{"id":8793,"date":"2022-11-14T10:00:44","date_gmt":"2022-11-14T10:00:44","guid":{"rendered":"https:\/\/eurodefense.pt\/?p=8793"},"modified":"2023-02-20T17:57:14","modified_gmt":"2023-02-20T17:57:14","slug":"economia-de-defesa-o-futuro-da-tecnologia-militar-europeia","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/eurodefense.pt\/economia-de-defesa-o-futuro-da-tecnologia-militar-europeia\/","title":{"rendered":"Economia de Defesa: O Futuro da Tecnologia Militar Europeia"},"content":{"rendered":"\n

\u00c2mbito<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

\"\"<\/a>
Descarregar pdf<\/span><\/a><\/strong><\/td><\/tr><\/tbody><\/table><\/figure>\n\n\n\n

O presente artigo versa sobre a da economia de defesa em Portugal e na Europa, tendo por base a tert\u00falia realizada pela EDJ a 10\/11\/2021, que contou com a participa\u00e7\u00e3o do Senhor Professor Doutor Marco Capit\u00e3o Ferreira \u00e1 data do evento referido, Presidente da IdD Portugal Defence.Atualmente, Secret\u00e1rio de Estado da Defesa<\/p>\n\n\n\n

Atrav\u00e9s de outros contributos como te\u00f3rico-concetuais e dados factuais (passados e da atualidade) procura-se proporcionar ao(\u00e1) leitor(a) uma an\u00e1lise o mais clara quanto poss\u00edvel sobre a tem\u00e1tica em apre\u00e7o.<\/p>\n\n\n\n

Breve Introdu\u00e7\u00e3o<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Neste ponto procura-se introduzir alguns aspetos hist\u00f3ricos geopol\u00edticos que ajudam a perceber a relev\u00e2ncia da economia de defesa, sobretudo para Portugal, e o seu conceito em si mesmo.<\/p>\n\n\n\n

A economia de defesa tem vindo a ter relev\u00e2ncia ao longo do tempo devido ao leque de amea\u00e7as \u00e1 seguran\u00e7a mundial sendo o marco temporal mais importante, o surgimento da Globaliza\u00e7\u00e3o, que iniciou com o culminar da Guerra Fria (Pereira & Caetano, 2020).<\/p>\n\n\n\n

\u00c9 a partir do fen\u00f3meno da Globaliza\u00e7\u00e3o que surgem assunto de relvo para a seguran\u00e7a e defesa mundial tais como, terrorismo, com\u00e9rcio de armas, gest\u00e3o de conflitos, corrida ao armamento. Temas que s\u00e3o equacionados em despesas militares, gest\u00e3o de recursos humanos (civis) e de For\u00e7as Armadas (idem)<\/em>.<\/p>\n\n\n\n

Os acontecimentos anteriormente apresentados justificam e remetem para uma clarifica\u00e7\u00e3o dos conceitos de economia de defesa e de defesa econ\u00f3mica, por vezes objeto de alguma confus\u00e3o. Ambos t\u00eam, uma defini\u00e7\u00e3o distinta, mas na pr\u00e1tica relacionam-se.<\/p>\n\n\n\n

Economia de defesa pode ser entendida \u201c (…) o ramo da ci\u00eancia econ\u00f3mica que estuda os efeitos da defesa sobre as escolhas econ\u00f3micas [ou por outras palavras] que o processo de compatibiliza\u00e7\u00e3o e rentabilidade das atividade e despesas da defesa com a pol\u00edtica econ\u00f3mica nacional\u201d (EuroDefense Portugal, 2006, p.16).<\/p>\n\n\n\n

Um recente estudo realizado pela idD Portugal Defence aborda que a \u201c (…) Economia de Defesa assenta num conjuto alargado de atores e r\u00fane um vasto n\u00famero de entidades produtoras de produtos e equipamentos de servi\u00e7os, incluindo os que est\u00e3o relacionados com investiga\u00e7\u00e3o e desenvolvimento (I&D)\u201d (2021, p.16).<\/p>\n\n\n\n

Por defesa econ\u00f3mica entende-se como \u201c (…) a atividade desenvolvida pelo Estado no sentido de, face \u00e1s reais ou potenciais amea\u00e7as, perigos e riscos, proteger o desenvolvimento da economia nacional, minimizando as vulnerabilidades e maximizando as suas potencialidade\u201d (EuroDefense Portugal, 2006, p.16).<\/p>\n\n\n\n

A par do fen\u00f3meno de globaliza\u00e7\u00e3o com o desenvolvimento digital e industrial, a economia de defesa tem-se concentrado paulatinamente em elementos associados \u00e1 gest\u00e3o e mercados, gest\u00e3o de processos e produ\u00e7\u00e3o, fornecimentos e cadeia de valor, inova\u00e7\u00e3o e orienta\u00e7\u00e3o ao cliente, mercados e competitividade. (Pereira & Caetano, 2020). Fatores que ajudam a um entendimento mais elucidativo da Estrat\u00e9gia Global da Uni\u00e3o Europeia para a pol\u00edtica externa.<\/p>\n\n\n\n

Evolu\u00e7\u00e3o e prespectivas futuras da Economia de Defesa<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Nesta sec\u00e7\u00e3o procura-se tra\u00e7ar a evolu\u00e7\u00e3o da economia de defesa, n\u00e3o s\u00f3 no \u00e2mbito nacional, como na n\u00edvel da Uni\u00e3o Europeia. A an\u00e1lise que de seguida se exp\u00f5e, reflete grosso modo, com os contributos do Professor Doutor Marco Capit\u00e3o Ferreira, duante a tert\u00falia, a que se fez refer\u00eancia no un\u00edcio do presente artigo. Para al\u00e9m do seu olhar evolutivo sobre a economia de defesa portugu\u00easa e europeia, o Orador enriqueceu ainda o debate com um pouco da sua prespectiva futura, sobre a tem\u00e1tica em an\u00e1lise.<\/p>\n\n\n\n

Segundo Marco Capit\u00e3o Ferreira a primeira tentativa da Europa de introduzir as quest\u00f5es relacionadas com defesa na pol\u00edtica europeia remonta \u00e1 \u00e9poca da chamada Comunidade Europeia de Defesa (CED). No que respeita a capacidades de desenvolvimento e equipamentos militares est\u00e3o repartidas pelo Reino Unido e pela Fran\u00e7a. (EuroDefense Jovem-Portugal, 2021, 6 – 7m).<\/p>\n\n\n\n

Atualmente, a Estrat\u00e9gia Global da Uni\u00e3o Europeia para a pol\u00edtica externa incrementou decisivamente a ind\u00fastria de defesa enquanto sector econ\u00f3mico com grande potencial de crescimento capaz de criar riqueza e de motivar o desenvolvimento de outros sectores da economia, ao colocar a seguran\u00e7a e defesa no centro da pol\u00edtica (MND[1]<\/span><\/strong><\/a>, 2022).<\/p>\n\n\n\n

Marco Capit\u00e3o Ferreira durante a sua exposi\u00e7\u00e3o salientou ainda que \u201cpara haver uma pol\u00edtica de defesa comum tem de haver capacidade de olhar para a Europa e ver uma capacidade militar conjunta\u201d (EuroDefence Jovem-Portugal, 2021,8m.).<\/p>\n\n\n\n

Algo que na opini\u00e3o do orador n\u00e3o se verifica atualmente, pois os pa\u00edses de Uni\u00e3o Europeia geralmente desenvolvem os seus assuntos no \u00e2mbito da defesa, de uma forma isolada. O que tem existido sim, s\u00e3o projetos entre pa\u00edses mais pr\u00f3ximos sobre algum tema em espec\u00edfico (idem, <\/em>2021, 9m.).<\/p>\n\n\n\n

Focando agora na ind\u00fastria de defesa, \u00e9 essencial referir que no \u00e2mbito da UE, a ind\u00fastria de defesa tem sido tamb\u00e9m importante devido aos seus aspectos tecnol\u00f3gicos e econ\u00f3micos.<\/p>\n\n\n\n

A ind\u00fastria da defesa da Uni\u00e3o Europeia \u00e9 relevante para a economia no seu global pelo que, \u00e9 essencial que aquele sector seja o mais eficiente poss\u00edvel, com o objectivo de proporcionar uma boa rela\u00e7\u00e3o custo\/efic\u00e1cia aos seus clientes e, simultaneamente, proteger os interesses dos seus acionistas. (MDN, 2022)<\/p>\n\n\n\n

Segundo Marco Capit\u00e3o Ferreirao problema que se coloca atualmente na Europa, face ao desenvolvimento industrial militar \u00e9, um problema de \u201cfragamenta\u00e7\u00e3o\u201d, havendo muitos pa\u00edses a produzir equipamento militar, mas para seu pr\u00f3prio proveito. Marco Capit\u00e3o Ferreira, defende que este \u00e9 um cen\u00e1rio que se pretende alterar na Europa (EuroDefence Jovem-Portugal, 2021, 9m59s). Acrescenta ainda que, para esta altera\u00e7\u00e3o pretendida tem sido dados alguns passos como o Fundo Europeu de Defesa (FED), que tem como objetivo unir a capacidade industrial europeia, atrav\u00e9s de projetos comuns (idem,<\/em>2021).<\/p>\n\n\n\n

No ano de 2004, foi a Ag\u00eancia Europeia de Defesa que contribui de forma activa para o desenvolvimento da ind\u00fastria de defesa que, actualmente, enfrenta desafios como a fragmenta\u00e7\u00e3o do mercado e uma diminui\u00e7\u00e3o da despesa em defesa (MDN, 2022).<\/p>\n\n\n\n

Diretamente relacionada com a indutria de defesa est\u00e1 gera\u00e7\u00e3o de emprego, quest\u00e3o fulcral para o desenvolvimento da economia de cada pa\u00eds. Em 2014, registou-se um volume de neg\u00f3cios no valor de 97,3 milh\u00f5es de euros e 500,000 empregos directos e 1,2 milh\u00f5es de empregos indirectos.<\/p>\n\n\n\n

Dados avan\u00e7ados pela Comiss\u00e3o Europeia (2016) o sector da ind\u00fastria de defesa gera um volume de neg\u00f3cios de 100 mil milh\u00f5es de euros por ano e emprega 1,4 milh\u00f5es de pessoas por ano, com um n\u00edvel de retorno de investimento de 1,6 euros por cada euro investido (MDN, 2022).<\/p>\n\n\n\n

De acordo com dados de 2019, a economia de defesa portuguesa tem em si um conjunto bastante diversificado de empresas e centros de investiga\u00e7\u00e3o e de forma\u00e7\u00e3o, envolvendo de actividades que facilitam sinergias de duplo uso (MDN 2022).<\/p>\n\n\n\n

Em Portugal, a Lei de Programa\u00e7\u00e3o Militar (LPM) e o Ciclo de Programa\u00e7\u00e3o de Defesa Militar (CPDM) s\u00e3o referenciais para a ind\u00fastria de defesa. A n\u00edvel supranacional o Fundo Europeu de Defesa \u00e9 o instrumento de financiamento de projectos, complementares ao financiamento da LPM (Pereira & Caetano,2020).<\/p>\n\n\n\n

Marco Capit\u00e3o Ferreira, durante a sua exposi\u00e7\u00e3o caracterizou as Pequenas e M\u00e9dias Empresas (PME\u2019s) nacionais e abordou o seu posicionamento, no \u00e2mbito da economia de defesa. De acordo com o orador, a industria de defesa portuguesa tem um volume de exporta\u00e7\u00e3o bom, mas as empresas, precisamente PME\u2019s que integram o tecido da industria de defesa nacional, s\u00e3o muito pequenas (EuroDefense Jovem-Portugal, 2021,18m).<\/p>\n\n\n\n

A competitividade da ind\u00fastria de defesa \u00e9 vital para garantir a credibilidade da emergente Pol\u00edtica Comum de Seguran\u00e7a e Defesa (PCSD). Para isso, \u00e9 essencial que todos os Estados-Membros da Uni\u00e3o Europeia cooperem entre si para p\u00f4r termo a pol\u00edticas e pr\u00e1ticas que impedem as empresas europeias do sector da defesa de trabalharem de forma cooperante eficientemente (MDN, 2022).<\/p>\n\n\n\n

Nos dias de hoje as quest\u00f5es ambientais s\u00e3o uma preocupa\u00e7\u00e3o cada vez mais vincada em v\u00e1rios \u00e2mbito, seja a n\u00edvel social, quer a n\u00edvel econ\u00f3mico, entre outros.<\/p>\n\n\n\n

Questionado sobre aten\u00e7\u00e3o dada a estas quest\u00f5es no seio da industria de defesa, o Orador, salientou que atualmente, ainda tal ainda n\u00e3o se verifica de forma expressiva no que toca \u00e1s opera\u00e7\u00f5es propriamente ditas das For\u00e7as Armadas. Contudo, essa preocupa\u00e7\u00e3o existe e reflete-se na exist\u00eancia de pequenos projetos por exemplo, em infraestruturas utilizadas pelas For\u00e7as Armadas (EuroDefence, 2021, 20m). Na sua opini\u00e3o ainda, a transi\u00e7\u00e3o energ\u00e9tica no seio das For\u00e7as Armadas \u00e9 algo que pode demorar mais de 20 ou 30 anos, pois n\u00e3o se pode comprometer o grau de desempenho das atividades operacionais (idem<\/em>, 2021, 29m).<\/p>\n\n\n\n

Questionado ainda sobre a existencia de uma capacidade plena nas \u00e1reas de ciberseguran\u00e7a e cibrdefesa, Marco Capit\u00e3o Ferreira, afirma que se est\u00e1 abaixo das expectativa, pois ainda n\u00e3o se atingiu, a este n\u00edvel, o ponto de ambi\u00e7\u00e3o desejado (EuroDefense, 2021, 37m). Para combater, o que o Orador considera uma fragilidade foi criada a Cyber Academia and Innovation Hub, uma academia destinada \u00e1 forma\u00e7\u00e3o de militares na \u00e1rea de ciberdefesa e cibersguran\u00e7a. Portugal apenas definiu a cibrdefesa e ciberseguran\u00e7a, como prioridade na defesa, em 2019, embora anteriormente a esta data tenham sido tomadas iniciativas nesta mat\u00e9ria (EuroDefense, 2021).<\/p>\n\n\n\n

Ainda nesta esfera, o Orador, afirmou que, no caso de Portugal, a ciberdefesa n\u00e3o \u00e9 ainda uma capacidade plena, ou por outras palavras, bem consolidada, devido ao facto de a industria de defesa portuguesa n\u00e3o ser atualmente, muito digitalizada.<\/p>\n\n\n\n

Facto que do ponto de vista da defesa \u00e9 positivo, do ponto de vista da ind\u00fastria e da economia de defesa \u00e9 deficit\u00e1rio (EuroDefense, 2021, 39m).<\/p>\n\n\n\n

Breve Conclus\u00e3o<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

No dom\u00ednio da economia da defesa levanta v\u00e1rios t\u00f3picos de discuss\u00e3o, conforme se teve oportunidade de comprovar no espa\u00e7o da tert\u00falia sobre este tema. A consolida\u00e7\u00e3o da ind\u00fastia de defesa portuguesa ou o posicionamento das PME\u2019s no \u00e2mbito da economia de defesa s\u00e3o algumas dessas quest\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n

O debate e sobretudo novos estudos que se possam realizar sobre tais quest\u00f5es, ser\u00e3o seguramente vantajosos para a economia de defesa, em particular e para a economia portuguesa, em geral. Mas n\u00e3o s\u00f3. Em \u00faltima an\u00e1lise, ser\u00eda poss\u00edvel contribuir para que as For\u00e7as Armadas mais aut\u00f3nomas e rubustas, no que toca a capidades ao seu dispor para opera\u00e7\u00f5es militares e c\u00edvis.<\/p>\n\n\n\n

Assim, e em linha com aspetos levantados durante a tert\u00falia em an\u00e1lise, sugere-se para estudos futuro que se reflita e discorra, atrav\u00e9s de uma abordagem estrat\u00e9gica, sobre o posicioamento das PME\u2019s nacionais na industria de defesa.<\/p>\n\n\n\n


\n\n\n\n

10 de novembro de 2021<\/p>\n\n\n\n

J\u00e9ssica Caetano<\/em><\/strong>
EuroDefense Jovem Portuga<\/em>l<\/p>\n\n\n\n


\n\n\n\n

Refer\u00eancias Bibliogr\u00e1ficas<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

EuroDefense Portugal (2006). A Economia de Defesa: Sua Integra\u00e7\u00e3o no Planeamento Estrat\u00e9gico. Lisboa. Centro de Estrudos EuroDefense Portugal.<\/p>\n\n\n\n

EuroDefense Jovem-Portugal (2021). 3\u00aa Edi\u00e7\u00e3o de Tert\u00falias: Economia de Defesa. YouTube. https:\/\/www.youtube.com\/watch?v=-BSTBjRpmEo&t=3801s<\/span>.<\/p>\n\n\n\n

IdD Portugal Defence (2022). A Economia de Defesa em Portugal: A Caminhar Em Dire\u00e7\u00e3o ao Futuro. Consultado a 24 de junho de 2022. Obtido em: https:\/\/www.iddportugal.pt\/economia-defesa\/economia-defesa-numeros\/<\/span><\/a>.<\/p>\n\n\n\n

Minist\u00e9rio da Defesa Nacional (2022). Ind\u00fastria de Defesa. Consultado a 24 de junho de 2022. Obtido em: https:\/\/www.defesa.gov.pt\/pt<\/span><\/a>.<\/p>\n\n\n\n

Pereira, J. & Caetano, J. (2021). A Economia da Defesa: Um Desafio \u00e0s PME Nacionais, in. Seguran\u00e7a & Defesa n\u00ba 41, pp. 65-70.<\/p>\n\n\n\n


\n\n\n\n

[1]<\/span><\/strong><\/a>MND – Minist\u00e9rio da Defesa Nacional.<\/p>\n\n\n\n

\n