1. Introdução
Foram conhecidos, há dias, os resultados alcançados pelas Entidades que apresentaram Propostas de Projetos para responder aos pedidos (Calls) da UE no quadro do Fundo Europeu de Defesa.
É a primeira vez na história da UE que um Fundo dedicado à defesa é acolhido no Quadro Financeiro Plurianual (QFP). Tal decorre de duas razões. Por um lado, a conhecida fragmentação do tecido industrial europeu na área da defesa, o que leva necessariamente à duplicação de custos e à multiplicação de sistemas existentes, gerando naturais problemas de interoperabilidade. Por outro lado, a constatação da carência europeia em sistemas operacionais modernos e de tecnologia avançada. São as já longamente conhecidas “shortfalls” europeias.
O Fundo Europeu de Defesa (FED) agora acolhido no QFP 2021-27 propõe-se fomentar a aproximação e o inter-relacionamento entre as empresas e outras entidades da chamada Base Tecnológica e Industrial de Defesa Europeia, disponibilizando-lhes verbas para o desenvolvimento de projetos desde que sejam cooperativos e satisfaçam as necessidades tecnológicas europeias. A participação das empresas é solicitada através de pedidos de projetos (Calls), concebidos pela “Direção-Geral para as Indústrias do Espaço e de Defesa” da Comissão Europeia, entidade recentemente criada pata tal.
A presente análise destina-se a avaliar a forma como as empresas portuguesas tiraram partido das oportunidades proporcionadas pelo primeiro lançamento de pedidos de projetos lançados pela União Europeia no quadro do Fundo Europeu de Defesa que identificaremos como o “FED 2021”.
De notar desde já que o Fundo Europeu de Defesa prevê o financiamento de 100% (a fundo perdido) dos projetos de “investigação” que sejam aprovados. Deve ainda referir-se que caso um projeto de investigação prossiga para a fase de Produção, os custos de “desenvolvimento” incluindo a prototipagem de modelos, será financiada a 20%. Este financiamento adicional destina-se a permitir ultrapassar a fase mais cara e arriscada no processo de produção.
2. Considerações sobre o Fundo Europeu de Defesa
A participação da Comissão Europeia nos esforços de melhoria da defesa europeia assumiu uma dimensão substantiva na sequência da aprovação, em 2016, da “Estratégia Global para a Política Externa e de Segurança da União Europeia”.
Nessa “Estratégia Global” dá-se conta das ameaças graves que impendem sobre a União tanto a leste onde “a ordem de segurança europeia foi violada”, quanto a sul onde o “terrorismo e a violência” continuam a flagelar os nossos vizinhos e a própria Europa.
Na área de segurança e defesa, a Estratégia Global identifica as vulnerabilidades da Base Tecnológica e Industrial de Defesa da Europa, nomeadamente a sua fragmentação, que na prática impede o desenvolvimento das capacidades tecnológicas necessárias à segurança europeia. Mas refere também que embora a política e as despesas em matéria de defesa continuem a ser prerrogativas nacionais, nenhum Estado-Membro tem condições para agir a título individual o que “exige um esforço e uma cooperação concertados” para que o resultado final seja o melhor. Foi esta análise que parece ter impulsionado a intervenção da Comissão Europeia numa área em que tinha estado praticamente ausente, se bem que as indústrias de defesa sejam consideradas estratégicas pela faturação que alcançam, empregos diretos e indiretos que representam e capacidade tecnológica de que podem dispor.
A entrada em vigor do FED 2021 através do QFP foi antecedida de processos prévios que se destinaram a criar as melhores condições administrativas e funcionais para que este pudesse atingir os objetivos a que se propôs.
Após o lançamento de “Projetos Piloto”, foi implementada a “Ação Preparatória” com o lançamento de calls para anos 2017/2019 que iniciou na prática o desenvolvimento deste processo e teve um valor aproximado de 90 milhões de euros. Com resultado nessa experiência, foi elaborado o “Programa Europeu de Desenvolvimento Industrial de Defesa” (PEDID) para 2019-2020 dotado de cerca de 500 milhões de euros.
Em todos os casos a EuroDefense-Portugal deu conta da participação das empresas portuguesas na resposta aos pedidos de calls lançadas por estes processos.
3. Caraterização do processo FED 2021
3.1 Financiamento disponível e participação de interessados
Antes de mais importa salientar o valor significativo envolvido[1]. O financiamento da UE atribuído aos projetos aprovados para as “calls 2021” foi de quase €1.2 biliões, tendo sido atribuídos:
- 322 milhões de EUR – para projetos de “investigação” colaborativa no domínio da defesa destinada a enfrentar desafios e ameaças emergentes/futuras. Tal como referido anteriormente os projetos aprovados que deverão ser apresentados por consórcios em que participem pelo menos 3 Entidade empresariais de pelo menos 3 países foram financiados a fundo perdido.
- 845 milhões de EUR – para projetos colaborativos de “desenvolvimento” de capacidades, complementando as contribuições nacionais.
Fig. 1 – Números-Chave
Da análise da figura anterior podemos concluir que:
Para as 23 calls lançadas, foram recebidas 142 propostas de projetos, o que representa uma capacidade potencial significativa que cobriu todos os tópicos contidos nas mesmas calls;
Verifica-se, ainda, que a resposta cobriu uma vasta cobertura geográfica e que abrangeu 692 entidades legais (empresas, universidades, centros de pesquisa e investigação) de 26 Estados-Membros e da Noruega (que para estes efeitos se associou ao projeto do FED);
O facto de os projetos contarem, em média, com uma participação de 18 entidades diferentes oriundas de 8 Estados distintos, demonstra um aumento nos níveis de cooperação entre organizações residentes em diferentes países dentro da União Europeia, o que vai ao encontro de uma das finalidades do Fundo Europeu de Defesa, a de criar uma rede europeia que evite a fragmentação que tem caraterizado esta área;
Verifica-se ainda que 18% do total de fundos atribuídos aos projetos foram direcionados para as PMEs europeias. Essa priorização é muito vantajosa por várias razões das quais se destacam duas. Antes de mais porque boa parte do tecido empresarial europeu é constituído por PMEs, mas sobretudo porque existe a perceção de que sem PMEs não há verdadeira inovação e processos de rotura/ disruptivos que são essenciais num momento de tão grande aceleração tecnológica. Deve mesmo notar-se que existem nas Calls duas Categorias voltadas exclusivamente para esta área: a das “Tecnologias Disruptivas” e a das “Soluções Inovativas e Direcionadas para o Futuro”.
Para Portugal em que o peso das PMEs é muito significativo no tecido empresarial, esta priorização da UE não podia ser mais relevante. O que traz a necessidade do desenvolvimento de esforços nacionais para a informação e consciencialização para estas oportunidades.
A compatibilização de algumas calls com as diretrizes definidas na PESCO (um total de 15 projetos) conduz a benefícios adicionais, tais como a adicional cooperação entre entidades e organizações de diferentes Estados-Membros, o cumprimento de objetivos delineados pelo Conselho Europeu e a captação de financiamento adicional (10% dos custos totais do projeto);
O resultado final do processo de lançamento de Calls, seleção de propostas e avaliação de consórcios levou à aprovação de um total de 60 projetos finais qualitativamente diferenciadores, que contaram com um financiamento total a rondar os €1.2 Biliões.
3.2 Fundos atribuídos por Categorias de Projetos
Fig. 2 – Categorias de Projetos contemplados
A análise da Fig. 2 que apresenta os Projetos aprovados articulados em Categorias permite-nos apontar algumas considerações.
De notar que as 4 verbas mais significativas foram atribuídas da seguinte forma:
- Ao Combate Aéreo – 189 milhões
- Ao Combate Terrestre – 154 milhões
- Ao Combate Naval – 103.5 milhões
- À Defesa Aérea/Misseis – 100 milhões
As seguintes 6 verbas que completam o Top 10 foram:
- Energia e Ambiente – 82 milhões
- Superioridade em Informação – 70 milhões
- Transformação Digital – 68.5 milhões
- Inovação e Soluções Futuras – 66.7 milhões
- Tecnologias Disruptivas – 64.5 milhões
- Respostas Médicas – 57.8 milhões
Daqui as conclusões que podemos retiram são:
A prioridade dada a avanços em termos de material/tecnologias de Combate, seja aéreo, terrestre ou naval, dado o papel vital que estes sistemas desempenham em teatros de guerra, gestão de crises e conflitos ou operações de manutenção da paz;
O facto de terem sido também contemplados, de forma significativa, projetos de natureza transversal que apoiam todas as áreas operacionais. O que materializa a diversificação do foco de investimento e desenvolvimento em termos de categorias, abrangendo áreas como transformação digital, inovação de soluções futuras, avanços médicos e energéticos e cuidado ambiental, deixando claro a importância na complementaridade que estas categorias têm na elaboração de respostas eficazes a crises e conflitos futuros.
3.3 Consórcios com Projetos vencedores, por país
Fig. 3 – Distribuição, por País, das Entidades contempladas
De notar no quadro anterior que os países com maior número de Consórcios com projetos aprovados, por ordem, foram:
- França; Itália; Espanha; e Alemanha;
Esta participação é considerada expectável porque é nestes países que se localizam as grandes empresas que constituem o final de linha de produção, ou seja, que fazem a montagem final dos sistemas operacionais.
Os países que contribuíram com entidades de uma forma considerável, mas não tão expressiva, foram:
- Grécia; Holanda; Suécia; Bélgica; Noruega; Polónia; Finlândia; Eslovénia; Portugal;
Neste grupo juntam-se países com significativa capacidade de produção industrial em indústrias de defesa como a Holanda, a Suécia ou a Polónia, com outros com boa capacidade de inovação, atenção às oportunidades ou maior rede de contactos e de internacionalizações.
Portugal partilha este grupo sendo de notar que algumas empresas selecionadas têm vindo a participar, com êxito, nos programas anteriores do FED. O desafio que se coloca é o de aumentar a sensibilidade a estes fundos através de um esforço de informação às nossas empresas.
Num terceiro grupo, com uma participação inferior a 20% de participações situam-se:
- Dinamarca; Estónia; Bulgária; Chipre; Roménia; Lituânia; Chéquia; Áustria; Hungria; Letónia; Croácia; Luxemburgo; Irlanda; Eslováquia
4. Resultados Obtidos pelas empresas portuguesas
4.1 Análise Geral da participação nacional
Vamos avaliar de seguida, apresentados por Categorias de Projetos selecionados, a participação das empresas portuguesas.
A análise foi baseada nas informações disponibilizadas pela Comissão Europeia em relação aos projetos aprovados[2].
Em termos gerais podemos referir que as 20 Entidades Portuguesas incluídas em Consórcios com projetos aprovados, representam 2,6 % das 692 entidades selecionadas pela UE. O que se situa acima do resultado previsível, face ao PIB nacional que é de 1,4% do PIB da UE[3].
Este resultado representa uma capacidade significativa das empresas portuguesas se manterem informadas sobre as oportunidades de negócio e de procurar aproveitar de modo eficaz as capacidades de que dispõem e as ligações que foram desenvolvendo, sem as quais não é possível aceder ao FED.
Importa também referir que as empresas e entidades nacionais com sucesso fizeram parte de apenas 9 Consórcios entre os 60 que concorreram e tiveram projetos selecionados.
Julgamos evidentemente que é possível melhorar a participação nacional. Existe em Portugal um conjunto diversificado de empresas, centros de investigação e entidades académicas com capacidades relevantes e de interesse significativo para o desenvolvimento dos programas europeus que nos parece não terem ainda procurado participar no FED. O que vem confirmar a necessidade da EuroDefense e outros centros de difusão continuarem a promover o contacto e esclarecimento do tecido produtivo nacional.
Quanto a financiamento, existem muitos dados não divulgados nomeadamente quanto à percentagem de participação de cada entidade nos Consórcios constituídos. Porém, podemos tirar algumas conclusões gerais, eventualmente úteis.
Assim, podemos referir que sendo o montante do financiamento disponibilizado pela UE para o ciclo EDF 2021 de 1,2 Biliões de Euros, este financiamento corresponde em termos médios a cerca 1,734 Milhões de Euros para cada Entidade participante selecionada. Claro que a distribuição de fundos para cada participante corresponde à percentagem com que são parte do Consórcio. Mas dá uma ideia geral.
Vejamos agora os resultados nacionais. As Entidades nacionais que tiveram sucesso integraram-se em Consórcios que na totalidade abrangem 191 Entidades. Estes Consórcios apresentaram Projetos que irão ser financiados com 280,3 M de Euros. O que, em termos gerais, representa uma disponibilização financeira de 1,469 Milhões de Euros por empresa, situando-se, pois, um pouco abaixo da média geral.
O que por sua vez nos leva à necessidade de analisarmos os projetos vencedores em que as empresas portuguesas participaram e às caraterísticas dessas empresas.
4.2 Projetos e Entidades nacionais selecionadas
As empresas nacionais, que fizeram parte dos 9 Consórcios e consequentes Projetos aprovados. Será mantida a designação em inglês do projeto para simplificar o entendimento. A Visão geral dos projetos vencedores consta do Anexo A a este documento.
4.2.1 EPIIC Enhanced Pilot Interfaces & Interactions for fighter Cockpit
O projeto EPIIC visa enfrentar os desafios tecnológicos da futura guerra aérea e do combate colaborativo, identificando, avaliando e desenvolvendo tecnologias inovadoras e modalidades interativas disruptivas a serem integradas em futuros cockpits de aviões de combate.
Foi o projeto com maior financiamento (75,0 milhões de Euros) a que as empresas nacionais concorram.
É um projeto de investigação e desenvolvimento que implica capacidade de produção até à fase de prototipagem, envolveu 25 empresas algumas de dimensão tecnológica e industrial significativa como a Thales, Airbus e Dassault.
As empresas nacionais participantes no Consórcio foram:
- Almadesign – Conceito Desenvolvimento Design Lda. Empresa de design com projetos na área dos transportes (aeronáutica, automóvel, caminho de ferro e náutica), produtos e marcas.
- Empordef Tecnologias de Informação. É uma Empresa da área do desenvolvimento e engenharia de software. Está integrada no sistema idD Portugal Defense.
- GMVIS SKYSOFT SA. Empresa focada no desenvolvimento de soluções tecnológicas avançadas na área do espaço. Dispõe de produtos e soluções nas áreas da segurança e defesa, aeronáutica e espacial, entre outras.
4.2.2 EICACS European interoperability standard for collaborative air combat
Este projeto centrar-se-á na interoperabilidade, tendo em conta que o combate aéreo colaborativo irá envolver sistemas aéreos de combate futuros, plataformas antigas e sua evolução, plataformas tripuladas ou não tripuladas, incluindo uma multitude de sensores e multiplicadores de efeitos. O EICACS visa assegurar a interoperabilidade desses meios (com os da NATO e potencialmente outras situações de coligação) para que se garanta uma integração sem descontinuidades. Tem um financiamento significativo (74Milhões de Euros), inclui investigação e desenvolvimento de uma solução de compatibilização de meios de combate aéreo e conta com a participação de 30 entidades europeias, algumas das quais com uma capacidade industrial das mais elevadas do continente europeu, tais como a Dassault, Airbus, Leonardo, Saab e Thales.
A participação nacional participante é a:
- Edisoft, é uma joint venture entre a Thales, a NAV Portugal e a idD Portugal Defense. A Edisoft é uma empresa de software que, na área militar, tem desenvolvido soluções avançadas nomeadamente na área do C4I.
4.2.3 ACTING Improved capacity for cyber training and exercises
O projeto irá desenvolver uma rede de cíber-domínios avançados interligados (federados) orientados para a formação, treino e realização de exercícios. Tem como objetivo incorporar métodos e técnicas sofisticadas para simulação, análise do desempenho dos operadores cibernéticos e avaliação da situação de segurança cibernética.
Importa referir que o ACTING (aprovado no quadro do FED), está relacionado com o Projeto da Cooperação Estruturada Permanente “EU Cyber Academia and Innovation Hub (EU CAIH)” de que Portugal é entidade Líder. O que significa que o fundo destinado ao programa ACTING terá um bónus de financiamento de 10%.
Com uma dotação de 16,3 Milhões de Euros e 28 entidades participantes o projeto tem um pendor académico e institucional significativos envolvendo diversas Institutos de Defesa e Academias Militares.
As entidades nacionais participantes são:
- O Estado Maior do Exército dado que a “Cyber Academia and Innovation Hub (CAIH) está ligada desde o início à Academia Militar.
- A GMVIS SKYSOFT, já referida anteriormente.
- A Vision Space, Portugal que tem desenvolvido soluções na área da cibersegurança nomeadamente na resposta rápida a situações de ameaça.
Importa, todavia, evidenciar alguns aspetos em relação à Cyber Academia and Innovation Hub (CAIH) que parece constituir um caso de estudo nacional de sucesso significativo.
Antes de mais, pelo propósito nacional e coordenação de iniciativas. A ideia de criar uma “Academia Cíber” aberta a outros participantes interessados foi lançada por Portugal em 2021, numa reunião da UE tendo sido acolhida favoravelmente. O passo seguinte foi o de promover a inclusão no quadro da Cooperação Estruturada Permanente do projeto correspondente, o que veio a acontecer, tendo o projeto sido designado por “EU Cyber Academia and Innovation Hub (EU CAIH)” de que Portugal é a entidade Líder.
Em termos nacionais a ideia tem vindo a ser desenvolvida de forma consistente e sistemática. O CAIH, foi previsto na Estratégia Nacional de Ciberdefesa, aprovada em novembro de 2022 e em abril deste ano foi aprovado pelo Conselho de Ministros o decreto-lei que cria a correspondente academia dedicada às áreas da ciberdefesa e cibersegurança.
O projeto “ACTING Improved capacity for cyber training and exercises”, acima referido, representa a continuação do esforço do levantamento desta capacidade agora no quadro do Fundo Europeu de Defesa, com um financiamento a fundo perdido de 16,3 Milhões de Euros, e que terá um bónus de 10% pela ligação entre o projeto PESCO e do FED.
De notar ainda que caráter específico do CAIH face a outras entidades que desenvolvem atividades neste domínio, porque: (i) se insere simultaneamente no espaço da cibersegurança e da ciberdefesa; (ii) possuiu uma dimensão nacional que concorre para a Estratégia Nacional de Segurança do Ciberespaço; e (iii) encerra uma vertente internacional alinhada com a política para a ciberdefesa da NATO, bem como com as estratégias de cibersegurança da União Europeia (UE)[4]”.
O Ministério da Defesa salienta ainda que “numa perspetiva de fomentar a convergência de interesses das indústrias, do tecido empresarial, e instituições de ensino superior com os organismos da Administração Pública”, a academia em causa integra, além da Defesa, entidades tuteladas por outras áreas governativas como a Administração Interna, Justiça, Economia e Mar, Educação, Ciência Tecnologia e Ensino Superior e Digitalização e Modernização Administrativa.
4.2.4 EDOCC Cloud technologies
O projeto criará uma plataforma virtual para aumentar a interoperabilidade, a eficiência e a resiliência das operações militares. Visa fortalecer os serviços colaborativos no campo de batalha. O projeto irá estudar, conceber e validar conceptualmente a plataforma virtual e desenvolver a primeira versão de um catálogo de serviços, identificando simultaneamente normas e tecnologias adequadas para um elevado desempenho e interoperabilidade.
O projeto tem um financiamento significativo de 40,0 Milhões de Euros sendo o Consórcio construído por 26 entidades.
A empresa nacional incluída é a:
- Sistrade Software Consulting, S. A., empresa especializada no desenvolvimento de software e prestação de serviços de consultoria para diferentes setores da atividade tecnológica e industrial.
4.2.5 NEUMANN Energy efficiency and energy management
O projeto visa abordar as tecnologias de propulsão e dos sistemas de geração de energia necessárias para fornecer para lidar com os requisitos de missão e as necessidades operacionais da próxima geração de aviões de combate.
Tem uma dotação de 48,9 Milhões de Euros e o Consórcio é constituído por 37 entidades
Portugal está representado pela:
- Optimal Structural Solutions Lda. empresa especializada na área de estruturas compósitas avançadas.
4.2.6 ECOBALLIFE Advanced materials and structures, and critical electronics
O projeto irá identificar, criar e melhorar o conhecimento, novos materiais e tecnologias para garantir um elevado nível de proteção contra uma vasta gama de ameaças, reduzindo o risco de ferimentos nos militares. O projeto integrará todos os intervenientes europeus que possam contribuir para a melhoria do sistema de defesa europeu, convidando intervenientes não tradicionais no setor da defesa.
O ECOBALIFE foi financiado com 10,0 Milhões de Euros sendo este Consórcio constituído por 16 entidades especializadas na área.
Três empresas nacionais estão incluídas:
- O Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (CITEVE). Empresa de créditos reconhecidos na área tendo participado já em diversos anteriores nas diversas fases do desenvolvimento do FED
- A Ideia. M, Lda. Empresa de engenharia na área da investigação e desenvolvimento dos materiais compósitos e comercialização de produtos que utilizem materiais compósitos
- SASIA – Reciclagem de Fibras Têxteis, S.A. Ligada à economia circular. Ligada ao desenvolvimento de fibras recicladas & sustentáveis.
4.2.7 NAUCRATES Open call dedicated to SMEs for development of innovative and future-oriented defence solutions
O projeto projetará e apresentará o protótipo de um microssatélite destinado à identificação ótica de objetos residentes da Órbita Geoestacionária da Terra (GEO). Tem um financiamento de 4,0 Milhões de Euros e a participação de 11 entidades.
O projeto projetará e apresentará o protótipo de um microssatélite com menos de 100kg de massa, para posicionamento em órbita estável fora do cinturão GEO, dispondo de sensor ótico em órbita com a capacidade de se aproximar de outros objetos no GEO para obter imagens de resolução de centímetro. O satélite NAUCRATES, com uma vida útil prevista de 3 a 5 anos, contará com um design furtivo para não ser visível por radares terrestres, telescópios ou SIGINT e abrigará um telescópio ótico usando infravermelho especial para transmissão de imagens para minimizar as possibilidades de espionagem.
A Tekever Space – Sistemas Espaciais, Lda, é a empresa envolvida. A Tekever tem participado com evidente sucesso em diversos projetos europeus tendo dado início à sua participação desde os projetos piloto de 2017.
É uma empresa líder no mercado em tecnologia e serviços de sistemas não tripulados, desenvolvendo investigação e produtos na área dos satélites da próxima geração.
4.2.8 Nano-SHIELD Multifunctional nanofiber membranes as CBRN Shield for next generation defence and civil application
O projeto irá desenvolver uma solução baseada em nanofibras para militares, forças de segurança e público em geral especialmente concebidas para deteção de moléculas químicas nocivas, entidades biológicas patogénicas e proteção contra a radiação e a radiação nuclear. Aumentará a resiliência da UE, permitindo uma resposta rápida e adaptativa às ameaças QBRN emergentes através da nova geração de equipamentos de proteção com tempo de duração prolongado.
Tem um financiamento de 4,0 Milhóes de Euros sendo o Consórcio constituído por 8 entidades.
A participação nacional no projeto é efetuada pela Biofabrics Lda que é também o Coordenador
- A Biofabrics Lda é uma empresa de I&D especializada na geração e cultura de análogos de biotecidos 3D. Experiência acadêmica e industrial na interseção de áreas como: Biofabricação e Manufatura Aditiva; Microfluídica; tecnologias de biorreatores e da Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa
4.2.9 FIBERSENSE Using fiber optical cables for maritime situational awareness
O projeto focará e promoverá a tecnologia de Sensoriamento Acústico Distribuído (SAD). O SAD explora o retroespalhamento induzido por laser de Rayleigh no Cabo de Fibra Ótica (CFO) para detetar ondas acústicas incidentes. Serão realizados estudos de viabilidade, incluindo num ambiente isolado controlado para ensaios subaquáticos, e em ambientes operacionais reais, também durante períodos de ensaio alargados. O impacto esperado é o aumento do tempo de vida funcional e a redução dos custos de utilização.
O financiamento do projeto é de 3,4 Milhões de Euros e o Consórcio envolve 5 entidades
A Participação da empresa nacional no projeto é:
- INOV – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores Inovação. É Considerada uma dasmaiores infraestruturas tecnológicas nacionais no domínio das Tecnologias da Informação, Comunicações e Eletrónica (TICE).
4.2.10 SEAWINGS Sea/Air Interphasic Wing-in-Ground Effect Autonomous Drones
O projeto irá desenvolver uma nova classe de drones de vigilância militar para operar no interface mar/ar, dando origem a um novo tipo de embarcação não tripulada, capaz de transportar cargas úteis elevadas, com um custo baixo, de longo alcance e não requerendo infraestruturas ou dispositivos próprios para o seu lançamento ou aterragem.
Tem um Finaciamento de 3,9 Milhoes de Euros e o Consórcio é constituído por 6 entidades das quais 3 são nacionais:
- O INESC TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência. O INESC TEC centra a sua ação em atividades de investigação científica e desenvolvimento tecnológico, transferência de tecnologia, consultoria avançada e formação, e pré-incubação de novas empresas de base tecnológica. Tem experiência anterior em diversos projetos na área do FED.
- Porvalor – Serviços de Consultoria, Lda. A Porvalor é uma spin-off de atividades de I&D focadas em otimizar a gestão do ciclo de vida de ativos e sistemas de ativos de engenharia críticos. Visa apoiar ecossistemas colaborativos na gestão do ciclo de vida dos ativos de engenharia.
- Trisolaris Advanced Technologies, Lda, A TRISOLARIS é um fabricante de hardware avançado e de componentes robóticos. Efetua investigação e desenvolvimento de hardware avançado e componentes robóticos usando novos materiais.
Participação de Entidades Portuguesas em Projetos Selecionados do FED 2021 (Anexo A)
3 de março de 2023
José Matias Ramos Pereira: Licenciado em International Business Administration na Católica Lisbon School of Business and Economics, inscrito no Mestrado de Management (International Business) na GBSB Global em Malta
[1] Defence Industry and Space, Factsheet – EDF2021 – Results of the Calls for Proposals – General Overview https://defence-industry-space.ec.europa.eu/funding-and-grants/calls-proposals/european-defence-fund-2021-calls-proposals-results_en
[2] De acordo com “Summary of EDF 2021 Selected Projects – Factsheet”, disponível em: https://defence-industry-space.ec.europa.eu/funding-and-grants/calls-proposals/european-defence-fund-2021-calls-proposals-results_en
[3] De acordo com “Indicators of economy in Portugal”, disponível em: https://www.worlddata.info/europe/portugal/economy.php
[4] Disponível em: https://www.defesa.gov.pt/pt/pdefesa/CAIH/pt/caih/Paginas/default.aspx
NOTA:
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