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A propósito da indústria dos fogos, oficialmente declarada

Em artigo recente, coloquei a interrogação se o país estaria de facto preparado e organizado para enfrentar uma crise séria e exigente fosse ela qual fosse.

Na altura não imaginava que muito proximamente viesse a surgir uma situação muito grave e destruidora que poria à prova as minhas dúvidas, comprovando com factos reais algumas das debilidades nacionais em termos de planeamento, de coordenação, de equipamento e de actuações.

Perante a gravidade e a grandeza dos incêndios florestais, urbanos e outros, um dos nossos governantes designou-os publicamente como a “indústria dos fogos” onde proliferam negociatas e subsistem interesses variados e agentes de vários tipos.

Por outro lado, alguns representantes executivos do Estado mantem pendor para a duplicação de meios e de agências interventoras, com o inevitável acréscimo significativo de custos, dificuldades de coordenação quanto às acções a efectuar, prioridades a considerar e unidade de comando.

Consequentemente, passam-se os anos, pouco ou nada se altera no bom sentido, sendo sempre outros os responsáveis a quem atribuir algumas culpas!

Assim se criou a E.M.A., Empresa de Material Aeronáutico com os seus meios de fabrico russo sediados no Aeródromo de Ponte de Sor, tudo isto custando fortunas e com resultados medíocres para não dizer pior, porquanto helicópteros não podem confundir-se com “Tuk-Tuks”!

Com foi possível? Confesso que não sei dizer, a não ser que tudo poderia ser bem diferente se nos processos de decisão e execução existissem técnicos isentos e abalizados conhecendo os problemas a resolver e as melhores soluções a implementar.

Outro caso, entre mais, que também não entendo, nem sei explicar, está relacionado com as evacuações sanitárias que se realizam em todo o país. É que no decurso das operações militares em África a Força Aérea Portuguesa efetuou milhares destas acções em apoio às nossas Forças Militares e civis na Guiné, Angola e Moçambique e certamente que terá de continuar a fazê-lo se Portugal for envolvido em conflitos armados no âmbito da NATO, da União Europeia ou por solicitação das Nações Unidas a que não possamos negar a nossa participação.

Nestes casos será que em vez de se recorrer à Força Aérea Portuguesa ir-se-á “mobilizar” o I.N.E.M., Instituto Nacional de Emergência Médica?

Concluindo, pagamos bastante caro mais uma duplicação cuja explicação não antevejo, nem compreendo.

O que aqui foi referido de forma limitada relativamente à Força Aérea é genericamente aplicável ao Exército e à Marinha, onde existem recursos humanos e materiais que poderiam ser regularmente utilizados em tempo de paz sempre que necessário em benefício das populações e do País, evitando gastos e ineficiências de várias naturezas.

E depois o que acontece? Nunca há dinheiro para cobrir outras necessidades…

Mais ainda, as Forças Armadas Portuguesas formam periodicamente milhares de jovens nas mais variadas profissões em que muitos deles vem mais tarde preencher reconhecidas lacunas existentes no mercado nacional de trabalho quanto a operários qualificados.

Entretanto, já alguma organização se encarregou de contabilizar a valia material e social decorrente desta realidade?

Quem souber que responda!

Ao contrário, o que é comum ouvir e ver escrito é que a defesa nacional é muito cara e, sobretudo, dispensável, porquanto a NATO, a União Europeia e possivelmente outros, nos farão o favor de nos defender quando for caso disso…

Santa ingenuidade, (será?), a que nem a Nossa Senhora de Fátima poderá conseguir que seja diferente, tal como as nomeações condicionadas pelo exterior por falta de estudos (?) que teremos de pagar em beneficio destes “estudantes” tardios! Afinal já nada surpreende…!

José Lemos Ferreira
Presidente do Conselho Consultivo

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