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A Participação Portuguesa na Batalha de La Lys

Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918)

A Batalha de La Lys ocorreu a 9 de abril de 1918, em Flandres, na fronteira franco-belga, durante a Primeira Guerra Mundial. Esta batalha, enquadrada na Operação Georgette, que compunha e fazia parte da “Kaiserschlacht” – Ofensiva da Primavera – planeada pelo General Erich Ludendorff. O objetivo militar alemão, ao lançar esta ofensiva, era o de separar o exército britânico do exército francês, isolando as forças britânicas na zona do Canal da Mancha. Este cenário teria enfraquecido seriamente e, possivelmente de forma determinante, o exército francês, ainda para mais se esta ofensiva resultasse no regresso das forças britânicas a Inglaterra – tal como era objetificado por Ludendorff. Tendo em conta que o exército russo já havia abandonado a guerra, devido à Revolução Bolchevique de 1917, os alemães tinham agora menos uma frente de combate ativa. Este facto permitiu-lhes colocar um número mais elevado de efetivos militares na frente ocidental, e assim lançar a Ofensiva da Primavera.

O contingente militar português – Corpo Expedicionário Português (CEP) – espelhava as diferenças e pontos de divergência entre o governo português e as Forças Armadas, o que, consequentemente, tornou a derrota militar para os portugueses numa derrota também política. Não obstante, para os Aliados, o desenlace final foi o de uma importante vitória, que enfraqueceu o exército alemão e acabou por configurar um ponto de viragem fulcral no curso da guerra, colocando os Aliados mais perto de vencer. Todavia, este foi o momento que saiu mais caro aos portugueses em toda a Primeira Guerra Mundial, contabilizando um elevado número de mortos e prisioneiros de guerra levados.

Para melhor percebermos a participação e a prestação portuguesa nesta sangrenta batalha é imperativo conhecer aquela que era a realidade que Portugal vivia e o contexto em que os nossos militares foram enviados para o norte de França. 

Quatro anos antes do início da Primeira Grande Guerra, Portugal vivia um momento histórico – a implantação da República. No entanto, como acontece na maioria das vezes em que há uma mudança drástica do regime político, a “I República” foi caracterizada, principalmente, pela instabilidade política vivida. Em 1914, com o início da guerra, Portugal manteve uma posição neutral, estando ciente da sua histórica aliança com os ingleses. Apesar dessa neutralidade, portugueses e alemães já combateram em África, nomeadamente em Angola e Moçambique, para onde foram enviados contingentes militares, em setembro de 1914, de forma a garantir a soberania portuguesa nesses territórios.

Contudo, em Fevereiro de 1916, Inglaterra solicitou a Portugal que apreendesse todos os navios alemães que estavam atracados em portos nacionais e Portugal fê-lo. Consequentemente, no dia 9 de Março de 1916, a Alemanha declarou guerra a Portugal.

Naquela data, o republicano Afonso Costa era primeiro-ministro num país onde quem governava era a instabilidade política e a sede de afirmar a república portuguesa no cenário internacional. Desta forma, a guerra figurava como um bom remédio para os problemas que vigoravam em território nacional. Afonso Costa sempre defendeu a entrada de Portugal no conflito, uma vez que esse acontecimento traduziria uma “boa oportunidade” para afirmar o governo republicano português no seio da Europa, combatendo lado a lado com as maiores potências europeias – Inglaterra e França. Partir para a guerra, combater por Portugal e pelos portugueses, parecia, a Afonso Costa, o cenário ideal para o fomento de um sentimento coletivo de presença e patriotismo que seria essencial para reforçar o regime político republicano. Porém, faltou a Afonso Costa considerar que o CEP (Corpo Expedicionário Português) não se encontrava preparado para combater num teatro de operações caracterizado pela guerra de trincheiras e pela utilização de tecnologia militar à qual os portugueses não estavam familiarizados.

Com a declaração de guerra por parte da Alemanha, Portugal necessitava de preparar e consolidar o seu contingente militar. Esta tarefa representava uma dificuldade para o Estado Português, agravada pela relutância britânica, pela parca vontade e estado de espírito dos soldados portugueses e pela falta de apoio da sociedade civil.[1] Esta preparação ficou conhecida como o “Milagre de Tancos” – um plano da autoria do Ministro da Guerra Norton de Matos, que consistia no treino de 20 000 soldados que seriam enviados para a Flandres. Este treino foi levado a cabo pela Divisão de Instrução, montada na base de Tancos, tendo como superintendente o General Tamagnini de Abreu e Silva. Note-se que esta instrução militar ocorreu entre abril e julho de 1916, ou seja, durante apenas três meses, o contingente militar português que seguiria para a Flandres recebeu uma instrução que, claramente, nunca poderia ter sido muito exigente ou, neste caso, adequada para o futuro infernal que os soldados portugueses teriam de enfrentar.

A 3 de janeiro de 1917, a participação portuguesa no teatro de operações da Flandres é oficialmente aceite pelas potências aliadas. O compromisso britânico é o de assegurar o transporte do CEP para Brest (França), completar o armamento dos soldados portugueses, tal como oferecer-lhes um treino complementar e, posteriormente, aceitá-los no setor da frente.[2]

Em setembro de 1917, após 57 viagens de transporte de soldados, o CEP havia desembarcado em Brest. Muitos eram os militares portugueses que partiam de Lisboa desarmados e, por isso, depois de serem alvos de uma “recruta” complementar sob orientação britânica, eram armados com espingardas Lee-Enfield, metralhadoras ligeiras Lewis, metralhadoras pesadas Vickers e granadas de mão.

Depois de receberem uma instrução mais especializada e incisiva, os portugueses eram, lentamente, enviados para a frente de combate. A introdução das tropas portuguesas ao cenário das trincheiras começou no nível mais primário, ao nível das companhias. Quando uma companhia portuguesa estava pronta, era integrada num batalhão britânico por cerca de duas semanas. Quando todas as companhias que formavam um batalhão encontravam-se prontas, isto é, quando eram tidas como suficientemente experientes para permanecer na frente de batalha, formava-se um batalhão português que era inserido numa brigada britânica. Seguidamente, quando formada, uma brigada portuguesa era incluída numa divisão britânica e, finalmente, após alguns meses, podia ser formada uma divisão portuguesa.[3] Depois de completa esta metodologia ou critério para a formação de uma divisão militar, em novembro de 1917, a 1.ª Divisão e 2.ª Divisão portuguesas assumem a responsabilidade de um setor localizado na frente de combate, comandadas pelos Generais Gomes da Costa e Simas Machado, respetivamente.

A frente atribuída ao CEP, com cerca de 14 km de extensão, estava compreendida entre o setor Neuve Chapelle-Ferme du Bois e Fauquissart-Chapigny. Este setor localizava-se numa zona supostamente calma. Os britânicos pensaram que os portugueses não iriam enfrentar grandes complicações ou combates, porque em Ypres, mais a norte, havia começado, nos finais de julho de 1917, uma importante e significativa ofensiva britânica.

Os militares portugueses, o corpo do CEP, que foram enviados para França entre fevereiro e novembro de 1917, não foram substituídos por outros militares que se encontravam em Lisboa. Contrariamente ao que lhes havia sido dito, não houve uma rotação das tropas que estavam na frente, com visitas alternadas a Portugal mediante uma licença para passar algum tempo com as suas famílias.

Todavia, tal não aconteceu com os soldados porque havia oficiais que não regressavam das suas licenças, oficiais estes que estavam na retaguarda.[4]  Este facto contribuiu para o aumento da má situação que o CEP vivia. As tropas estavam exaustas, com uma enorme falta de motivação, e sem regressarem a casa durante um período tão longo… sentiam-se completamente abandonadas. Sentiram que o país pelo qual lutavam, dando as suas vidas, tinha acabado de os abandonar na Flandres. Nos finais de 1917, apenas um pouco mais de metade dos homens estavam em condições de combater. Com todas estas implicações, era evidente que o setor português estava mal defendido e, em caso de um ataque alemão, a defesa não seria capaz de conter a ofensiva, tanto quanto fosse necessário.

Como fator agravante, em fevereiro de 1918, o General Simas Machado – responsável pela 2.ª Divisão – vai a Lisboa com uma licença, mas não regressa à Flandres. Consequentemente, o General Gomes da Costa assumiu a seu cargo as duas Divisões. Como se não bastasse, a 4 de Abril de 1918, iniciam-se uma série de motins na 2.ª Brigada da 1.ª Divisão, mais especificamente, no Batalhão de Infantaria 7 de Leiria, 23 de Coimbra e 24 de Aveiro, quando os soldados destes batalhões se recusam a ocupar as linhas de defesa na frente do subsetor Ferme du Bois.[5]  Depois disto, a 1.ª Divisão é ordenada a retirar para a retaguarda, e a 2.ª Divisão, com o General Gomes da Costa, supervisiona a defesa de todo o setor anteriormente atribuído a ambas as divisões – a defesa portuguesa estava mais frágil do que nunca, com metade dos homens a defender o mesmo comprimento do setor.

Com a retirada da 1.ª Divisão para as linhas da retaguarda, a 2.ª Divisão foi integrada no XI Corpo Britânico, sob o comando do General Richard Haking. Na frente da primeira linha do setor português estava a “Terra de Ninguém” que separava as forças Aliadas das forças alemãs. No flanco esquerdo do CEP estava colocada a 40.ª Divisão Britânica e, no flanco direito, a 55.ª Divisão Britânica. O setor foi dividido em três subsetores, cada um deles com uma brigada. Cada brigada tinha quatro batalhões de infantaria. Em cada subsetor, dois batalhões de infantaria estavam localizados nas linhas da frente, as chamadas Linhas A e B, outro batalhão na Linha C, como reforços que poderiam ser chamados para prestarem apoio, e o quarto batalhão estava na reserva, na chamada Linha da Aldeia.

O inferno subiu à terra no dia 9 de Abril de 1918, quando, por volta das 4 da manhã, o General Georg Bruchmüller comandou um enorme e longo bombardeamento de artilharia que caiu sobre as linhas anglo-portuguesas durante quatro horas consecutivas. Este bombardeamento alemão foi metódico, de forma a preparar o campo de batalha para uma ofensiva de infantaria – estavam a abater alvos, começando pelos mais afastados e prosseguindo para alvos localizados a uma distância menor, destruindo as linhas de acesso que ligavam as linhas da frente à retaguarda, comunicações que permitiam uma melhor coordenação na defesa, e assim por diante.

A ofensiva de infantaria começou às 8 da manhã, perpetrada por sucessivos ataques, quando os militares alemães avançaram em direção à frente defendida pela Divisão Portuguesa e pelas duas britânicas, numa altura em que as forças defensivas aliadas encontravam-se num estado de desorganização e caos, causado pela ação de conjunto de artilharia.[6]

Os alemães queriam atravessar o rio Lys e o seu plano era penetrar através do setor português. Os portugueses eram vistos como o corpo militar mais fraco e, consequentemente, como o setor mais mal defendido. As forças alemãs sabiam que a Divisão Portuguesa se encontrava entre duas Divisões Britânicas, tendo a sua ofensiva incidido principalmente nos flancos que ligavam os britânicos aos portugueses, de forma a serem mais eficazes a derrotar o CEP, alcançando o seu objetivo.

Esta ofensiva foi cumprida pelo VI Exército Alemão. A Operação Georgette consistia em colocar quatro divisões na frente de cada divisão britânica e mais quatro divisões na frente do setor português. Assim, numa proporção de 4:1, os 20 000 militares portugueses estariam prestes a enfrentar um ataque de cerca de 100 000 homens. A ofensiva de infantaria foi caracterizada pelo papel de pequenas unidades militares, os pelotões. Estes pelotões avançavam enquanto a artilharia bombardeava as linhas de retaguarda aliadas.

A ofensiva alemã baseava-se numa tática de infiltração[7], mesmo que houvesse algumas unidades aliadas a resistir, o pelotão avançaria, deixando essas pequenas unidades resistentes para as forças de retaguarda. A 55.ª Divisão Britânica conseguiu manter as linhas e a sua posição defensiva nos moldes anteriores ao ataque, a 40.ª Divisão Britânica e o CEP sofrem muitas baixas e são forçados a recuar.  

As forças portuguesas, em apenas algumas horas, contabilizaram cerca de 400 mortos e 7 000 prisioneiros. Foi uma pesada derrota, onde cada país beligerante – Portugal e Inglaterra – tem a sua própria “versão” dos factos.  Segundo o General Gomes da Costa, a 2.ª Divisão tinha recebido ordens para recuar das trincheiras em direção à retaguarda e que esse recuo deveria ter acontecido entre 9 e 10 de abril, pelo que foi uma estranha coincidência os alemães terem atacado mesmo no último dia da presença portuguesa nas trincheiras. O General Gomes da Costa culpou os civis franceses, que viviam naquela zona, afirmando que faziam parte de um esquema de espionagem alemão que lhes passaria informações. Esta justificação explicaria o porquê de o ataque ter-se dado, precisamente, no último dia do CEP na frente de combate. No entanto, fontes britânicas acusaram os soldados portugueses de desertarem e passarem informações aos alemães em troca de melhor tratamento e de uma boa refeição. A verdade é que ambos os lados e as suas versões possuem, certamente, factos verídicos que, dado o contexto bélico, foram alvo de uma certa hipérbole como forma de culpabilizar terceiros pelo desfecho catastrófico da manhã de 9 de abril de 1918.

Apesar da marcante derrota, houve soldados portugueses que foram, e devem ser sempre, recordados como verdadeiros heróis, como o soldado Aníbal Augusto Milhais, recordado como o “Soldado Milhões”. Soldado português mais condecorado na Primeira Guerra Mundial, armado com a metralhadora ligeira Lewis, não se deixou apanhar pelos alemães, mantendo sempre a sua posição e salvaguardando, sozinho, a retirada de muitos soldados, não só portugueses, mas também escoceses que compunham as divisões britânicas.[8]

Tal como afirmou Sun Tzu, no seu livro “A Arte da Guerra”, “Quando as armas se tornam pesadas, o entusiasmo esmorece, as forças se esgotam e o tesouro se gasta, outros comandantes surgirão para se aproveitar das suas fragilidades. Nesta altura, nenhum homem, por mais sábio que seja, será capaz de evitar as consequências daí resultantes”.[9] Esta citação representa bastante bem a realidade do CEP no teatro de operações da Flandres, numa guerra de trincheiras com equipamento militar estrangeiro, num ambiente hostil que em nada favorecia o estado de espírito dos militares portugueses. Nestas condições, o exército alemão apareceu para tirar vantagem das fragilidades portuguesas e, como previsto corretamente por Sun Tzu, ninguém foi capaz de evitar o resultado cataclísmico que vitimizou, em grande escala, o contingente militar português.

Deste modo, embora o CEP tenha sofrido a pior derrota da sua existência e recebido inúmeras críticas ao seu desempenho, a verdade é que não podíamos estar à espera de mais nada das nossas tropas, visto que deram tudo aquilo que podiam dar. Todos os fatores externos, o parco treino, o facto de não ter existido uma rotação entre os soldados portugueses, todas as más condições que não constavam na preparação dos militares e a avassaladora desigualdade numérica contra os alemães, construíram a derrota do CEP mesmo antes da batalha de La Lys ter começado.


01 de abril de 2022

Diogo Bracons

EuroDefense Jovem – Portugal


Bibliografia

Telo, António. “A República e as Forças Armadas”. Em História de Portugal, editado por João Medina, Volume XI. Amadora: Clube Internacional do Livro, 1996.

Pires Lousada, Abílio. “De súbito 9 de abril de 1918 – A 2.ª Divisão e o inferno de La Lys”. Em Portugal na 1.ª Guerra Mundial – Uma História Militar Concisa, editado por Abílio Pires Lousada e Jorge Silva Rocha. Lisboa: Comissão Portuguesa de História Militar, 2018.

Corpo docente do Instituto Universitário Militar. Glossário de Termos Militares, coordenado por Marques da Costa. Lisboa: Instituto Universitário Militar e Academia das Ciências de Lisboa, 2020.

https://www.ium.pt/s/wp-content/uploads/Versao-Online.pdf

Pires Lousada, Abílio. “Soldado «Milhões» – Aníbal Augusto Milhais”. Em Portugal na 1.ª Guerra Mundial – Uma História Militar Concisa, editado por Abílio Pires Lousada e Jorge Silva Rocha. Lisboa: Comissão Portuguesa de História Militar, 2018.

Tzu, Sun. “Fazer a Guerra”. Em A Arte da Guerra. Lisboa: Bertrand Editora, 2018. 4.ª edição.


[1] António Telo, “A República e as Forças Armadas”, em História de Portugal, ed. João Medina (Amadora: Clube Internacional do Livro, 1996), Vol. XI, 269

[2] Telo, “A República e as Forças Armadas”, 270

[3] Telo, “A República e as Forças Armadas”, 272

[4] Abílio Pires Lousada, “De súbito 9 de abril de 1918 – A 2.ª Divisão e o inferno de La Lys”, em Portugal na 1.ª Guerra Mundial – Uma História Militar Concisa, ed. Abílio Pires Lousada e Jorge Silva Rocha (Lisboa: Comissão Portuguesa de História Militar, 2018), 601

[5] Pires Lousada, “De súbito 9 de abril de 1918”, 601

[6] Ação de conjunto: “Missão tática de uma unidade de artilharia, pela qual esta executa fogos em apoio da força a que organicamente pertence ou a que foi atribuída ou dada de reforço, como um todo e não apenas de uma determinada unidade de manobra dessa força.”

Marques da Costa (coordenação) e Corpo docente do Instituto Universitário Militar, Glossário de Termos Militares, (Lisboa: Instituto Universitário Militar e Academia das Ciências de Lisboa, 2020), 19

https://www.ium.pt/s/wp-content/uploads/Versao-Online.pdf

[7] Pires Lousada, “De súbito 9 de abril de 1918”, 609

[8] Abílio Pires Lousada, “Soldado «Milhões» – Aníbal Augusto Milhais”, em Portugal na 1.ª Guerra Mundial – Uma História Militar Concisa, ed. Abílio Pires Lousada e Jorge Silva Rocha (Lisboa: Comissão Portuguesa de História Militar, 2018), 1127

[9] Sun Tzu, “Fazer a Guerra”, em A Arte da Guerra, (Lisboa: Bertrand Editora, 2018 – 4.ª edição), 15


NOTA:

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