Novos desafios, tempos de mudança e transição ou o nosso tempo
A realidade subjacente ao tempo em que vivemos, obriga à reflexão e à permanente busca de modelos transitórios onde imperam por norma os desígnios da mudança e do futuro. Esta é a prática do ser humano isolado ou em grupo, mas este devir condiciona fundamentalmente as sociedades e os seus poderes. Como nos relembra John Naisbitt “Não começamos a nossa viagem na vida como uma folha em branco”, na qual o tempo da história é o tempo do meio e do local que se projeta na sociedade onde estamos inseridos. É este diálogo aporético que nos pode transportar para os desafios dos dias que projetamos.
A Europa e o Mundo fazem hoje da mudança um verdadeiro jogo global, onde se perfila a crescente preocupação da sociedade para novos temas, onde a ciência ultrapassa metas e os estímulos societários motivados pela modernidade e capacidade de inovação parecem sem limites. No entanto o entusiasmo frenético das transições digitais, energéticas, sanitárias, económicas e sociológicas em curso, remetem-nos igualmente e sempre, para a prevalência da disputas pelo poder, da geopolítica dos Estados e das Organizações, onde amiúde sobressaem as fragilidades e os desequilíbrios existentes na atual sociedade.
É inserido neste pulsar de ideias que o Centro de Estudos EuroDefense-Portugal (ED-PT) procura em tempos de resiliência e de crise, inscrever para debate algumas temáticas de reconhecido relevo, num momento de feliz coincidência com a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia.
Na reunião de Presidentes e da Conferência Internacional da Rede EURODEFENSE a realizar em meados de junho em Lisboa, um dos temas a perspetivar será a reflexão e análise sobre as ameaças prevalecentes no mundo digital e as suas consequências. Os designados ciberataques, nomeadamente sobre infraestruturas críticas obrigam a um nível de cooperação e conhecimento transversal a várias instituições. Muito recentemente, em 22 de março de 2021, o próprio Conselho Europeu adotou já conclusões sobre a “Estratégia de Cibersegurança”, fator essencial para a construção de uma Europa digital.
Também nesta Conferência será abordado o impacto do modelo de transição energética na Europa e no Mundo para as próximas décadas, muito decorrente das alterações climáticas em curso, e que irão impulsionar múltiplos avanços nos domínios da tecnologia e da ciência. Este novo ciclo irá centrar-se nos modelos energéticos inovadores, nas novas componentes industriais mais eficientes, nos processos de comunicação, nas redes elétricas e de dados, e de todo um aproveitamento de recursos, que possam servir a sociedade, as pessoas e o seu planeta, de forma mais equilibrada e sustentada. A segurança e a defesa como componente basilar dos Estados, não deixará de ser condicionada pela envolvência de todos estes desenvolvimentos emergentes e dos múltiplos fatores transversais à sociedade onde se insere.
De igual modo, teremos em debate, a abordagem sempre recorrente e sempre atual de uma «Nova Arquitetura para a Defesa Europeia» onde as dimensões deste conceito deverão como referiu o atual Ministro da Defesa Nacional (MDN) ultrapassar falsas dicotomias como do “chamado soft power europeu, supostamente assente na Europa como potência puramente civil versus uma política comum de segurança e defesa… Para tal, é também necessário construir uma cultura estratégica partilhada europeia que reconheça esta realidade e que saliente a promoção dos nossos valores, bem como dos nossos interesses”.
O ED-PT promoverá igualmente no início de junho, em conjunto com o Instituto Universitário Militar (IUM), contando com a presença do MDN e do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), uma conferência de inegável interesse “A União Europeia e o Mediterrâneo: Espaço de Cooperação”, publicitada nesta nossa Newsletter, evento que terá como moderador o Presidente da Direção do ED-PT, o Dr. António Figueiredo Lopes. Os novos desafios e os tempos de mudança são inexoráveis e estão aí! Os temas da segurança e defesa europeia são o nosso tempo, e também eles parte prospetiva e integrante das múltiplas questões e dúvidas que as novas gerações querem e exigem saber.
30 de abril de 2021
Eduardo Caetano de Sousa
Vogal da EuroDefense-Portugal