{"id":8083,"date":"2022-05-25T13:03:20","date_gmt":"2022-05-25T13:03:20","guid":{"rendered":"https:\/\/eurodefense.pt\/?p=8083"},"modified":"2023-02-20T18:00:40","modified_gmt":"2023-02-20T18:00:40","slug":"servico-militar-obrigatorio-nao-faz-sentido-nos-tempos-atuais","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/eurodefense.pt\/servico-militar-obrigatorio-nao-faz-sentido-nos-tempos-atuais\/","title":{"rendered":"Servi\u00e7o Militar Obrigat\u00f3rio N\u00e3o Faz Sentido Nos Tempos Atuais"},"content":{"rendered":"\n

Major-general Agostinho Costa diz que j\u00e1 estamos numa 3\u00aa Guerra Mundial<\/strong><\/p>\n\n\n\n

Quanto mais o conflito na Ucr\u00e2nia se prolongar no tempo, mais desgastadas ficar\u00e3o as c\u00fapulas pol\u00edticas e militares russas, abrindo caminho a uma eventual mudan\u00e7a de regime em Moscovo. A opini\u00e3o \u00e9 de Agostinho Costa, especialista em opera\u00e7\u00f5es militares, que defende ainda que \u201cse os russos perderem a Crimeia\u201d os dias de Putin no Kremlin estar\u00e3o contados. O vice-presidente da EuroDefense-Portugal recusa ainda o regresso do Servi\u00e7o Militar Obrigat\u00f3rio, mas mostra-se partid\u00e1rio de um ex\u00e9rcito comum europeu.<\/p>\n\n\n\n

Levamos quase tr\u00eas meses de guerra na Ucr\u00e2nia. A inesperada resist\u00eancia ucraniana deve-se, em grande parte, ao apoio militar do Ocidente (armas, imagens sat\u00e9lites e forma\u00e7\u00e3o militar) ou a R\u00fassia tem cometido erros estrat\u00e9gicos?<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Penso que houve uma avalia\u00e7\u00e3o do n\u00famero de for\u00e7as empenhadas nesta opera\u00e7\u00e3o que ficou aqu\u00e9m do que seria necess\u00e1rio. Na segunda Guerra do Golfo aconteceu uma situa\u00e7\u00e3o semelhante, mas que, apesar de tudo, n\u00e3o teve o mesmo impacto, porque o Estado Maior americano teria muito mais for\u00e7as militares. Os russos n\u00e3o estariam a contar com o apoio e prepara\u00e7\u00e3o que o Reino Unido e os Estados Unidos, em grande medida, e tamb\u00e9m o Canad\u00e1, deram \u00e0s for\u00e7as armadas da Ucr\u00e2nia nos \u00faltimos oito anos. Ou seja, o ex\u00e9rcito que os russos est\u00e3o a enfrentar agora n\u00e3o tem nada que ver com o de 2014.<\/p>\n\n\n\n

Mas admite que houve excesso de confian\u00e7a por parte de Moscovo?<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Sim. O efeito surpresa na primeira semana de guerra permitiu que os russos tivessem importantes ganhos territoriais. Mas depois a sua progress\u00e3o foi, de alguma forma, contida. Relativamente a Kiev, n\u00e3o fa\u00e7o a leitura que o objetivo seria conquistar a capital do pa\u00eds ou decapitar o poder pol\u00edtico. \u00c9 preciso n\u00e3o esquecer que Zelensky foi colocado no poder com o apoio dos russos. A manobra em Kiev era, fundamentalmente, para fixa\u00e7\u00e3o de for\u00e7as, o mesmo se passou relativamente a Odessa. O grande objetivo sempre foi Kherson, devido \u00e0 necessidade de abastecimento de \u00e1gua \u00e0 Pen\u00ednsula da Crimeia e, naturalmente, o Donbas.<\/p>\n\n\n\n

Uma opera\u00e7\u00e3o militar desta envergadura \u00e9 pensada e planificada a que dist\u00e2ncia temporal?<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Com uma grande anteced\u00eancia. Pelo menos, desde 2014, quando se deu a tomada da Crimeia. Sabe-se que, nessa altura, o Estado Maior russo j\u00e1 queria fazer esta opera\u00e7\u00e3o, mas o presidente Putin limitou a interven\u00e7\u00e3o \u00e0 Crimeia. A primeira fase da coa\u00e7\u00e3o russa, antes de passar \u00e0 a\u00e7\u00e3o direta e estrat\u00e9gica, \u00e9 a demonstra\u00e7\u00e3o. E foi isso que fizeram quando posicionaram for\u00e7as em torno do territ\u00f3rio ucraniano. Henry Kissinger diz \u2013 com alguma raz\u00e3o – que a R\u00fassia sem a Ucr\u00e2nia \u00e9 um pa\u00eds asi\u00e1tico. Mas nem toda a Crimeia interessa aos russos. Ali\u00e1s, parte daquele territ\u00f3rio \u00e9 uma dor de cabe\u00e7a para eles.<\/p>\n\n\n\n

A diretora da CIA admitiu, recentemente, que esta seria uma guerra de longa dura\u00e7\u00e3o. Qual \u00e9 a sua expetativa?<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

\u00c9 a mesma da senhora Avril Haines. O que a diretora da CIA afirma vai ao encontro dos objetivos dos Estados Unidos para esta opera\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n

O que quer dizer com isso?<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Na minha interpreta\u00e7\u00e3o, o objetivo pol\u00edtico dos Estados Unidos \u00e9, fundamentalmente, desgastar o potencial dos russos, para que eles, num futuro pr\u00f3ximo, n\u00e3o entrem numa aventura militar igual a esta. E passa, tamb\u00e9m, por isolar os russos do resto do mundo. Por outras palavras, o secret\u00e1rio de Estado norte-americano Antony Blinken j\u00e1 disse algo parecido. Em \u00faltima inst\u00e2ncia, o objetivo pol\u00edtico dos americanos \u00e9 a mudan\u00e7a de regime russo. E essa mudan\u00e7a s\u00f3 ser\u00e1 poss\u00edvel se o conflito se prolongar no tempo, desgastando as c\u00fapulas pol\u00edticas e militares.<\/p>\n\n\n\n

A igni\u00e7\u00e3o para esta guerra foi a nostalgia do imp\u00e9rio?<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

H\u00e1 uma nostalgia do imp\u00e9rio sovi\u00e9tico e uma tentativa de o reconstruir por outras linhas. Putin disse que o fim da Uni\u00e3o Sovi\u00e9tica \u00abfoi a maior trag\u00e9dia geopol\u00edtica do s\u00e9culo\u00bb. O presidente russo n\u00e3o \u00e9 comunista, \u00e9 um nacionalista. Os russos querem afirmar-se como uma pot\u00eancia estrat\u00e9gica global, apesar de terem debilidades do ponto de vista econ\u00f3mico. Enquanto isso, assistimos a uma disputa hegem\u00f3nica entre o bloco ocidental (Estados Unidos) e a China, um pa\u00eds em ascens\u00e3o. E o espa\u00e7o de confronta\u00e7\u00e3o entre estes dois blocos \u00e9 a Europa.<\/p>\n\n\n\n

Mas os russos ambicionam alargar o seu territ\u00f3rio?<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

O problema da Ucr\u00e2nia \u00e9 a base de Sebastopol, localizada na Crimeia. O impulso russo para a Ucr\u00e2nia \u00e9 esse, para assegurar o acesso ao Mar Negro e ao Mediterr\u00e2neo. Terreno j\u00e1 t\u00eam os russos para dar e vender. H\u00e1 uns s\u00e9culos at\u00e9 venderam o Alasca aos americanos. O Donbas, no fundo, \u00e9 o corredor para a Crimeia, e Kherson, como aqui j\u00e1 expliquei, \u00e9 fulcral por causa da \u00e1gua. O ocidente interessa pouco. Na parte ocidental da Ucr\u00e2nia aquela gente \u00e9 polaca! Foi por isso que os portugueses mandaram para l\u00e1 a imagem de Nossa Senhora de F\u00e1tima.<\/p>\n\n\n\n

A amea\u00e7a nuclear do presidente Putin e do ministro dos Neg\u00f3cios Estrangeiros, Lavrov \u00e9 para levar a s\u00e9rio?<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Foi um \u201cbluff\u201d no momento em que a amea\u00e7a foi feita. Os russos t\u00eam tr\u00eas patamares de coa\u00e7\u00e3o estrat\u00e9gica: a demonstra\u00e7\u00e3o de guerra h\u00edbrida (quando dispuseram as for\u00e7as militares em volta da Ucr\u00e2nia, ao mesmo tempo que usavam a propaganda e lan\u00e7avam ciberataques); o emprego da for\u00e7a, que se traduz numa guerra aberta em conflito local. Na doutrina deste patamar n\u00e3o h\u00e1 guerra nuclear. O n\u00edvel seguinte acontece se a NATO entrar no conflito. Emergem as guerras nucleares t\u00e1ticas em objetivos militares. O patamar seguinte \u00e9 o da guerra total, com o uso de armas intercontinentais. Neste caso, os Estados Unidos j\u00e1 estariam envolvidos. Finalmente, temos ainda a fase da retalia\u00e7\u00e3o, em que se d\u00e1 a resposta ao ataque do ocidente. Em suma, se a guerra passar para fora da Ucr\u00e2nia, passamos para outro patamar. N\u00e3o \u00e9 por isso de estranhar que os americanos tratem este conflito com pin\u00e7as, para o circunscrever ao territ\u00f3rio ucraniano.<\/p>\n\n\n\n

Se o conflito alastrar para outros territ\u00f3rios ser\u00e1 o prel\u00fadio de uma Terceira Guerra Mundial?<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

N\u00f3s j\u00e1 estamos numa Terceira Guerra Mundial. Nos v\u00e1rios n\u00edveis de emprego da conflitualidade e a\u00e7\u00e3o estrat\u00e9gica estamos em guerra declarada no plano econ\u00f3mico, no plano diplom\u00e1tico e no plano comunicacional. No plano militar h\u00e1 um apoio declarado do ocidente aos ucranianos. S\u00f3 n\u00e3o estamos \u00e9 a combater no terreno.<\/p>\n\n\n\n

Nas suas interven\u00e7\u00f5es no espa\u00e7o medi\u00e1tico, destaca sempre aquilo a que chama \u00aba guerra das perce\u00e7\u00f5es\u00bb, ao n\u00edvel da propaganda e da contrainforma\u00e7\u00e3o. Antes de ser presidente, Zelensky foi ator e tem grande experi\u00eancia de televis\u00e3o, fazendo mensagens di\u00e1rias. Quem tem levado a melhor na guerra da comunica\u00e7\u00e3o?<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

A guerra decide-se cada vez mais na comunica\u00e7\u00e3o e, particularmente, na forma de comunicar. A guerra mudou e a maioria dos militares n\u00e3o percebeu que a guerra mudou. J\u00e1 n\u00e3o \u00e9 a comunica\u00e7\u00e3o que segue a manobra militar, mas a manobra militar \u00e9 que segue a comunica\u00e7\u00e3o. Estamos numa guerra h\u00edbrida, que \u00e9, fundamentalmente, dirigida paras as vontades e para conquistar a guerra das perce\u00e7\u00f5es. Veja o caso da resist\u00eancia de Azovstal, que s\u00f3 se mant\u00e9m por causa da problem\u00e1tica das perce\u00e7\u00f5es e pela campanha e narrativa informacional, uma vez que n\u00e3o tem qualquer valor militar. Outro caso: o presidente da C\u00e2mara de Mariupol continua a intitular-se como tal, quando esta localidade j\u00e1 \u00e9 dominada pelos russos h\u00e1 cerca de um m\u00eas.<\/p>\n\n\n\n

Nesta l\u00f3gica de narrativas mais ou menos fabricadas, o facto de Zelensky falar e aparecer todos os dias \u00e9 um trunfo?<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

O presidente ucraniano tem uma m\u00e1quina enorme de comunica\u00e7\u00e3o e pode-se dizer que a Ucr\u00e2nia est\u00e1 a ganhar esta guerra.<\/p>\n\n\n\n

A indument\u00e1ria militar de cor verde que o presidente ucraniano veste tornou-se uma refer\u00eancia\u2026<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Os pormenores fazem toda a diferen\u00e7a. At\u00e9 os dirigentes pol\u00edticos que visitam Kiev para se encontrarem com Zelenksy j\u00e1 prescindem do fato e da gravata. O presidente ucraniano est\u00e1 a ser, certamente, muito bem assessorado pelos brit\u00e2nicos, que s\u00e3o ex\u00edmios nesta mat\u00e9ria. O capital de simpatia em rela\u00e7\u00e3o aos ucranianos \u00e9 de tal forma, que at\u00e9 ganharam o Festival da Eurovis\u00e3o, gra\u00e7as ao voto popular. E n\u00e3o \u00e9 por acaso que h\u00e1 a perce\u00e7\u00e3o mais ou menos generalizada de que os russos est\u00e3o a perder esta guerra. Na verdade, n\u00e3o \u00e9 bem assim, mas a perce\u00e7\u00e3o \u00e9 essa.<\/p>\n\n\n\n

J\u00e1 disse que se Putin for humilhado, o regime de Moscovo cai. O que \u00e9 ser \u00abhumilhado\u00bb?<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Uma humilha\u00e7\u00e3o \u00e9 perder esta guerra. Se os russos perderem a Crimeia \u00e9 o fim do regime de Putin. Esta \u00e9 uma guerra total para os ucranianos, porque est\u00e1 em jogo o seu Estado e o seu pa\u00eds. Para os russos esta \u00e9 uma guerra local. Putin dorme todos os dias na sua cama do Kremlin e come as refei\u00e7\u00f5es sempre \u00e0 mesma hora. O mesmo n\u00e3o se passa na Ucr\u00e2nia.<\/p>\n\n\n\n

Mas a informa\u00e7\u00e3o na R\u00fassia \u00e9 controlada, para deixar a opini\u00e3o p\u00fablica na ignor\u00e2ncia\u2026<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Por culpa nossa. De uma forma ing\u00e9nua, a Uni\u00e3o Europeia fechou dois canais de propaganda russos, mas que praticamente ningu\u00e9m via, no caso, a Russia Today (RT) e a Sputnik, e demos aos russos a oportunidade de encerrarem a Sky News, a Euronews, a CNN Internacional, etc. Neste momento, a popula\u00e7\u00e3o russa s\u00f3 v\u00ea o que Putin quer.<\/p>\n\n\n\n

Foi observador militar da ONU durante o conflito da ex-Jugosl\u00e1via, em 1992\/93. Se se prolongar no tempo, poderemos ter igual ou maior n\u00famero de fatalidades (100 mil mortos) e destrui\u00e7\u00e3o do que o conflito nos Balc\u00e3s, h\u00e1 30 anos?<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

\u00c9 uma possibilidade. Tanto o conflito na Ucr\u00e2nia como o dos Balc\u00e3s t\u00eam ra\u00edzes muito semelhantes. A Ucr\u00e2nia \u00e9 um pa\u00eds imenso, mas h\u00e1 zonas que j\u00e1 sofreram uma grande destrui\u00e7\u00e3o. Quando vejo imagens de Mariupol faz-me lembrar aquilo que assisti em Vukovar, na ex-Jugosl\u00e1via. Parecia Berlim destru\u00edda no final de 1945. Tudo arrasado. Esta batalha vai demorar ainda algum tempo. E as opera\u00e7\u00f5es militares russas podem prosseguir para Odessa e, talvez, para a Transn\u00edstria, no sentido de fazerem press\u00e3o sobre a Mold\u00e1via.<\/p>\n\n\n\n

Como \u00e9 que v\u00ea o futuro do territ\u00f3rio ucraniano quando os russos derem por terminadas as opera\u00e7\u00f5es militares?<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Pode ser uma situa\u00e7\u00e3o id\u00eantica \u00e0 de Chipre, em que a parte norte do territ\u00f3rio est\u00e1 ocupada pelos turcos e a parte sul \u00e9 a parcela cipriota-grega que integra a Uni\u00e3o Europeia. Faz de conta que \u00e9 um \u00fanico pa\u00eds, mas na verdade, s\u00e3o dois. Caminhamos para isso.<\/p>\n\n\n\n

A prop\u00f3sito da guerra, nas \u00faltimas semanas voltou \u00e0 li\u00e7a o tema do Servi\u00e7o Militar Obrigat\u00f3rio (SMO), que acabou no nosso pa\u00eds em 2004. Perante a falta de efetivos nas For\u00e7as Armadas, acha que se devia repensar o regresso do SMO, ainda para mais quando se fala cada vez mais do ex\u00e9rcito comum europeu?<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

A guerra \u00e9 um assunto demasiado s\u00e9rio e demasiado complexo para ser entregue a amadores. Os conflitos s\u00e3o cada vez mais assentes na sofistica\u00e7\u00e3o tecnol\u00f3gica. A Ucr\u00e2nia n\u00e3o tem for\u00e7a a\u00e9rea, mas usa \u201cdrones\u201d de forma intensiva. No in\u00edcio da guerra, quando Putin soube que havia militares recrutados no SMO russo zangou-se e exigiu a presen\u00e7a de profissionais. Isto para dizer que o SMO pode funcionar numa perspetiva de defesa territorial. Se o pa\u00eds tiver, diretamente, uma amea\u00e7a ao territ\u00f3rio, ent\u00e3o deve-se chamar a popula\u00e7\u00e3o \u00e0s armas. Agora, n\u00e3o posso concordar que se obrigue um cidad\u00e3o a frequentar durante meses ou um ano o SMO. Isso seria andar em contraciclo e n\u00e3o perceber os ventos da Hist\u00f3ria. Contudo, entendo que se deve repensar todo o modelo de seguran\u00e7a (salvaguarda dos interesses nacionais al\u00e9m-fronteiras) e de defesa (no interior das nossas fronteiras). A seguran\u00e7a e a defesa devem ser vistas numa perspetiva europeia. Neste momento, a NATO \u00e9 mais um f\u00f3rum pol\u00edtico, do que uma alian\u00e7a militar. E a Europa \u00e9 um an\u00e3o estrat\u00e9gico. Esses interesses s\u00e3o definidos por Londres e Washington, quando deviam ser definidos por Bruxelas.<\/p>\n\n\n\n

Faz ent\u00e3o sentido um ex\u00e9rcito comum europeu?<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Sim. Tenho a certeza que um territ\u00f3rio vasto como \u00e9 a Uni\u00e3o Europeia, com cerca de 450 milh\u00f5es de habitantes, consegue confortavelmente ter 500 mil militares profissionais nas suas fileiras. E isso n\u00e3o implicaria extinguir as For\u00e7as Armadas portuguesas, que continuariam a existir para a defesa dos nossos interesses pr\u00f3prios. Cada vez mais a pol\u00edtica comunit\u00e1ria prevalece sobre a pol\u00edtica nacional. Veja o caso mais recente da lei dos metadados, que partiu de uma decis\u00e3o do tribunal europeu.<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 vice-presidente da dire\u00e7\u00e3o da EuroDefense-Portugal, criada em 1998. Quais s\u00e3o as suas principais atribui\u00e7\u00f5es?<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

A EuroDefense-Portugal \u00e9 um \u201cthink tank\u201d (centro de estudos), uma organiza\u00e7\u00e3o n\u00e3o-governamental criada mediante um protocolo de coopera\u00e7\u00e3o estabelecido entre o Instituto da Defesa Nacional e a Associa\u00e7\u00e3o Industrial Portuguesa. Em 19 de outubro de 2015 adquiriu o estatuto de pessoa coletiva de direito privado sem fins lucrativos, com a designa\u00e7\u00e3o de \u201cAssocia\u00e7\u00e3o de Estudos de Seguran\u00e7a e Defesa Europeia EuroDefense-Portugal\u201d. \u00c9 composta por volunt\u00e1rios que empregam o seu tempo no debate e discuss\u00e3o das quest\u00f5es da seguran\u00e7a e defesa. Apoiar e desenvolver uma cultura de seguran\u00e7a e defesa no nosso pa\u00eds, numa perspetiva europe\u00edsta, \u00e9 o seu principal prop\u00f3sito. O atual presidente \u00e9 Figueiredo Lopes, antigo ministro da Administra\u00e7\u00e3o Interna.<\/p>\n\n\n\n

Qual o papel da EuroDefense jovem?<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

A nossa EuroDefense Jovem \u00e9 a mais din\u00e2mica internacionalmente. \u00c9 um espa\u00e7o de encontro, conv\u00edvio e aprendizagem, que tem cerca de 250 membros, a maioria na faixa et\u00e1ria dos 20\/30 anos. Procura manter uma rela\u00e7\u00e3o de proximidade com v\u00e1rias universidades e polit\u00e9cnicos de Portugal e do estrangeiro. Pretendemos, tamb\u00e9m, ter polos da EuroDefense Jovem em v\u00e1rias universidades. O objetivo central passa por sensibilizar a popula\u00e7\u00e3o jovem para os assuntos da seguran\u00e7a e defesa europeia e desenvolver um pensamento estrat\u00e9gico na nossa juventude, porque estes jovens ser\u00e3o os pensadores e os l\u00edderes do amanh\u00e3.<\/p>\n\n\n\n

Cara da Not\u00edcia<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Testemunha da Guerra dos Balc\u00e3s<\/span><\/p>\n\n\n\n

Agostinho Costa tornou-se um rosto conhecido dos portugueses, quando passou a aparecer no espa\u00e7o medi\u00e1tico para comentar a guerra na Ucr\u00e2nia. \u00c9 comentador habitual na CNN Portugal.<\/p>\n\n\n\n

Ingressou na Academia Militar em 1977, tendo conclu\u00eddo a licenciatura em Ci\u00eancias Militares, em outubro de 1982. \u00c9 oriundo da Arma de Infantaria, tendo sido promovido ao atual posto em fevereiro de 2010. \u00c9 mestre em Rela\u00e7\u00f5es Internacionais pela Universidade Lus\u00edada de Lisboa, tendo apresentado uma disserta\u00e7\u00e3o subordinada ao tema \u201cOs S\u00e9rvios e a estabilidade dos Balc\u00e3s\u201d.<\/p>\n\n\n\n

Ao longo da sua carreira desempenhou v\u00e1rias fun\u00e7\u00f5es em territ\u00f3rio nacional e no estrangeiro: foi observador militar da ONU durante o conflito da ex-Jugosl\u00e1via; Oficial de Opera\u00e7\u00f5es do Estado-Maior da 3.\u00aa Divis\u00e3o Italiana\/Allied Rapid Reaction Corps, em It\u00e1lia; Chefe da reparti\u00e7\u00e3o de opera\u00e7\u00f5es do Estado-Maior da Brigada Multinacional Oeste, imediatamente ap\u00f3s o conflito do Kosovo; como Oficial General foi Chefe do Estado-Maior da European Rapid Operational Force (EUROFOR), em It\u00e1lia.<\/p>\n\n\n\n

Em territ\u00f3rio nacional, com o posto de Coronel, comandou a Escola de Tropas Paraquedistas e chefiou o Gabinete de Planeamento e Programa\u00e7\u00e3o do Instituto de Estudos Superiores Militares (atual IUM). Na Guarda Nacional Republicana, como Oficial General, desempenhou as fun\u00e7\u00f5es de Comandante da Escola da Guarda, Comandante do Comando da Doutrina e Forma\u00e7\u00e3o, Comandante do Comando Operacional e Segundo Comandante-Geral.<\/p>\n\n\n\n


\n\n\n\n

25 de maio de 2022<\/p>\n\n\n\n

\"\"<\/figure><\/div>\n\n\n\n

Agostinho Costa<\/strong>
Vice-Presidente da<\/em> Dire\u00e7\u00e3o<\/p>\n\n\n\n

Entrevista publicada<\/em><\/em> em 23 de maio de 2022 no site do revista Ensino Magazine<\/em>, inclu\u00edda na edi\u00e7\u00e3o de maio de 2022:<\/em><\/p>\n\n\n\n

https:\/\/www.ensino.eu\/ensino-magazine\/entrevista\/2022\/servico-militar-obrigatorio-nao-faz-sentido-nos-tempos-atuais\/#<\/span><\/a><\/p>\n\n\n\n

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Major-general Agostinho Costa diz que j\u00e1 estamos numa 3\u00aa Guerra Mundial Quanto mais o conflito na Ucr\u00e2nia se prolongar no tempo, mais desgastadas ficar\u00e3o as c\u00fapulas pol\u00edticas e militares russas, abrindo caminho a uma eventual mudan\u00e7a de regime em Moscovo. A opini\u00e3o \u00e9 de Agostinho Costa, especialista em opera\u00e7\u00f5es militares, que defende ainda que \u201cse… Ler mais »Servi\u00e7o Militar Obrigat\u00f3rio N\u00e3o Faz Sentido Nos Tempos Atuais<\/span><\/a><\/p>\n","protected":false},"author":1,"featured_media":8084,"comment_status":"closed","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"neve_meta_sidebar":"","neve_meta_container":"","neve_meta_enable_content_width":"","neve_meta_content_width":0,"neve_meta_title_alignment":"","neve_meta_author_avatar":"","neve_post_elements_order":"","neve_meta_disable_header":"","neve_meta_disable_footer":"","neve_meta_disable_title":""},"categories":[3],"tags":[],"_links":{"self":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/8083"}],"collection":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts"}],"about":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/types\/post"}],"author":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/users\/1"}],"replies":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/comments?post=8083"}],"version-history":[{"count":3,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/8083\/revisions"}],"predecessor-version":[{"id":8087,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/posts\/8083\/revisions\/8087"}],"wp:featuredmedia":[{"embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media\/8084"}],"wp:attachment":[{"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/media?parent=8083"}],"wp:term":[{"taxonomy":"category","embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/categories?post=8083"},{"taxonomy":"post_tag","embeddable":true,"href":"https:\/\/eurodefense.pt\/wp-json\/wp\/v2\/tags?post=8083"}],"curies":[{"name":"wp","href":"https:\/\/api.w.org\/{rel}","templated":true}]}}