{"id":9188,"date":"2023-03-01T14:35:48","date_gmt":"2023-03-01T14:35:48","guid":{"rendered":"https:\/\/eurodefense.pt\/?p=9188"},"modified":"2025-01-09T09:08:39","modified_gmt":"2025-01-09T09:08:39","slug":"o-soft-power-do-catar-na-europa-o-exemplo-do-desporto","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/eurodefense.pt\/o-soft-power-do-catar-na-europa-o-exemplo-do-desporto\/","title":{"rendered":"O Soft Power do Catar na Europa: O exemplo do desporto"},"content":{"rendered":"\n

O conceito de soft power<\/em> (poder suave) \u00e9 atribu\u00eddo ao Professor Joseph Nye, que o define como \u201ca habilidade de afetar outros no sentido de obter os resultados pretendidos atrav\u00e9s da atra\u00e7\u00e3o, em vez da coa\u00e7\u00e3o ou do pagamento\u201d. A influ\u00eancia do comportamento de outrem, segundo Nye, pode ser concretizado de tr\u00eas formas: amea\u00e7as de coer\u00e7\u00e3o; est\u00edmulos financeiros e pagamentos (\u201ccenouras\u201d); atra\u00e7\u00e3o que faz com que outros queiram aquilo que o pr\u00f3prio quer. Ora, o soft power<\/em> refere-se \u00e0 influ\u00eancia que recorre \u00e0s duas \u00faltimas formas, deixando de lado a dimens\u00e3o da for\u00e7a para alcan\u00e7ar qualquer tipo de objetivo. Para al\u00e9m disso, o soft power depende de tr\u00eas recursos: culturais, referentes aos locais onde o mesmo \u00e9 atrativo; valores pol\u00edticos, referentes \u00e0 ades\u00e3o do pr\u00f3prio promotor e disseminador a esses valores no espa\u00e7o dom\u00e9stico e no espa\u00e7o transfronteiri\u00e7o; pol\u00edtica externa, relativas a atitudes tomadas na prote\u00e7\u00e3o dos interesses consideradas leg\u00edtimas e dotadas de autoridade moral[1]<\/span><\/strong><\/sup><\/a>.<\/p>\n\n\n\n

Quanto \u00e0 segunda forma de influ\u00eancia comportamental (est\u00edmulos financeiros e pagamentos), algumas vezes chamado de \u201ccenouras\u201d, s\u00e3o o volume e abrang\u00eancia da ajuda externa do Qatar, os seus investimentos no desporto e os esfor\u00e7os diplom\u00e1ticos mais subtis que constituem os impulsos mais significativos do soft power<\/em> deste pa\u00eds[2]<\/span><\/strong><\/sup><\/a>. E \u00e9 nessa forma de influ\u00eancia que n\u00f3s pretendemos centrar o presente artigo. <\/p>\n\n\n\n

Em dezembro do ano passado, soubemos que a pol\u00edcia federal belga realizou um n\u00famero de excurs\u00f5es a redes de cinco pessoas acusadas de participa\u00e7\u00e3o em organiza\u00e7\u00f5es criminosas, \u201ccorrup\u00e7\u00e3o e lavagem de dinheiro\u201d, sendo que as buscas policiais chegaram a obter \u201c600 mil d\u00f3lares em dinheiro, para al\u00e9m de telefones e computadores\u201d. Sendo que os primeiros acusados consistiram num ex-membro do Parlamento Europeu, alguns assessores parlamentares e um chefe sindical, decididos em irem ao Copa do Mundo FIFA 2022 no QATAR, veio-se a saber que n\u00e3o foram apenas figuras t\u00e3o insignificantes (para determinados padr\u00f5es) a encherem os bolsos de forma t\u00e3o obscura. Na verdade, Eva Kahli, uma das vice-presidentes do Parlamento Europeu, acabou por ficar sob cust\u00f3dia da pol\u00edcia. A estas acusa\u00e7\u00f5es graves tamb\u00e9m n\u00e3o escapou uma ONG (Organiza\u00e7\u00e3o N\u00e3o-Governamental) conhecida pelos seus afiliados tendencialmente direcionados para a esquerda pol\u00edtica[3]<\/span><\/strong><\/sup><\/a>.<\/p>\n\n\n\n

Comecemos por Eva Kahli. \u00c9 (ou era) uma das pessoas mais poderosas das institui\u00e7\u00f5es europeias, antes dotada de prest\u00edgio social no seu pa\u00eds de origem, a Gr\u00e9cia, por ter sido uma famosa apresentadora de not\u00edcias. Para al\u00e9m disso, veio a ser uma das defensoras mais (aparentemente) convictas de Doha, tendo chegado a afirmar que o Qatar se encontra na \u201clideran\u00e7a dos direitos laborais\u201d, depois de se ter encontrado com o ministro do trabalho desse pa\u00eds asi\u00e1tico[4]<\/span><\/strong><\/sup><\/a>. Eva Kahli \u00e9 afiliada ao partido grego de centro-esquerda Movimento Socialista Pan-hel\u00e9nico[5]<\/span><\/strong><\/sup><\/a>.<\/p>\n\n\n\n

O parceiro de Kahli, Francesco Giorgi, tamb\u00e9m foi detido. Trabalhava enquanto conselheiro no Parlamento Europeu relativamente a assuntos relacionados ao Norte de \u00c1frica e ao M\u00e9dio Oriente e \u00e9 fundador da Fight Impunity, uma organiza\u00e7\u00e3o n\u00e3o-governamental que, ironicamente, tem como objetivo auto-proclamado promover \u201ca responsabilidade como um pilar central da arquitetura da justi\u00e7a internacional\u201d[6]<\/span><\/strong><\/sup><\/a>.<\/p>\n\n\n\n

O chefe sindical envolvido tamb\u00e9m nesta investiga\u00e7\u00e3o foi Luca Visentini, o secret\u00e1rio-geral da Confedera\u00e7\u00e3o Internacional do Trabalho (CIT). Na primeira metade de Dezembro do ano passado, Visentini confessou que havia recebido uma doa\u00e7\u00e3o de pelo menos 50 mil euros da organiza\u00e7\u00e3o n\u00e3o-governamental Fight Impunity, fundada por Pier Antoni Panzeri, um ex-deputado que se encontra detido por acusa\u00e7\u00f5es de corrup\u00e7\u00e3o. Visentini foi libertado sem acusa\u00e7\u00e3o no dia 11 de Dezembro, tendo-lhe sido imposta a obriga\u00e7\u00e3o de informar as autoridades se pretendesse sair do espa\u00e7o da Uni\u00e3o Europeia at\u00e9 Mar\u00e7o deste ano. Visentini tamb\u00e9m afirmou que abdicaria do seu lugar de secret\u00e1rio-geral da CIT[7]<\/span><\/strong><\/sup><\/a>.<\/p>\n\n\n\n

A evolu\u00e7\u00e3o do comportamento da CIT relativamente ao Qatar \u00e9 algo curiosa, para dizer o m\u00ednimo. Em 2013, a organiza\u00e7\u00e3o, que se refere como \u201ca voz global dos trabalhadores\u201d, exigiu que o Qatar n\u00e3o fosse o pa\u00eds anfitri\u00e3o da Copa do Mundo devido \u00e0 situa\u00e7\u00e3o observada dos trabalhadores migrantes encarregados da constru\u00e7\u00e3o de um novo aeroporto e de novos est\u00e1dios, hot\u00e9is e estradas. Em 2015, a organiza\u00e7\u00e3o chegou mesmo a chamar o Qatar de \u201cestado de escravos\u201d. Contudo, em Junho de 2022, quase meio ano antes da Copa do Mundo, Sharon Burrow, a ent\u00e3o secret\u00e1ria-geral da organiza\u00e7\u00e3o, apareceu num v\u00eddeo publicado pelo ministro do trabalho do Qatar, no qual elogiava as leis trabalhistas do pa\u00eds do M\u00e9dio Oriente[8]<\/span><\/strong><\/sup><\/a>.<\/p>\n\n\n\n

Pier Antonio Panzeri, j\u00e1 referido acima, foi detido tamb\u00e9m em Dezembro. Um mandato para a captura de Panzeri acusa-o de \u201cintervir politicamente junto de membros que trabalham no Parlamento Europeu em benef\u00edcio do Qatar e de Marrocos\u201d. Outros membros da Fight Impunity, nomeadamente antigos assessores parlamentares, est\u00e3o tamb\u00e9m a ser investigados, incluindo um que atualmente acompanha o trabalho parlamentar da deputada Marie Arena, tamb\u00e9m do grupo europeu Alian\u00e7a de Socialistas e Democratas[9]<\/span><\/strong><\/sup><\/a>.<\/p>\n\n\n\n

Pouco antes do primeiro jogo, parte substancial dos mesmos trabalhadores indispens\u00e1veis para a concretiza\u00e7\u00e3o do projeto bilion\u00e1rio da Copa do Mundo foram despejados dos seus apartamentos para fins de alojamento dos turistas ou visitantes[10]<\/span><\/strong><\/sup><\/a>. O pr\u00f3prio Qatar afirmou que, em 2010, houve 37 mortes \u201cligadas diretamente \u00e0 constru\u00e7\u00e3o dos est\u00e1dios\u201d. Contudo, o n\u00famero aproximado de 6500 \u00e9 o valor mais mencionado[11]<\/span><\/strong><\/sup><\/a>. A documenta\u00e7\u00e3o de eventuais reformas legislativas no Qatar tem sido tarefa de trabalhadores, jornalistas, organiza\u00e7\u00f5es de direitos humanos como a Amnistia Internacional, a Equidem e de organiza\u00e7\u00f5es trabalhistas como a Trades Union Congress. O mesmo se passa com a contagem do n\u00famero de mortes durante eventos da dimens\u00e3o do Mundial da FIFA. Os valores apresentados pelo Qatar s\u00e3o (quase) indubitavelmente conservadores. Dados da \u00cdndia, do Bangladesh, do Nepal e do Sri Lanka revelaram que houve 5927 mortes de trabalhadores migrantes no Qatar entre 2011 e 2020. Para al\u00e9m disso, dados da embaixada do Paquist\u00e3o no Qatar registaram mais 824 mortes de trabalhadores paquistaneses entre 2010 e 2020. Um artigo da BBC apresenta 6500 como o valor aproximado no n\u00famero verdadeiro de mortes de trabalhadores migrantes, isto \u00e9, o valor mais citado[12]<\/span><\/strong><\/sup><\/a>.<\/p>\n\n\n\n

Ainda para mais, o Qatar n\u00e3o demonstrou esfor\u00e7os para investigar as raz\u00f5es de mortes espont\u00e2neas de trabalhadores migrantes. Segundo as autoridades oficiais do Qatar, a maior parte delas s\u00e3o causadas por ataques card\u00edacos ou a \u201ccausas naturais\u201d[13<\/span><\/strong>]<\/sup><\/a>. A exposi\u00e7\u00e3o a um n\u00edvel de calor fatal (mais do que 45\u00baC durante dez horas por dia), que provoca stress e tens\u00e3o no sistema cardiovascular, parece ser a raz\u00e3o principal das mortes destes trabalhadores durante os meses de Primavera e de Ver\u00e3o[14]<\/span><\/strong><\/sup><\/a>.<\/p>\n\n\n\n

Costumamos referir-nos ao desporto como uma ferramenta isenta de controv\u00e9rsia e com duas utilidades tradicionais: solidificar a reputa\u00e7\u00e3o e imagem de um pa\u00eds e unir as na\u00e7\u00f5es, nomeadamente atrav\u00e9s da organiza\u00e7\u00e3o de eventos desportivos. Raramente \u00e9 por acaso que os pa\u00edses investem massivamente na prepara\u00e7\u00e3o dos seus atletas para participarem em eventos de maior envergadura. \u00c9 f\u00e1cil perceber o prest\u00edgio e o estatuto origin\u00e1rios da assun\u00e7\u00e3o por parte de um pa\u00eds como hospedeiro de eventos desportivos como o Mundial de Futebol, da\u00ed que se trate de uma iniciativa muito competitiva. Assim, o Qatar, enquanto anfitri\u00e3o de eventos desportivos desta dimens\u00e3o, j\u00e1 obteve resultados significativos nas suas pretens\u00f5es em se tornar num pa\u00eds atrativo[15]<\/span><\/strong><\/sup><\/a>.<\/p>\n\n\n\n

As suspeitas e alega\u00e7\u00f5es de compra de votos dirigidas ao Qatar n\u00e3o s\u00e3o escassas no contexto das buscas de oportunidades (aproveitadas) de o pa\u00eds ser anfitri\u00e3o de eventos desportivos: os 15\u00ba Jogos Asi\u00e1ticos em 2006 e a Copa Mundial em 2022, por exemplo. O direito obtido de ser anfitri\u00e3o da Copa Mundial de 2022 refor\u00e7ou muito a imagem e a reputa\u00e7\u00e3o do Qatar no M\u00e9dio Oriente e entre mu\u00e7ulmanos em redor do mundo, o que resulta num aumento significativo deste pa\u00eds a n\u00edvel de atratividade e, por sua vez, de influ\u00eancia no M\u00e9dio Oriente e no mundo mu\u00e7ulmano. Aquando do estatuto de anfitri\u00e3o, estes pa\u00edses exibem uma representa\u00e7\u00e3o de riqueza cultural e de hospitalidade que contribui para a qualifica\u00e7\u00e3o da imagem desses mesmos pa\u00edses. Para al\u00e9m da cultura, outra forma de utiliza\u00e7\u00e3o do desporto enquanto soft power \u00e9 a realiza\u00e7\u00e3o de neg\u00f3cios de patroc\u00ednio com futebolistas e equipas prestigiadas e a aquisi\u00e7\u00e3o de clubes de futebol. Por exemplo, em 2011, o Qatar comprou o clube Paris Saint-German. Trata-se de uma \u201cdiplomacia de futebol\u201d, isto \u00e9, a utiliza\u00e7\u00e3o de recursos financeiros para investir intensamente em clubes ou projetos de tipos populares de desporto populares, como o futebol[16]<\/span><\/strong><\/sup><\/a>.<\/p>\n\n\n\n

Em jeito de conclus\u00e3o, a efic\u00e1cia da \u201cdiplomacia das cenouras\u201d tem sido evidente na pol\u00edtica externa do Qatar. Alguns de n\u00f3s que se revelam mais sens\u00edveis \u00e0 forma como o Qatar tem lidado com os trabalhadores migrantes, a prote\u00e7\u00e3o das minorias e o contributo deste estado para a instabilidade no M\u00e9dio Oriente deve interessar-se pelo estudo dos desafios ao soft power <\/em>do Qatar, assunto que pode ocupar as p\u00e1ginas de outro artigo. Entretanto, podemos recordar-nos de que deputados que recebem sal\u00e1rios  correspondentes a quase 14 mil euros mensais, incluindo um subs\u00eddio de despesas, mais cerca de 5 mil euros anuais para despesas de desloca\u00e7\u00e3o e mais de 300 euros por cada dia de frequ\u00eancia em reuni\u00f5es no Parlamento Europeu aparentam ter necessidades financeiras e conseguem ser subornados por um pequeno pa\u00eds no M\u00e9dio Oriente em troca de celebra\u00e7\u00f5es de \u201creformas laborais\u201d do mesmo, n\u00e3o obstante existirem praticamente s\u00f3 evid\u00eancias de se tratar de um estado de escravos[17]<\/span><\/strong><\/sup><\/a>.<\/p>\n\n\n\n


\n\n\n\n

1 de mar\u00e7o de 2023<\/p>\n\n\n\n

Louren\u00e7o Pinto Ribeiro<\/strong>
EuroDefense Jovem Portuga<\/em>l<\/p>\n\n\n\n


\n\n\n\n

[1]<\/span><\/strong><\/sup><\/a> Antwi-Boateng, Osman (2013). The rise of Qatar as a soft power and the challenges. European Scientific Journal<\/em>. Dezembro de 2013, vol. 2, 39-51, p\u00e1g. 39<\/p>\n\n\n\n

[2]<\/span><\/strong><\/sup><\/a> Ibidem<\/em><\/p>\n\n\n\n

[3]<\/span><\/strong><\/sup><\/a> <\/span>https:\/\/www.politico.eu\/article\/eva-kaili-doha-panzeri-qatargate-what-just-happened-at-the-european-parliament\/<\/span><\/a><\/p>\n\n\n\n

[4]<\/span><\/strong><\/sup><\/a> Ibidem<\/em><\/p>\n\n\n\n

[5]<\/span><\/strong><\/sup><\/a> https:\/\/www.lifo.gr\/longstories\/hard-facts-life-and-political-carreer-eva-kaili-very-beginning<\/span><\/a><\/p>\n\n\n\n

[6]<\/span><\/strong><\/sup><\/a> https:\/\/www.politico.eu\/article\/eva-kaili-doha-panzeri-qatargate-what-just-happened-at-the-european-parliament\/<\/span><\/a><\/p>\n\n\n\n

[7]<\/span><\/strong><\/sup><\/a> https:\/\/www.politico.eu\/article\/qatar-corruption-scandal-trade-union-boss-luca-visentini-admits-taking-up-to-50k-euros-in-cash-from-panzeri-ngo-fight-impunity\/<\/span><\/a><\/p>\n\n\n\n

[8]<\/span><\/strong><\/sup><\/a> https:\/\/novaramedia.com\/2022\/11\/24\/how-a-trade-union-leader-became-qatars-biggest-fan\/<\/span><\/a><\/p>\n\n\n\n

[9]<\/span><\/strong><\/sup><\/a> https:\/\/www.politico.eu\/article\/eva-kaili-doha-panzeri-qatargate-what-just-happened-at-the-european-parliament\/<\/span><\/a><\/p>\n\n\n\n

[10]<\/span><\/strong><\/sup><\/a> Ibidem<\/em><\/p>\n\n\n\n

[11]<\/span><\/strong><\/sup><\/a> https:\/\/www.euronews.com\/my-europe\/2022\/11\/24\/fifa-should-compensate-victims-of-world-cup-preparations-meps-say<\/span><\/a><\/p>\n\n\n\n

[12]<\/span><\/strong><\/sup><\/a> https:\/\/www.theguardian.com\/global-development\/2021\/feb\/23\/revealed-migrant-worker-deaths-qatar-fifa-world-cup-2022<\/span><\/a><\/p>\n\n\n\n

[13]<\/span><\/strong><\/sup><\/a> https:\/\/www.theguardian.com\/global-development\/2019\/oct\/07\/sudden-deaths-of-hundreds-of-migrant-workers-in-qatar-not-investigated<\/span><\/a><\/p>\n\n\n\n

[14]<\/span><\/strong><\/sup><\/a> Ibidem<\/em><\/p>\n\n\n\n

[15]<\/span><\/strong><\/sup><\/a> Antwi-Boateng, Osman (2013). The rise of Qatar as a soft power and the challenges. European Scientific Journal<\/em>. Dezembro de 2013, vol. 2, 39-51, p\u00e1g. 45<\/p>\n\n\n\n

[16]<\/span><\/strong><\/sup><\/a> Ibidem<\/em>, p\u00e1g. 46<\/p>\n\n\n\n

[17]<\/span><\/strong><\/sup><\/a> https:\/\/www.gulf-insider.com\/europe-at-the-mercy-of-qatar\/<\/span><\/a><\/p>\n\n\n\n

\n
\n\n\n\n

NOTA<\/strong>:<\/mark><\/p>\n\n\n\n