{"id":8023,"date":"2022-05-09T12:50:16","date_gmt":"2022-05-09T12:50:16","guid":{"rendered":"https:\/\/eurodefense.pt\/?p=8023"},"modified":"2023-02-20T18:00:45","modified_gmt":"2023-02-20T18:00:45","slug":"guerra-hibrida-vs-gibridnaya-voyna","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/eurodefense.pt\/guerra-hibrida-vs-gibridnaya-voyna\/","title":{"rendered":"Guerra H\u00edbrida VS Gibridnaya Voyna"},"content":{"rendered":"\n
Introdu\u00e7\u00e3o<\/strong><\/p>\n\n\n\n O ambiente moderno \u00e9 desafiado por amea\u00e7as de natureza difusa e h\u00edbrida, intensificadas pelo desenvolvimento tecnol\u00f3gico e pela interdepend\u00eancia inform\u00e1tica, que visam explorar as fraquezas de um pa\u00eds ou determinar o curso pol\u00edtico do mesmo atrav\u00e9s da influ\u00eancia dos valores e princ\u00edpios com recurso a novas formas de guerra.<\/p>\n\n\n\n O conceito de Guerra H\u00edbrida n\u00e3o \u00e9 novo e refere-se ao uso de meios n\u00e3o convencionais como parte de um leque diversificado de meios dentro de um determinado conflito. Podemos verificar a aplica\u00e7\u00e3o de estrat\u00e9gias h\u00edbridas no passado, nomeadamente na Revolu\u00e7\u00e3o Americana (1775 – 1783), com a participa\u00e7\u00e3o e envolvimento de mil\u00edcias e, nas invas\u00f5es napole\u00f3nicas, com as for\u00e7as regulares brit\u00e2nicas a cooperar com guerrilhas (Hoffman, 2007).<\/p>\n\n\n\n O conceito ganhou particular express\u00e3o no conflito da Ucr\u00e2nia em 2014, no qual a R\u00fassia desenvolveu a\u00e7\u00f5es combinadas, com recurso a instrumentos de poder sincronizados, dirigidos e coordenados no mesmo espa\u00e7o de batalha para alcan\u00e7ar efeitos sin\u00e9rgicos nas diferentes dimens\u00f5es f\u00edsica e psicol\u00f3gica do conflito, a utiliza\u00e7\u00e3o coordenada de tecnologia com m\u00e9todos de mobiliza\u00e7\u00e3o, combina\u00e7\u00e3o de capacidades disruptivas com formas tradicionais, que foram intensificadas e aplicadas de forma melhorada na invas\u00e3o da Ucr\u00e2nia em 2022.<\/p>\n\n\n\n A Guerra H\u00edbrida \u00e9, assim, a combina\u00e7\u00e3o de meios econ\u00f3micos, sociais, ciber, militares e pol\u00edticos para atingir objetivos concretos. A estrat\u00e9gia n\u00e3o \u00e9 nova e recorre a capacidades que n\u00e3o fazem parte da guerra tradicional para coagir ou subverter o inimigo.<\/p>\n\n\n\n Gibridnaya Voyna<\/em><\/p>\n\n\n\n O termo \u201cGuerra H\u00edbrida\u201c ou, no termo anglo-sax\u00f3nico, \u201cHybrid Warfare\u201d <\/em>\u00e9 a denomina\u00e7\u00e3o militar ocidental para a \u201cutiliza\u00e7\u00e3o combinada de meios convencionais e n\u00e3o militares\u201d (G\u00f6ransson, 2021).<\/p>\n\n\n\n Feita uma an\u00e1lise ao conceito russo podemos concluir que se trata de uma teoriza\u00e7\u00e3o totalmente diferente do conceito ocidental, ao inv\u00e9s podemos constatar que a doutrina russa tentou conceptualizar o termo de acordo com a experi\u00eancia e o contexto pol\u00edtico-militar russo e o pr\u00f3prio entendimento do fen\u00f3meno a que chamamos \u201cguerra\u201d (Fridman, 2018).<\/p>\n\n\n\n A an\u00e1lise russa \u00e9 feita \u00e1 luz do discurso e da experi\u00eancia vivida durante a Guerra Fria e das a\u00e7\u00f5es militares realizadas por parte do ocidente. Hodiernamente, o conceito Gibridnaya Voyna<\/em> tem na sua g\u00e9nese a ideia leninista de que existem \u201cconstant threats from abroad and within\u201d, <\/em>que representam uma amea\u00e7a \u00e1 soberania russa (Nilsson, 2021).<\/p>\n\n\n\n Da an\u00e1lise da Guerra Fria e as causas da derrota sovi\u00e9tica tem levado estrategas e doutrinadores a inovar em dois aspetos: primeiro, a destrui\u00e7\u00e3o do esp\u00edrito do advers\u00e1rio atrav\u00e9s da eros\u00e3o da cultura, valores e autoestima; e um destaque especial para instrumentos pol\u00edticos, informacionais e econ\u00f3micos em vez de apostar na for\u00e7a militar e nos danos f\u00edsicos.<\/p>\n\n\n\n Enquanto que por um lado, o conceito Ocidental implica uma mistura de elementos, incluindo for\u00e7as regulares e irregulares incorporadas numa combina\u00e7\u00e3o de m\u00e9todos operacionais e t\u00e1ticos, por outro lado, o conceito russo defende um campo de batalha mais abstrato, em que as partes conflituantes procuram destruir a coes\u00e3o sociocultural dos inimigos e proteger a sua pr\u00f3pria,<\/p>\n\n\n\n Uma an\u00e1lise criteriosa ao conceito Gibridnaya Voyna <\/em>evidencia a sua distin\u00e7\u00e3o relativamente ao termo americano Hybrid Warfare<\/em>. Enquanto a teoria russa gira \u00e1 volta de ideias abstratas e engloba a esfera da vida publica, a pol\u00edtica, a economia, o desenvolvimento social, a cultura e o recurso direto \u00e1 for\u00e7a militar convencional, o conceito americano \u00e9 diferente e refere-se primordialmente a t\u00e1ticas militares e operacionais direcionadas e coordenadas dentro do campo de batalha principal para alcan\u00e7ar efeitos sin\u00e9rgicos. Adicionalmente, enquanto o conceito de Guerra H\u00edbrida Ocidental est\u00e1 mais relacionado com opera\u00e7\u00f5es e t\u00e1ticas militares, o termo russo apresenta um conjunto de ideias mais amplo, envolve todas as esferas da vida p\u00fablica do pa\u00eds e \u00e9 caracterizado pelo seu principal objetivo em atingir as mentes humanas e por uma acentuada opera\u00e7\u00e3o de informa\u00e7\u00e3o e guerra psicol\u00f3gica (PSY-OPS).<\/p>\n\n\n\n A abordagem russa, portanto, n\u00e3o esta limitada \u00e1 atividade militar no campo de batalha. O principal objetivo deste tipo de guerra \u00e9 destruir o inimigo atrav\u00e9s das vias hibridas, tais como: a ideologia, a informa\u00e7\u00e3o, o setor financeiro, a politica, amea\u00e7as diplom\u00e1ticas em simult\u00e2neo com amea\u00e7as nucleares ou meios tecnol\u00f3gicos que arrasem os par\u00e2metros socioculturais, enquanto consegue denegrir e enfraquecer a NATO; prejudicar e influenciar os governos pr\u00f3-ocidentais; criar um precedente para a guerra; e anexar territ\u00f3rios com especial preval\u00eancia sobre pa\u00edses ex-sovi\u00e9ticos (Fridman, 2018).<\/p>\n\n\n\n O conflito de 2022<\/strong><\/p>\n\n\n\n Estes s\u00e3o apenas alguns exemplos da pan\u00f3plia de op\u00e7\u00f5es da guerra h\u00edbrida que a R\u00fassia tem levado a cabo contra a Ucr\u00e2nia nos \u00faltimos oito anos. Aquilo que agora se tornou noticia medi\u00e1tica tem sido a realidade ucraniana durante todo este tempo. Na Gibridnaya Voyna<\/em> o importante s\u00e3o os m\u00e9todos n\u00e3o militares que desempenham um papel fundamental. O essencial n\u00e3o reside na tomada de territ\u00f3rio, mas sim provocar e gerar influencia no interior do territ\u00f3rio advers\u00e1rio. Aquilo que se pretende \u00e9 colocar a m\u00e1xima press\u00e3o sobre a Ucr\u00e2nia, em particular nos assuntos internos \u2013 com o objetivo de colocar os seus interesses em un\u00edssono com os interesses russos. O que se pretende \u00e9 aumentar o n\u00edvel de fadiga at\u00e9 quebrar o n\u00edvel de resist\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n A Ucr\u00e2nia tem sido tamb\u00e9m alvo de ciberataques contra o Minist\u00e9rio da Defesa e contra os maiores bancos ucranianos, nomeadamente o PrivatBank e o JSC Oschadbank. Desde o in\u00edcio do conflito que as opera\u00e7\u00f5es de informa\u00e7\u00e3o tiveram uma fun\u00e7\u00e3o facilitadora das opera\u00e7\u00f5es em Lugansk e Donetsk, enquanto o parlamento russo estava prestes a declarar as regi\u00f5es como independentes.<\/p>\n\n\n\n Por outro lado, o conflito na Ucr\u00e2nia em 2022 abre um novo cap\u00edtulo no uso de for\u00e7as convencionais numa Guerra H\u00edbrida. Inicialmente verificamos que a R\u00fassia deslocou quantidades massivas de for\u00e7as convencionais para a fronteira com a Ucr\u00e2nia e efetuou opera\u00e7\u00f5es r\u00e1pidas e em simult\u00e2neo com opera\u00e7\u00f5es de informa\u00e7\u00e3o na R\u00fassia e na Ucr\u00e2nia, tentando dissimular ao m\u00e1ximo a sua presen\u00e7a em solo ucraniano. Esta t\u00e1tica tem como principal objetivo a intima\u00e7\u00e3o e coer\u00e7\u00e3o pol\u00edtica e serve de elemento dissuasor contra qualquer interven\u00e7\u00e3o direta por parte do ocidente. Esta manobra serve tamb\u00e9m para mobilizar as aten\u00e7\u00f5es para a fronteira ucraniana enquanto as opera\u00e7\u00f5es nas regi\u00f5es mais significativas se desenvolviam.<\/p>\n\n\n\n Estas duas vertentes desempenham um papel fundamental nas opera\u00e7\u00f5es russas e s\u00e3o os elementos principais da Guerra H\u00edbrida russa. Estas manobras evidenciam a correla\u00e7\u00e3o entre a tecnologia e a Guerra H\u00edbrida, assim como a import\u00e2ncia de recorrer a todos os meios dispon\u00edveis e em simult\u00e2neo de forma coordenada.<\/p>\n\n\n\n A Guerra H\u00edbrida russa do s\u00e9c. XXI demonstra o predom\u00ednio dos meios n\u00e3o militares em simult\u00e2neo com uma injustific\u00e1vel destrui\u00e7\u00e3o f\u00edsica, para obrigar a Ucr\u00e2nia a aceitar as condi\u00e7\u00f5es que a R\u00fassia pretende \u2013 intensificando as a\u00e7\u00f5es em v\u00e9speras de negocia\u00e7\u00e3o. Estas a\u00e7\u00f5es n\u00e3o militares russas podem incluir a press\u00e3o econ\u00f3mica (em particular no setor energ\u00e9tico), emiss\u00e3o de passaportes a refugiado que escolham a R\u00fassia como o seu ref\u00fagio ou o recurso ao veto no Conselho de Seguran\u00e7a da ONU. Em suma a Federa\u00e7\u00e3o Russa recorre a uma zona cinzenta, onde podemos incluir opera\u00e7\u00f5es no ciberespa\u00e7o, em simult\u00e2neo com a for\u00e7a convencional atacando de forma indiscriminada, para aumentar a probabilidade de sucesso. <\/p>\n\n\n\n Apesar do conflito na Ucr\u00e2nia ser predominantemente uma guerra f\u00edsica, s\u00e3o aplicados elementos informacionais, tornando o discurso estrat\u00e9gico crucial para criar a perce\u00e7\u00e3o ideal da guerra e abrir caminho a novas negocia\u00e7\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n Estrat\u00e9gia<\/strong><\/p>\n\n\n\n Depois de uma an\u00e1lise ao conceito principal desta reflex\u00e3o, resta deixar algumas considera\u00e7\u00f5es sobre o pensamento e a estrat\u00e9gia russa para o futuro, que acaba por resumir e oferecer uma poss\u00edvel explica\u00e7\u00e3o para o fim de uma longa e est\u00e1vel rela\u00e7\u00e3o entre o Ocidente e a R\u00fassia.<\/p>\n\n\n\n No dia 2 de julho de 2021, o Presidente Vladimir Putin promulgou a Estrat\u00e9gia Nacional de Seguran\u00e7a da Federa\u00e7\u00e3o Russa 2021, que vem atualizar a vers\u00e3o adotada a 31 de dezembro de 2015.<\/p>\n\n\n\n Este documento descreve a postura estrat\u00e9gica e o posicionamento geopol\u00edtico da R\u00fassia, \u00e9 a base que serve de refer\u00eancia para todas as atualiza\u00e7\u00f5es nos restantes dom\u00ednios, incluindo a doutrina militar e a Pol\u00edtica Externa.<\/p>\n\n\n\n O documento de Seguran\u00e7a de Moscovo demonstra a mudan\u00e7a estrat\u00e9gica da R\u00fassia, com a inten\u00e7\u00e3o de prosseguir um caminho de forma individual no contexto internacional. Este novo paradigma pode significar um futuro muito inst\u00e1vel, em particular na Regi\u00e3o Polar. Moscovo posiciona-se no contexto internacional de uma forma totalmente inovadora, em consequ\u00eancia da crescente instabilidade geopol\u00edtica (Elizabeth Buchanan, RUSI).<\/p>\n\n\n\n A Estrat\u00e9gia de Seguran\u00e7a russa aponta para uma autonomiza\u00e7\u00e3o por parte de Moscovo e o seu isolamento como ator internacional, enquanto refor\u00e7a os interesses e objetivos nacionais. Concomitantemente, podemos verificar que a R\u00fassia est\u00e1 determinada em coexistir no atual sistema internacional enquanto defensora do Conselho de Seguran\u00e7a das Na\u00e7\u00f5es Unidas e o seu princ\u00edpio basilar da \u201cn\u00e3o interfer\u00eancia\u201d nos assuntos internos de outro estado. Adicionalmente, podemos encontrar uma postura totalmente renovada e articulada com a sua estrat\u00e9gia para uma potencial independ\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n A Estrat\u00e9gia Nacional de 2021 procura melhorar a capacidade de relacionamento entre estados, mas afasta-se dos ideais anteriores na qual a R\u00fassia procurava saber como poderia aumentar os n\u00edveis de confian\u00e7a, e com quem a R\u00fassia poderia relacionar-se. Tamb\u00e9m demonstra vontade de aumentar a dist\u00e2ncia e o isolamento relativamente \u00e1 Europa e aos Estados Unidos da Am\u00e9rica. Por outro lado, como ficou provado com a pandemia COVID-19, os estados s\u00e3o cada vez mais interdependentes uns dos outros e n\u00e3o conseguem prevalecer isolados na era da globaliza\u00e7\u00e3o. Esta realidade coloca um grande desafio quando consideramos os interesses estrat\u00e9gicos da R\u00fassia no \u00c1rtico e na Ant\u00e1rtica \u2013 duas zonas nas quais a coopera\u00e7\u00e3o e a colabora\u00e7\u00e3o internacional s\u00e3o particularmente cruciais – com um afastamento significativo de uma coopera\u00e7\u00e3o internacional com benef\u00edcios m\u00fatuos, para um posicionamento mais isolacionista de forma a garantir os interesses da Federa\u00e7\u00e3o Russa na regi\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n Na vers\u00e3o de 2021 podemos constatar que as refer\u00eancias \u00e1 Europa s\u00e3o totalmente inexistente e a sigla \u201cUSA\u201d apenas \u00e9 mencionada duas vezes. Na vers\u00e3o de 2015, existia uma vontade expressa para desenvolver parceria com os EUA em \u00e1reas e interesses m\u00fatuos e um desejo de refor\u00e7ar a coopera\u00e7\u00e3o com os pa\u00edses europeus e a Uni\u00e3o Europeia. Tamb\u00e9m prevalecia a aproxima\u00e7\u00e3o com a NATO com o objetivo de refor\u00e7ar a Seguran\u00e7a no Espa\u00e7o Euro-atl\u00e2ntico. A rela\u00e7\u00e3o de coopera\u00e7\u00e3o e parceria desapareceram e foram alteradas por uma vis\u00e3o \u201ctransit\u00f3ria\u201d das rela\u00e7\u00f5es internacionais. (Cooper, 2021).<\/p>\n\n\n\n No \u00e2mbito militar, o documento demonstra a preocupa\u00e7\u00e3o relativamente aos EUA e a sua inten\u00e7\u00e3o de querer disponibilizar misseis de m\u00e9dio alcance na Europa e o receio dos Estados Unidos da Am\u00e9rica conseguirem desenvolver um sistema global de Defesa antim\u00edsseis.<\/p>\n\n\n\n Uma das diferen\u00e7as que \u00e9 salientada pelo professor na Universidade de Teer\u00e3o, Dr. Jahangir Karami, entre o documento atual e a Estrat\u00e9gia de 2015 \u00e9 a preval\u00eancia sobre os assuntos humanos, a sociedade e o desenvolvimento da popula\u00e7\u00e3o. Uma maior preocupa\u00e7\u00e3o com a sociedade, as diferentes classes sociais, e em particular o apoio aos mais carenciados. A diferen\u00e7a reside no facto de que na anterior Estrat\u00e9gia existia a vontade, mas nunca tinha sido expressa, a qual foi dada especial aten\u00e7\u00e3o no documento de 2021. Tamb\u00e9m ficou estabelecida uma maior prote\u00e7\u00e3o das ra\u00edzes espirituais e da tradi\u00e7\u00e3o da Federa\u00e7\u00e3o Russa. (Karami, Jahangir. 2021).<\/p>\n\n\n\n As tradi\u00e7\u00f5es russas, espirituais e os valores morais, a cultura, a religi\u00e3o e o passado hist\u00f3rico da popula\u00e7\u00e3o s\u00e3o muito enfatizados na Estrat\u00e9gia Nacional de Seguran\u00e7a de 2021. Por outro lado, a estabilidade Estrat\u00e9gia e os assuntos estrat\u00e9gicos a n\u00edvel global s\u00e3o priorizados no documento e os interesses russos nesses dom\u00ednios s\u00e3o de particular import\u00e2ncia.<\/p>\n\n\n\n Karami defende que a Seguran\u00e7a da Informa\u00e7\u00e3o na Estrat\u00e9gia Nacional de 2021 reflete a atual situa\u00e7\u00e3o na R\u00fassia e o mundo do ciberespa\u00e7o, da Internet e das Redes Sociais. Acrescenta ainda que este documento se preocupa com a Seguran\u00e7a Econ\u00f3mica, o que demonstra a vulnerabilidade da economia russa em diversos dom\u00ednios.<\/p>\n\n\n\n A \u00faltima sec\u00e7\u00e3o do documento \u00e9 sobre a estabilidade estrat\u00e9gica onde existe a refer\u00eancia \u00e0s Na\u00e7\u00f5es Unidas e pequenos apontamentos sobre a Zona Econ\u00f3mica Eurasiana, poucas refer\u00eancias sobre a Organiza\u00e7\u00e3o do Tratado de Seguran\u00e7a Coletiva, a Bielorr\u00fassia \u00e9 pouco referida, e a Organiza\u00e7\u00e3o para a Coopera\u00e7\u00e3o de Xangai parece n\u00e3o ser prioridade. Fica evidente que a rela\u00e7\u00e3o com a China n\u00e3o \u00e9 tao linear como se possa pensar e a R\u00fassia est\u00e1 mais isolada com poucos amigos e aliados.<\/p>\n\n\n\n Conclus\u00e3o<\/strong><\/p>\n\n\n\n A estrat\u00e9gia h\u00edbrida russa e as t\u00e1ticas subversivas no conflito com a Ucr\u00e2nia t\u00eam consequ\u00eancias no Ocidente. Efetivamente, terminou com o per\u00edodo de aus\u00eancia de estrat\u00e9gia na Europa de Leste, causa de um prolongado per\u00edodo de d\u00e9tente ap\u00f3s o fim da Guerra Fria, com implica\u00e7\u00f5es para a estrat\u00e9gia securit\u00e1ria, doutrina e na despesa da Defesa. Apesar do modus operandi <\/em>na Ucr\u00e2nia em 2022 ter semelhan\u00e7as com a anterior guerra em 2014, a guerra atual teve um reflexo muito maior nos governos ocidentais devido \u00e1 dimens\u00e3o do pais, a sua localiza\u00e7\u00e3o, e a import\u00e2ncia geoestrat\u00e9gica caso a sua ades\u00e3o \u00e1 Uni\u00e3o Europeia se concretize. No entanto, a evolu\u00e7\u00e3o da denominada \u201copera\u00e7\u00e3o especial\u201d demonstra que a depend\u00eancia russa em guerras por procura\u00e7\u00e3o, com recurso aos chechenos e \u00e0 utiliza\u00e7\u00e3o da subvers\u00e3o pol\u00edtica pode prolongar-se at\u00e9 conseguir destabilizar o inimigo.<\/p>\n\n\n\n Fica provada a import\u00e2ncia da teoria desenvolvida por Nicholas Spykman, denominada \u201cTeoria do Rimland<\/em>\u201d, em 1944. A tese de Spykman defende que o Poder est\u00e1 centrado na popula\u00e7\u00e3o e nos recursos da orla eurasi\u00e1tica, desloca a import\u00e2ncia para os pa\u00edses fronteiri\u00e7os com o Leste Europeu e a R\u00fassia. Isto porque essa regi\u00e3o \u00e9 rica em recursos naturais e permite o contacto com outras regi\u00f5es do mundo atrav\u00e9s dos mares. Spykman afirmou ainda que \u201cquem controla o Rimland <\/em>domina a Eur\u00e1sia\u201d, e continua \u201cquem controla a Eur\u00e1sia domina o destino do mundo\u201d (Rattray, 2009).<\/p>\n\n\n\n Brezinski, Conselheiro de Seguran\u00e7a Nacional do Presidente dos EUA Jimmy Carter entre 1977 a 1981, chega ainda a afirmar que a primazia global norte americana seria diretamente dependente da capacidade de sustentar a sua proemin\u00eancia na regi\u00e3o eurasiana, neste sentido, afastar a Ucr\u00e2nia da \u00f3rbita de influ\u00eancia russa consolidaria a entrada da mesma na NATO, reduziria a R\u00fassia a condi\u00e7\u00e3o de pot\u00eancia asi\u00e1tica, sem proje\u00e7\u00e3o geopol\u00edtica na Europa, excluiria ainda a passagem russa para o Mar Mediterr\u00e2neo atrav\u00e9s do Mar Negro.<\/p>\n\n\n\n 09 de maio de 2022<\/p>\n\n\n\n Rafael Silva<\/strong><\/p>\n\n\n\n EuroDefense-Jovem Portugal<\/em><\/p>\n\n\n\n Refer\u00eancias<\/strong><\/p>\n\n\n\n Buchanan, E. (2021). Russia\u2019s 2021 National Security Strategy: Cool Change Forecasted for the Polar Regions. RUSI<\/p>\n\n\n\n Cooper, J. (2021). Russia\u2019s updated National Security Strategy. NATO.<\/p>\n\n\n\n Fridman, O. (2018). Russian Hybrid Warfare: Resurgence and Politicisation. New York, NY: Oxford University Press<\/p>\n\n\n\n G\u00f6ransson, M (2021). Hybrid Warfare: Security and Asymmetric Conflict in International Relations. Reino Unido: I.B. Tauris<\/p>\n\n\n\n Karami, J. (2021). An Analysis of 2021 Document of Russia\u2019s National Security Strategy Document. Universidade Teer\u00e3o<\/p>\n\n\n\n Nilsson, N. (2021). Hybrid Warfare: Security and Asymmetric Conflict in International Relations. Reino Unido: I.B. Tauris<\/p>\n\n\n\n Silva, J. (2021). Guerra H\u00edbrida VS Gibridnaya Voyna\u2013 o conflito na Ucr\u00e2nia: Lisboa: Universidade Cat\u00f3lica Portuguesa<\/p>\n\n\n\n Hoffman. F. (2007). Conflict in the 21st Century: the rise of hybrid wars. Virginia, VA: Institute for Policy Studies<\/p>\n\n\n\n NOTA<\/strong>:<\/mark><\/p>\n\n\n\n Introdu\u00e7\u00e3o O ambiente moderno \u00e9 desafiado por amea\u00e7as de natureza difusa e h\u00edbrida, intensificadas pelo desenvolvimento tecnol\u00f3gico e pela interdepend\u00eancia inform\u00e1tica, que visam explorar as fraquezas de um pa\u00eds ou determinar o curso pol\u00edtico do mesmo atrav\u00e9s da influ\u00eancia dos valores e princ\u00edpios com recurso a novas formas de guerra. O conceito de Guerra H\u00edbrida… Ler mais »Guerra H\u00edbrida VS Gibridnaya Voyna<\/span><\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":8026,"comment_status":"closed","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"neve_meta_sidebar":"","neve_meta_container":"","neve_meta_enable_content_width":"","neve_meta_content_width":0,"neve_meta_title_alignment":"","neve_meta_author_avatar":"","neve_post_elements_order":"","neve_meta_disable_header":"","neve_meta_disable_footer":"","neve_meta_disable_title":""},"categories":[25],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/8023"}],"collection":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=8023"}],"version-history":[{"count":3,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/8023\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":8029,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/8023\/revisions\/8029"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media\/8026"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=8023"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=8023"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=8023"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}
\n\n\n\n
\n\n\n\n
\n\n\n\n\n