{"id":8981,"date":"2022-12-19T16:17:52","date_gmt":"2022-12-19T16:17:52","guid":{"rendered":"https:\/\/eurodefense.pt\/?p=8981"},"modified":"2023-02-20T17:57:06","modified_gmt":"2023-02-20T17:57:06","slug":"resposta-da-ue-a-invasao-da-ucrania","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/eurodefense.pt\/resposta-da-ue-a-invasao-da-ucrania\/","title":{"rendered":"Resposta da UE \u00e0 Invas\u00e3o da Ucr\u00e2nia"},"content":{"rendered":"\n

1. I<\/strong><\/span><\/strong>ntrodu\u00e7\u00e3o<\/strong><\/span><\/p>\n\n\n\n

\"\"<\/a>
Descarregar pdf<\/span><\/a><\/strong><\/td><\/tr><\/tbody><\/table><\/figure>\n\n\n\n

No dia 24 de fevereiro de 2022, as For\u00e7as Armadas Russas transpuseram a fronteira da Ucr\u00e2nia e iniciaram uma invas\u00e3o armada. O seu objetivo era o de tornar imposs\u00edvel a integra\u00e7\u00e3o ucraniana na NATO, principalmente.<\/p>\n\n\n\n

No dia 9 de mar\u00e7o, a EuroDefense Jovem organizou uma Tert\u00falia, intitulada \u201cUcr\u00e2nia, a resposta da UE”, contando com o Major-General do Ex\u00e9rcito Portugu\u00eas, Carlos Branco, como orador, para dar a compreender de que forma reagiu o Ocidente a esta guerra e qual a melhor perspetiva para este conflito ser observado, em termos geopol\u00edticos internacionais.<\/p>\n\n\n\n

2. Contexto pol\u00edtico de uma guerra que todos temiam<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

A 24 de fevereiro, tal como j\u00e1 foi afirmado anteriormente, \u201cas For\u00e7as Armadas Russas entravam na Ucr\u00e2nia, por ar, terra e mar, depois de ensaiada a justifica\u00e7\u00e3o de provoca\u00e7\u00f5es contra as regi\u00f5es separatistas [de Donbass, por parte das For\u00e7as Ucranianas], convertidas em Estados que pediam interven\u00e7\u00e3o militar.\u201d (Marcelo Rebelo de Sousa, 2022).<\/p>\n\n\n\n

Obviamente que as raz\u00f5es para este conflito come\u00e7am no imediato p\u00f3s-Guerra Fria e com o desmantelamento do Pacto de Vars\u00f3via, cuja maioria de pa\u00edses aderiu, posteriormente \u00e0 NATO. Ora, neste panorama, o fator central est\u00e1 na ideia de que o pressuposto fulcral para o desmantelamento do Pacto de Vars\u00f3via e a reunifica\u00e7\u00e3o da Alemanha nunca seria acompanhado pela expans\u00e3o da NATO para leste. Por\u00e9m, a NATO expandiu. E \u00e9 importante referir que apesar desse pressuposto nunca ter sido dado por combinado entre os EUA e a R\u00fassia, este se tornou no momento central da viragem russa, que de parceira da Alian\u00e7a Atl\u00e2ntica, se tornou na sua principal desafiadora, a n\u00edvel estrat\u00e9gico.<\/p>\n\n\n\n

Outro ponto fulcral, \u00e9 saber onde acaba essa expans\u00e3o, sobretudo \u00e0 importante posi\u00e7\u00e3o estrat\u00e9gica da Ucr\u00e2nia na hist\u00f3ria russa e na vontade da primeira em aderir \u00e0 Organiza\u00e7\u00e3o de Defesa Comunit\u00e1ria e \u00e0 Uni\u00e3o Europeia.<\/p>\n\n\n\n

Obviamente, as sucessivas tentativas russas de juntar as antigas Rep\u00fablicas sovi\u00e9ticas e reinventar o \u201cespa\u00e7o e a preponder\u00e2ncia perdidos\u201d com a desintegra\u00e7\u00e3o da Uni\u00e3o Sovi\u00e9tica, levam a entender a posi\u00e7\u00e3o russa face \u00e0 ades\u00e3o compulsiva \u00e0 NATO e explicam sucintamente as causas da Anexa\u00e7\u00e3o \u00e0 Crimeia (que de um ponto de vista estrat\u00e9gico, \u00e9 um espa\u00e7o vital para a defesa do Heartland<\/em> russo) e a tentativa de anexar o espa\u00e7o do Donbass, no Leste da Ucr\u00e2nia (que serviria de linha de comunica\u00e7\u00e3o terrestre \u00e0 Crimeia).<\/p>\n\n\n\n

Em 2014, criou-se o pretexto para o in\u00edcio destas opera\u00e7\u00f5es militares da R\u00fassia, quando, resultando de uma revolu\u00e7\u00e3o em Kiev, o governo pr\u00f3-russo de Yanukovich \u00e9 deposto e a Ucr\u00e2nia decide a viragem total para a UE e para a NATO. Desta forma, desde 2015, a R\u00fassia financia uma guerra civil no Leste da Ucr\u00e2nia, criando um quadro de problemas internos que evitem a entrada da Ucr\u00e2nia no quadro institucional Atl\u00e2ntico e Europeu.<\/p>\n\n\n\n

No entanto, com a elei\u00e7\u00e3o de Volodymyr Zelenskiy, a Ucr\u00e2nia teve um refor\u00e7o na sua militariza\u00e7\u00e3o e da coopera\u00e7\u00e3o global, onde se consumou uma derradeira aproxima\u00e7\u00e3o \u00e0 UE e \u00e0 NATO, visando a entrada definitiva da Ucr\u00e2nia. Obviamente que este desenvolvimento pol\u00edtico na Ucr\u00e2nia n\u00e3o passou ignorado pela R\u00fassia e Moscovo iniciou uma press\u00e3o militar, com a mobiliza\u00e7\u00e3o militar nas fronteiras com a Ucr\u00e2nia, criando press\u00e3o pol\u00edtica sobre Zelenskiy, que este ia ignorando e continuava a sua pol\u00edtica de rearmamento e aproxima\u00e7\u00e3o com a UE e NATO.<\/p>\n\n\n\n

No seguimento desta posi\u00e7\u00e3o de Kiev, Moscovo foi aumentando a sua press\u00e3o sobre a Ucr\u00e2nia, onde a possibilidade de guerra j\u00e1 se tornava numa realidade cada vez mais pr\u00f3xima e as tens\u00f5es entre as duas partes chegaram ao pico aquando do discurso de Zelenskiy na Confer\u00eancia de Munique, de que a Ucr\u00e2nia ir-se-ia voltar para um programa nuclear interno, que visava a rejei\u00e7\u00e3o do Memorando de Budapeste, \u00e0 luz do desrespeito deste, por parte dos que garantiram a defesa da integridade territorial da Ucr\u00e2nia. Este discurso levou Putin a declarar o reconhecimento da independ\u00eancia das Rep\u00fablicas Populares de Donetsk e Lugansk, e dois dias depois, deu-se in\u00edcio da invas\u00e3o russa, cujas For\u00e7as Armadas transpuseram a fronteira ucraniana nas regi\u00f5es j\u00e1 ocupadas de Donbass, da Crimeia e pelo norte, atrav\u00e9s da Bielorr\u00fassia (Zelenskiy, 2022).<\/p>\n\n\n\n

3. Contributo de Major-General Carlos Branco<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

No dia 9 de mar\u00e7o, a EuroDefense Jovem organizou uma Tert\u00falia denominada \u201cUcr\u00e2nia, a resposta da UE”, onde o Major-General Carlos Branco honrou os membros e os participantes da iniciativa com a sua vis\u00e3o sobre as consequ\u00eancias desta guerra nos assuntos de seguran\u00e7a e defesa na Uni\u00e3o Europeia.<\/p>\n\n\n\n

3.1.  Coloca\u00e7\u00e3o do plano de debate<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

Quando se analisa o conflito na Ucr\u00e2nia, deve se procurar a perce\u00e7\u00e3o vindoura da produ\u00e7\u00e3o de v\u00e1rios documentos program\u00e1ticos, por parte dos v\u00e1rios Estados e Atores, desta forma, focando na Great Power Geopolitics<\/em>, onde se definem os Piv\u00f4s Geoestrat\u00e9gicos e os Atores Geoestrat\u00e9gicos, onde os segundos embatem-se entre si e os primeiros se tornam nos campos de batalha entre os Atores.<\/p>\n\n\n\n

Ora, nesse caso, a Ucr\u00e2nia n\u00e3o \u00e9 mais do que um Piv\u00f4, na qual os Estados Unidos, enquanto Ator, se tornaram muito mais ativos na Ucr\u00e2nia, a partir de 2004, e em 2008, define uma linha de ades\u00e3o ucraniana e georgiana \u00e0 NATO, no Summit da NATO em Bucareste, o que levou a Ucr\u00e2nia a manter-se numa posi\u00e7\u00e3o de \u201cdistinguished partnership\u201d.<\/p>\n\n\n\n

3.2. Catalisadores do conflito<\/span><\/strong><\/p>\n\n\n\n

O ponto mais fulcral, enquanto catalisador do conflito, s\u00e3o os Acordos de Minsk, atrav\u00e9s dos quais, a Ucr\u00e2nia deveria:<\/p>\n\n\n\n