5ª “Edição Europa” das Tertúlias EDJ
Introdução
A União Europeia enfrenta desafios complexos em defesa e segurança, com pressões nas fronteiras devido à migração irregular e instabilidade política nos países vizinhos. O terrorismo, tanto islâmico quanto de extrema-direita, representa uma ameaça significativa. A dependência crescente de tecnologia digital expõe a UE a ameaças cibernéticas sofisticadas, enquanto a hibridização de ameaças combina métodos convencionais e não convencionais.
A vulnerabilidade estratégica devido à dependência de fornecedores externos e a falta de coordenação entre os Estados membros limitam a eficácia da política de defesa da UE. A rivalidade entre grandes potências como Rússia e China, juntamente com incertezas sobre o compromisso dos EUA, gera preocupações adicionais. Diante disso, é essencial uma abordagem abrangente e multissetorial, fortalecendo as instituições europeias e promovendo uma cooperação mais estreita entre os Estados membros.
Este tema foi debatido na primeira Tertúlia desta 5ª Edição das TertúliasEDJ, dedicada à União Europeia, em ano de eleições europeias. Esta “Edição Europa” arranca com o mote “Caminhos cruzados da Defesa Nacional e Europeia” e contou com a presença do Major-General Isidro de Morais Pereira.
1. Os problemas da defesa coletiva da União Europeia
A Europa está a demonstrar uma lentidão e uma falta de diligência preocupantes. As políticas europeias relacionadas com a defesa devem ser direcionadas sempre com vista a mobilizar a opinião pública, sobretudo os jovens. São os jovens que acabam por enfrentar conflitos armados, e para garantir a capacidade de defesa, é crucial que compreendam a importância de preservar os valores fundamentais nos quais a Europa se baseia.
O mundo foi moldado pelo pós-Segunda Guerra Mundial, e agora tornou-se evidente que a Europa necessita de mudanças. A segurança proporcionada pela ordem global já estabelecida permitiu à Europa relaxar, desinvestindo na sua defesa em favor do Estado Social. No entanto, os nossos aliados começaram a pressionar e a exigir que a Europa assuma uma parte da responsabilidade pela sua própria defesa, utilizando parte da sua riqueza para este fim.
2. Como convencer o eleitorado europeu da importância em investir na defesa?
A segurança é essencial para garantir a prosperidade. Ao olharmos para África, é notório que o continente não consegue atrair investimentos devido à sua falta de segurança. A União Europeia ainda não compreende totalmente que está rodeada por desafios existenciais. Os governos europeus falharam em criar essa perceção. Analisemos a situação na Escandinávia, nos Bálticos e na Europa de Leste.
Nos Bálticos, existe uma preocupação significativa devido à proximidade com a Rússia e às tensões históricas na região. Estes países têm reforçado as suas defesas e procurado maior apoio da NATO e da União Europeia para enfrentar potenciais ameaças à sua soberania e integridade territorial.
Na Escandinávia, apesar de tradicionalmente considerada uma região estável, tem havido um aumento das preocupações com a segurança devido à deterioração das relações com a Rússia, bem como às crescentes ameaças cibernéticas e híbridas. Países como a Suécia têm revisto as suas políticas de defesa e cooperação internacional para fazer face a estes desafios.
Na Europa de Leste, persistem preocupações com a segurança devido à instabilidade em regiões como os Balcãs e a situação na Ucrânia. Além disso, existem questões relacionadas com o autoritarismo em alguns países da região e com as tentativas de influência externa, particularmente da Rússia.
É crucial sensibilizar todos para os problemas através da verdade e de uma retórica convincente. É fundamental informar sobre o Tratado de Washington para não criar a ilusão de que a defesa é apenas garantida, deve ser assegurada previamente.
Olhemos para o caso de Portugal, que beneficia por estar distante da linha de frente e tem condições ideais para estabelecer uma Base Industrial tanto para si como para os aliados.
A capacidade europeia não necessita de ser independente da NATO, mas sim integrada, de modo a evitar a duplicação de gastos que poderiam tornar-se ineficazes. A UE precisa de estabelecer uma estrutura de comando político e militar que integre as capacidades comunitárias e procure colmatar as deficiências existentes.
A UE carece de capacidade de projeção e de inteligência, assim como de uma rede de satélites, e perante o desconhecimento dos resultados eleitorais nos EUA, uma coisa é certa: os EUA parecem estar encaminhados numa posição de maior isolacionismo, pelo menos face à responsabilidade perante a Defesa da Europa.
3. As Forças Armadas e o populismo
As Forças Armadas desempenham um papel crucial na defesa da liberdade, da pátria e da constituição. Além disso, têm a responsabilidade de fomentar uma mentalidade cívica e de cidadania entre os cidadãos. No entanto, enfrentam desafios na realização deste papel, devido à dificuldade de recrutar cidadãos para os seus quartéis. É essencial que os militares sejam valorizados e reconhecidos pelo seu papel na sociedade.
Para cumprir eficazmente estas missões, é fundamental que haja uma articulação estreita com o poder político. Deve existir uma união de interesses entre as Forças Armadas e o poder político, especialmente no contexto da preparação da defesa europeia, que necessita de ser realizada em tempo recorde. Esta colaboração é essencial para garantir a segurança e a defesa eficazes da Europa.
29 de março de 2024
Vitaliy Venislavskyy
EuroDefense Jovem-Portugal
A Tertúlia
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