{"id":7835,"date":"2022-03-26T11:13:29","date_gmt":"2022-03-26T11:13:29","guid":{"rendered":"https:\/\/eurodefense.pt\/?p=7835"},"modified":"2023-02-20T18:03:26","modified_gmt":"2023-02-20T18:03:26","slug":"consideracoes-relativas-ao-debate-sobre-as-questoes-energeticas","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/eurodefense.pt\/consideracoes-relativas-ao-debate-sobre-as-questoes-energeticas\/","title":{"rendered":"Considera\u00e7\u00f5es relativas ao debate sobre as quest\u00f5es energ\u00e9ticas"},"content":{"rendered":"\n
1\u00aa Sess\u00e3o<\/p>\n\n\n\n
Depois da sess\u00e3o informativa e atrav\u00e9s da leitura do policy brief “Climate of cooperation: How the EU can deliver a Green Grand Bargain” (Clark, Dennison & Engstr\u00f6m, 2021) e do artigo “The geopolitics of the European Green Deal” (Leonard et al, 2021), os estagi\u00e1rios participaram num debate em que surgiram as seguintes perguntas, cuja resposta e conclus\u00f5es havidas se juntam:<\/p>\n\n\n\n At\u00e9 que ponto a transi\u00e7\u00e3o verde, pretendida pela UE, estruturalmente interligada a recursos minerais e metais, geograficamente concentrados, sobretudo na China, n\u00e3o ser\u00e1 o assinar de uma depend\u00eancia sentenciadora e perpetuadora de uma Europa ecologicamente \u201casfixiada\u201d com o r\u00f3tulo de \u201ccarca\u00e7a europeia\u201d?<\/span><\/em><\/p>\n\n\n\n Com a Europa a produzir apenas cerca de 3% das mat\u00e9rias-primas essenciais para a transi\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica, \u00e9 fundamental que a UE estabele\u00e7a rela\u00e7\u00f5es com os pa\u00edses exportadores desses recursos. No entanto, as ind\u00fastrias ter\u00e3o um papel importante na transi\u00e7\u00e3o para energias renov\u00e1veis, visto que, por exemplo, \u00e9 imperativo que a ind\u00fastria autom\u00f3vel coloque no mercado apenas ve\u00edculos el\u00e9tricos para que n\u00e3o haja (tantos) carros poluentes. Tendo em conta que a China \u00e9 a maior exportadora dessas mat\u00e9rias-primas, \u00e9 importante que rela\u00e7\u00f5es entre a UE e a China sejam estabelecidas nesse sentido, ainda que n\u00e3o seja desej\u00e1vel uma depend\u00eancia, visto que as mat\u00e9rias-primas referidas s\u00e3o essenciais n\u00e3o s\u00f3 para baterias e outras tecnologias, mas tamb\u00e9m para fins militares. Contudo, n\u00e3o \u00e9 sustent\u00e1vel, por agora, que a Europa suporte a extra\u00e7\u00e3o nem o refinamento, tratamento ou o assembly<\/em> dos materiais, pelo que \u00e9 necess\u00e1rio que haja uma estrat\u00e9gia clara para que as ind\u00fastrias europeias possam participar em uma ou v\u00e1rias fases da cadeia de produ\u00e7\u00e3o destes materiais.<\/p>\n\n\n\n Que medidas a UE ter\u00e1 de adotar para assegurar uma transi\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica \u201cjusta\u201d, com a utiliza\u00e7\u00e3o de fontes limpas de energia e, ao mesmo tempo, eficientes, j\u00e1 que muitos Estados-Membros est\u00e3o preocupados com a distribui\u00e7\u00e3o dos custos e benef\u00edcios dessa transi\u00e7\u00e3o?<\/span><\/em><\/p>\n\n\n\n Os Estados Unidos da Am\u00e9rica foram precursores na proposta de uma transi\u00e7\u00e3o justa entre estados, mas a realidade comparada com a Uni\u00e3o Europeia \u00e9 distinta: a UE tem bastante regulamenta\u00e7\u00e3o e a transi\u00e7\u00e3o justa \u00e9 uma das grandes preocupa\u00e7\u00f5es da Comiss\u00e3o Europeia, de tal modo que s\u00e3o disponibilizadas verbas para apoiar as popula\u00e7\u00f5es dos Estados-membros. Em pa\u00edses ainda muito dependentes da ind\u00fastria do carv\u00e3o, como a Pol\u00f3nia, mas tamb\u00e9m a Alemanha e a Espanha, onde a transi\u00e7\u00e3o ter\u00e1 de ser r\u00e1pida e s\u00fabita para atingir os objetivos da EU de 2030, foi desenvolvida uma estrat\u00e9gia espec\u00edfica para atenuar as consequ\u00eancias negativas sobre esses pa\u00edses, como o desemprego de trabalhadores empregados na ind\u00fastria do carv\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n Como pode a UE conciliar a sua ambi\u00e7\u00e3o de liderar a luta contra as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas e a depend\u00eancia numa parceria com os EUA como impedimento de retalia\u00e7\u00e3o comercial \u00e0s medidas do Green Deal?<\/span><\/em><\/p>\n\n\n\n Os EUA reconhecem que a UE \u00e9 a grande pioneira na transi\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica, mas ainda assim o pa\u00eds \u00e9 uma grande pot\u00eancia mundial energ\u00e9tica, como grande exportador de petr\u00f3leo e g\u00e1s e, portanto, seria afetado pelas medidas protecionistas europeias. \u00c9 dif\u00edcil impedir a retalia\u00e7\u00e3o comercial por parte dos EUA, visto que, apesar de estarem interessados na transi\u00e7\u00e3o, o pa\u00eds sabe que grande parte da sua riqueza e hegemonia resulta das exporta\u00e7\u00f5es de energias poluentes. Dito isto, a melhor estrat\u00e9gia seria internacionalizar o Green Deal<\/em> e envolver os EUA no projeto.<\/p>\n\n\n\n Como \u00e9 que a UE conseguiria internacionalizar o European Green Deal? Os 10% dos MFF 2021-2027 indicados no artigo “The geopolitics of the European Green Deal”, cerca de 60 milh\u00f5es de euros, s\u00e3o um n\u00famero pensado e que torna a eventual estrat\u00e9gia realiz\u00e1vel?<\/em><\/p>\n\n\n\n O investimento destinado n\u00e3o \u00e9 muito grande, dado que a UE est\u00e1 a direcionar o seu or\u00e7amento para v\u00e1rias \u00e1reas em simult\u00e2neo. Por exemplo o investimento em hidrog\u00e9nio verde \u00e9 fundamental para a transi\u00e7\u00e3o verde, visto que n\u00e3o \u00e9 uma \u00e1rea a que os restantes pa\u00edses deem aten\u00e7\u00e3o, devido ao seu custo elevado, ainda que seja necess\u00e1rio para o futuro da ind\u00fastria e para serem atingidas as metas de neutralidade carb\u00f3nica. De modo a internacionalizar o Green Deal<\/em>, a UE pode apoiar os pa\u00edses da vizinhan\u00e7a produtores de combust\u00edveis f\u00f3sseis que ser\u00e3o afetados diretamente pela transi\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica (\u00c1frica, Golfo). H\u00e1 ainda \u00e1reas de interesse global como o \u00c1rtico e o derretimento do permafrost<\/em>, em que a UE pode liderar uma estrat\u00e9gia global, investindo, assim, naquilo que se chama \u201cdiplomacia verde\u201d.<\/p>\n\n\n\n 2\u00aa Sess\u00e3o<\/p>\n\n\n\n Para a segunda sess\u00e3o, o Coronel Eduardo Caetano de Sousa convidou a Engenheira Ana Filipa Godinho para falar sobre o tema \u201cPol\u00edticas Ambientais na Defesa Nacional\u201d. Em primeiro lugar, foram referidos os desenvolvimentos a n\u00edvel estrat\u00e9gico da Defesa Nacional no que diz respeito \u00e0s pol\u00edticas ambientais. Em Portugal, a Diretiva Ambiental e a Lei de Bases do Clima d\u00e3o algumas orienta\u00e7\u00f5es aos organismos da defesa para encararem estas quest\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n De seguida, apresentaram-se um conjunto de exemplos de boas pr\u00e1ticas implementadas pela Defesa Nacional focadas no combate \u00e0s Altera\u00e7\u00f5es Clim\u00e1ticas: energia; amianto; economia circular; biodiversidade. Em simult\u00e2neo, a Engenheira Ana Godinho elencou as v\u00e1rias certifica\u00e7\u00f5es da Defesa Nacional a n\u00edvel ambiental.<\/p>\n\n\n\n Por\u00e9m, o Minist\u00e9rio da Defesa Nacional depara-se com alguns desafios no que concerne esta quest\u00e3o. Como exemplos, existe uma escassez de recursos humanos com forma\u00e7\u00e3o ambiental; o financiamento e os mecanismos financeiros comportam sempre uma grande burocracia associada; v\u00e1rias entidades externas desconhecem todo o trabalho realizado nestas quest\u00f5es; existem uma s\u00e9rie de condicionantes operacionais; n\u00famero imenso de instala\u00e7\u00f5es e grande dispers\u00e3o geogr\u00e1fica.<\/p>\n\n\n\n Ap\u00f3s a apresenta\u00e7\u00e3o, iniciou-se um debate e os estagi\u00e1rios colocaram um conjunto de quest\u00f5es \u00e0 oradora convidada:<\/p>\n\n\n\n Muitos cientistas apoiam a ideia de que o sistema atual impede qualquer tentativa de revers\u00e3o da destrui\u00e7\u00e3o do planeta, isto porque o crescimento (econ\u00f3mico) encontra-se em trade-off com a conserva\u00e7\u00e3o do planeta. Como \u00e9 que Portugal, um pa\u00eds tipicamente pequeno na escala de relev\u00e2ncia internacional, pode virar o paradigma e dar o exemplo? <\/span><\/em><\/p>\n\n\n\n Portugal \u00e9 um pa\u00eds pequeno, que pode contribuir a seu favor. A nossa pegada ecol\u00f3gica \u00e9 mais reduzida. N\u00e3o temos for\u00e7as militares em n\u00famero compar\u00e1vel com as grandes pot\u00eancias europeias (Fran\u00e7a e Alemanha). Temos a possibilidade, dentro da \u00e1rea de defesa, de ser neutros a n\u00edvel carb\u00f3nico com a prata da casa. A n\u00edvel da floresta, dispomos de um campo de tiro com cerca de oito mil hectares. A n\u00edvel da for\u00e7a \u00e1rea, o planeamento da neutralidade carb\u00f3nica tamb\u00e9m j\u00e1 foi alicer\u00e7ado em distintas estrat\u00e9gias. Contudo, a nossa possibilidade de mudar o paradigma \u00e9 com pequenas medidas. Com um n\u00famero de for\u00e7as armadas mais reduzidas, isso poder-nos-\u00e1 catapultar para a vanguarda, quando se olha para o n\u00famero de Estados a atingir a neutralidade carb\u00f3nica na \u00e1rea da defesa.<\/p>\n\n\n\n De que forma \u00e9 que as medidas implementadas pela Defesa Nacional podem ter um maior impacto no objetivo de autonomia sustent\u00e1vel a que Portugal se comprometeu?<\/span><\/em><\/p>\n\n\n\n \u00c9 ut\u00f3pico assumir que a defesa nacional vai ser neutra em carbono at\u00e9 2030, pela quest\u00e3o que dispomos de m\u00faltiplos acordos em termos de atividade militar, estando essa forte presen\u00e7a militar aliada a maiores emiss\u00f5es para a estat\u00edstica. Em suma, o empenho das for\u00e7as armadas em serem mais ativas encontra-se em trade-off <\/em>claro com a sua pegada ecol\u00f3gica (durante a pandemia, pelo facto de que at\u00e9 militares estiveram em teletrabalho, os dados demonstram uma menor emiss\u00e3o de gases com efeitos estufa por parte da defesa nacional).<\/p>\n\n\n\n Dado o reconhecimento da crise clim\u00e1tica como uma emerg\u00eancia, at\u00e9 que ponto \u00e9 que uma Lei de Bases \u00e9 suficiente, sendo que carece de legisla\u00e7\u00e3o complementar e mais concreta no imediato? Com a mudan\u00e7a do panorama parlamentar portugu\u00eas, o qu\u00e3o elevado pode vir a ser o risco de decl\u00ednio da seriedade com estas diretrizes s\u00e3o encaradas?<\/span><\/em><\/p>\n\n\n\n A Lei de Bases do Clima, por ser bastante recente, n\u00e3o nos d\u00e1 diretrizes concretas sobre o que fazer ou como agir. Contudo, a n\u00edvel de defesa nacional, facilitou o trabalho no sentido que a integrou nas atividades que devem ser levadas a cabo para que se consiga atingir a t\u00e3o ambicionada neutralidade carb\u00f3nica. O programa EcoAP trar\u00e1 fortes melhorias do desempenho destas metas, pelo que a mudan\u00e7a do panorama pol\u00edtico portugu\u00eas, por n\u00e3o mudar muito o rumo que foi tecido ao longo dos \u00faltimos 6 anos, trar\u00e1 uma previsibilidade (e consequente estabilidade) no que se vai fazer. N\u00e3o obstante, ter\u00e1 de ser feita mais legisla\u00e7\u00e3o de forma a incluir o mercado privado dentro destas metas.<\/p>\n\n\n\n Relativamente ao objetivo de \u201cpromover o desenvolvimento sustent\u00e1vel\u201d e tendo em conta que as empresas que usam energias n\u00e3o renov\u00e1veis ou que contenham GEEs t\u00eam, logicamente, capacidade monet\u00e1rias de investimento em tecnologias e energias renov\u00e1veis diferentes, como \u00e9 que a UE poder\u00e1 promover a transi\u00e7\u00e3o sem recorrer, por exemplo, a san\u00e7\u00f5es sobre consumos excessivos ou degradantes para o ambiente?<\/span><\/em><\/p>\n\n\n\n Um dos requisitos do estabelecimento entre uma parceria entre o Estado e uma empresa privada poder\u00e1 passar, no futuro, por crit\u00e9rios como um plano de sustentabilidade integrado dentro dos objetivos organizacionais. Com\u00e9rcio de licen\u00e7as de emiss\u00e3o de carbono: dar uma carta branca a certas empresas, na medida em que eles podem poluir mais do que aquilo que devem, pagando depois a quem polui menos para manter um total equilibrado. Se n\u00e3o houver um maior controlo do Estado neste sentido, poderemos ter um problema grave daqui para a frente.<\/p>\n\n\n\n 3\u00ba Sess\u00e3o<\/p>\n\n\n\n \u201cControl of the Space means control of the world (\u2026). Space is the ultimate position, position of total control over the Earth.\u201d<\/em><\/p>\n\n\n\n Presidente Americano Lyndon Johnson (1963-1969)<\/em><\/p>\n\n\n\n Na terceira e \u00faltima sess\u00e3o, o Tenente-Coronel Pedro Miguel da Silva Costa trouxe o tema da \u201cGeopol\u00edtica no Espa\u00e7o Exterior\u201d. Aqui, foi feito um enquadramento relativamente \u00e0 din\u00e2mica da atual explora\u00e7\u00e3o do Espa\u00e7o Exterior, assim como da import\u00e2ncia do seu estudo no dom\u00ednio da seguran\u00e7a e da defesa no contexto das Rela\u00e7\u00f5es Internacionais.<\/p>\n\n\n\n Ap\u00f3s uma breve passagem hist\u00f3rica sobre o desenvolvimento da explora\u00e7\u00e3o espacial, foi discutido como o espa\u00e7o veio a ser um vetor capaz de multiplicar o uso da for\u00e7a, uma nova dimens\u00e3o de poder \u2013 complementado outros vetores da geopol\u00edtica cl\u00e1ssicos, este torna-se tamb\u00e9m uma arena ideol\u00f3gica, tecnol\u00f3gica, e um palco para dissuas\u00e3o. Esta multiplica\u00e7\u00e3o adv\u00e9m do facto da tecnologia espacial ser capaz de, entre outros, assegurar sistemas de comunica\u00e7\u00e3o superiores, assim como a efic\u00e1cia e efici\u00eancia dos recursos utilizados nas opera\u00e7\u00f5es militares.<\/p>\n\n\n\n Hodiernamente, o espa\u00e7o \u00e9 um local altamente contestado e congestionado, n\u00e3o apenas pelos tradicionais atores estatais, mas tamb\u00e9m por atores privados. Em 2021 foi registado um aumento de 30% nos lan\u00e7amentos de sat\u00e9lites[1]<\/strong><\/span><\/a> comparado ao ano transato, dos quais na sua grande parte responsabilidade dos Estados Unidos e para efeitos comerciais. Empresas como a Space X<\/em> adquirem um posicionamento fundamental nas quest\u00f5es espaciais, que devido a um vazio legal na mat\u00e9ria, ficam quase equiparadas \u2013 se n\u00e3o completamente \u2013 aos Estados.<\/p>\n\n\n\n A primeira quest\u00e3o levantada foi precisamente sobre o perigo que estas entidades poder\u00e3o representar uma vez que n\u00e3o foram partes signat\u00e1rias do passado Tratado do Espa\u00e7o Exterior: <\/p>\n\n\n\n Face ao facto de termos cada vez mais empresas no espa\u00e7o, e outras com capacidades militares, n\u00e3o ser\u00e1 perigoso n\u00e3o haver legisla\u00e7\u00e3o para regulamentar o espa\u00e7o exterior?<\/span><\/em><\/p>\n\n\n\n De facto, o Tratado de 1967 \u00e9 uma das poucas bases legais para o efeito. Houveram depois tratados mais singulares a respeito da gest\u00e3o da Lua ou outras quest\u00f5es particulares, por\u00e9m nada com a ambival\u00eancia do anterior referido. Como mencionado, estas n\u00e3o fizeram parte signat\u00e1ria, havendo ent\u00e3o um vazio sobre a (i)legalidade da sua a\u00e7\u00e3o. Ademais, no \u00e2mbito daquilo que s\u00e3o as Rela\u00e7\u00f5es Internacionais, deve ser salientado o facto de que alguns pa\u00edses j\u00e1 desenvolveram leis a respeito da explora\u00e7\u00e3o espacial enquanto outros ainda est\u00e3o muito aqu\u00e9m. O Luxemburgo foi aqui mencionado como um exemplo europeu de um Estado com leis espaciais em bom caminho de desenvolvimento, v\u00e1rios sat\u00e9lites em \u00f3rbita e sede para tamb\u00e9m m\u00faltiplas empresas espaciais. E de facto, sim, \u00e9 perigosa a falta de garantias que num futuro pr\u00f3ximo uma destas empresas n\u00e3o alcance algo assinal\u00e1vel \u2013 como a chegada a Marte \u2013 e afirme \u201cisto \u00e9 meu\u201d. Para salvaguardar o Sistema Internacional de poss\u00edveis situa\u00e7\u00f5es semelhantes, h\u00e1 um comit\u00e9 na Organiza\u00e7\u00e3o das Na\u00e7\u00f5es Unidas encarregado de discutir estas quest\u00f5es, por\u00e9m com pouca efic\u00e1cia devido a quest\u00f5es de unanimidade. Neste contexto \u00e9 importante perceber a premissa de que atores espaciais s\u00e3o n\u00e3o apenas quem coloca os sat\u00e9lites no espa\u00e7o, mas sim quem faz utiliza\u00e7\u00e3o deles\/da sua informa\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n Em follow-up<\/em>, uma quest\u00e3o coloca a validade do Tratado em debate: Uma vez que o Tratado de 1967 est\u00e1 algo que obsoleto (tendo em conta, entre outros, este vazio legal privado), por que motivos n\u00e3o \u00e9 lavrado um novo tratado?<\/em><\/span><\/p>\n\n\n\n E aqui a resposta \u00e9 t\u00e3o complexa como simples: a necessidade de unanimidade entre os contratualistas acaba por ser uma peia. Outrossim, atores como os Estados Unidos fazem uma press\u00e3o consider\u00e1vel para o seguimento do status quo<\/em> uma vez que aproveitam a liberdade que este lhes garante. Isto \u00e9, um novo tratado traria quase que obrigatoriamente quotas de sat\u00e9lites, quest\u00f5es de transpar\u00eancia na utiliza\u00e7\u00e3o destes (o seu verdadeiro prop\u00f3sito), responsabilidades em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 limpeza do espa\u00e7o, entre outros.<\/p>\n\n\n\n A quest\u00e3o energ\u00e9tica adv\u00e9m do inc\u00f3gnito que ainda \u00e9 em grande parte a explora\u00e7\u00e3o de min\u00e9rios no espa\u00e7o. O Tenente-Coronel indica aqui que ainda estamos numa fase de \u201cprojeto\u201d em rela\u00e7\u00e3o \u00e0 explora\u00e7\u00e3o destes, por\u00e9m que grandes riscos vir\u00e3o assim que for poss\u00edvel a extra\u00e7\u00e3o e o transporte para a terra de novos materiais e prov\u00e1veis fontes de energia. Referiu ainda que, \u201cassim que uma empresa come\u00e7ar a transportar mat\u00e9rias-primas e metais preciosos para a terra, seguir\u00e3o muitas mais\u201d, e mais uma vez ca\u00edmos no sublinhado vazio legal.<\/p>\n\n\n\n O \u00faltimo ponto levantado alicer\u00e7ou-se no papel da Uni\u00e3o Europeia para a mencionada regulamenta\u00e7\u00e3o, com os esfor\u00e7os traduzidos no Tratado de Lisboa, e nas oportunidades que Estados europeus possuem para serem pot\u00eancias espaciais. Nesta disposi\u00e7\u00e3o, foi questionada qual dever\u00e1 ser a postura de Portugal relativamente ao aproveitamento das condi\u00e7\u00f5es do pa\u00eds (como o fator localiza\u00e7\u00e3o) para se \u201clan\u00e7ar\u201d para o espa\u00e7o.<\/em> As conclus\u00f5es foram particularmente positivas, em especial devido ao valor estrat\u00e9gico da localiza\u00e7\u00e3o dos Arquip\u00e9lagos dos A\u00e7ores e da Madeira. Estando no meio do Atl\u00e2ntico lan\u00e7amentos podem ser feitos de forma segura, uma vez que potenciais quedas cairiam no mar, n\u00e3o colocando em risco pessoas ou infraestruturas. Uma vez que o espa\u00e7o terrestre nas ilhas \u00e9 relativamente escasso, e seria dif\u00edcil a constru\u00e7\u00e3o de todo um cluster<\/em> aeron\u00e1utico e aeroespacial, uma boa oportunidade para Portugal ser\u00e1 utilizar as ilhas para o efetivo lan\u00e7amento dos sat\u00e9lites e ademais, enquanto que toda a prepara\u00e7\u00e3o dos componentes se mantivesse em Portugal Continental e se fizesse depois atrav\u00e9s de barcos a travessia \u2013 usando o caso franc\u00eas entre a constru\u00e7\u00e3o em Fran\u00e7a (Toulouse) e o lan\u00e7amento na Guin\u00e9-Francesa como exemplo. Esta \u00e9 uma oportunidade que Portugal verdadeiramente deveria considerar, uma vez que existem grandes empresas que j\u00e1 demonstraram o seu interesse em fazer lan\u00e7amentos atrav\u00e9s dos A\u00e7ores (como a Americana Virgin Orbit e a Alem\u00e3 OHB, entre outras).<\/p>\n\n\n\n Joana Good da Silva<\/p>\n\n\n\n Andr\u00e9 Oliveira<\/p>\n\n\n\n M\u00e1rio Ramada<\/p>\n\n\n\n Francisco Ferreira<\/p>\n\n\n\n Bruno Saraiva<\/p>\n\n\n\n Rodrigo Castro<\/p>\n\n\n\n [1]<\/span><\/strong><\/a> Informa\u00e7\u00e3o retirada da p\u00e1gina Geospatial World, dispon\u00edvel em https:\/\/www.geospatialworld.net\/blogs\/how-many-satellites-are-orbiting-the-earth-in-2021\/<\/span><\/a><\/p>\n\n\n\n NOTA<\/strong>:<\/mark><\/p>\n\n\n\n 1\u00aa Sess\u00e3o A primeira sess\u00e3o sobre as quest\u00f5es energ\u00e9ticas, dirigida pelo Coronel Eduardo Caetano de Sousa, foi dedicada ao papel da Europa enquanto pot\u00eancia clim\u00e1tica e \u00e0s implica\u00e7\u00f5es geopol\u00edticas desta realidade. A ideia de base \u00e9 simples: a Uni\u00e3o Europeia, mesmo n\u00e3o sendo o principal poluidor a n\u00edvel global, deve dar o exemplo e afirmar-se… Ler mais »Considera\u00e7\u00f5es relativas ao debate sobre as quest\u00f5es energ\u00e9ticas<\/span><\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":7836,"comment_status":"closed","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"neve_meta_sidebar":"","neve_meta_container":"","neve_meta_enable_content_width":"","neve_meta_content_width":0,"neve_meta_title_alignment":"","neve_meta_author_avatar":"","neve_post_elements_order":"","neve_meta_disable_header":"","neve_meta_disable_footer":"","neve_meta_disable_title":"","footnotes":""},"categories":[25],"tags":[],"class_list":["post-7835","post","type-post","status-publish","format-standard","has-post-thumbnail","hentry","category-reflexoes-edj"],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7835","targetHints":{"allow":["GET"]}}],"collection":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=7835"}],"version-history":[{"count":2,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7835\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":7966,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/7835\/revisions\/7966"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media\/7836"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=7835"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=7835"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=7835"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}
A primeira sess\u00e3o sobre as quest\u00f5es energ\u00e9ticas, dirigida pelo Coronel Eduardo Caetano de Sousa, foi dedicada ao papel da Europa enquanto pot\u00eancia clim\u00e1tica e \u00e0s implica\u00e7\u00f5es geopol\u00edticas desta realidade. A ideia de base \u00e9 simples: a Uni\u00e3o Europeia, mesmo n\u00e3o sendo o principal poluidor a n\u00edvel global, deve dar o exemplo e afirmar-se como pioneira na luta contra as altera\u00e7\u00f5es clim\u00e1ticas. Devido ao peso que o setor energ\u00e9tico tem na produ\u00e7\u00e3o de gases de efeito estufa, \u00e9 necess\u00e1rio que a a\u00e7\u00e3o clim\u00e1tica da UE seja focada nesta \u00e1rea. Desta forma, em 2019, a Comiss\u00e3o Europeia adotou o European Grean Deal<\/em>, de modo a alcan\u00e7ar a neutralidade carb\u00f3nica at\u00e9 2050. Todavia, a ado\u00e7\u00e3o deste pacto faz nascer novos desafios e complexidades, n\u00e3o s\u00f3 para a pr\u00f3pria UE, como para o resto da comunidade internacional.<\/p>\n\n\n\n
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