos Estagi\u00e1rios:<\/p>\n\n\n\n

Francisca Antunes<\/p>\n\n\n\n

Lara Gomes Ribeiro<\/p>\n\n\n\n

Lucas Itida<\/p>\n\n\n\n

Paulo Viana<\/p>\n\n\n\n


\n\n\n\n

Bibliografia\u00a0<\/strong><\/p>\n\n\n\n

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\n\n\n\n

[1]<\/span><\/a> Ramos, A. L. F. (19 de fevereiro 2021), Tradewar China-EUA,<\/em> II Winter Crash Course: A Rep\u00fablica Popular da China (webinar), Centro de Estudos do Curso de Rela\u00e7\u00f5es Internacionais, Universidade do Minho.\u00a0<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

Introdu\u00e7\u00e3o Desde Nixon e a pol\u00edtica do ping-pong dos anos 1970, quando houve uma evidente aproxima\u00e7\u00e3o nas rela\u00e7\u00f5es bilaterais entre Estados Unidos e China, o v\u00ednculo entre os dois pa\u00edses nunca chegou a um est\u00e1gio de disrup\u00e7\u00e3o t\u00e3o cr\u00edtico como durante a administra\u00e7\u00e3o Trump. A famosa Trade-War, e os consequentes confrontos entre os dois pa\u00edses… Ler mais »Diante de uma nova transi\u00e7\u00e3o de poder? A rela\u00e7\u00e3o China-Estados Unidos e a amea\u00e7a \u00e0 ordem liberal<\/span><\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":6410,"comment_status":"closed","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"neve_meta_sidebar":"","neve_meta_container":"","neve_meta_enable_content_width":"","neve_meta_content_width":0,"neve_meta_title_alignment":"","neve_meta_author_avatar":"","neve_post_elements_order":"","neve_meta_disable_header":"","neve_meta_disable_footer":"","neve_meta_disable_title":"","footnotes":""},"categories":[25],"tags":[],"class_list":["post-6407","post","type-post","status-publish","format-standard","has-post-thumbnail","hentry","category-reflexoes-edj"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/6407","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=6407"}],"version-history":[{"count":4,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/6407\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":6414,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/6407\/revisions\/6414"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media\/6410"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=6407"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=6407"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=6407"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}