Avançar para o conteúdo

A crise demográfica é uma das realidades mais avassaladoras e com potencial de grandes consequências humanitárias nos tempos que se aproximam. Pelo crescente número de pessoas à escala global, algo que temos constatado com maior incidência no mundo num passado recente, mas pela resposta que encontramos nas regiões onde esse crescimento está a acontecer.  

Todos conhecemos a realidade do mundo pós revolução industrial, a expressão baby boom que definia a grande exponencial de natalidade nos países cujo crescimento económico e de condições de vida subiam numa grande escala. Esse crescimento populacional representa uma consequência da industrialização e das favoráveis condições de vida.

Hoje, a população cresce em níveis incomportáveis e, apesar da trajetória descendente do crescimento populacional nos próximos anos, os seus valores são superiores aos do grande baby boom das sociedades desenvolvidas nos anos 50. A par daquele que foi o grande crescimento da China, de toda a região asiática, outras regiões desenvolvem grandes massas populacionais sem controlo e em trajetória contrária ao restante mundo.

Em África, o continente mais pobre do planeta, crescimento demográfico aumentará e em 2055 crescerá mais do que no total do mundo inteiro. A região subsariana, onde não há vestígios de instituições estáveis nos últimos anos, e a Nações Unidas são sistematicamente chamadas a intervir nas diversas missões de peacekeeping (manutenção da paz) ou de peace enforcement (imposição da paz), será das regiões mais populosas. Um vasto território com muitos interesses culturais, religiosos e políticos, culminando numa anarquia de sistemas, tornam este num dos espaços mais inseguros do mundo, num mundo cada vez mais dominado por conflitos civis.

E como podemos garantir aos jovens de África, às crianças que hoje crescem num espaço com fracas perspetivas de qualidade de vida, alguma paz social? As Nações Unidas lançaram vários objetivos que os Estados devem cumprir para garantir um crescimento sustentável, sendo estes: erradicar a pobreza; erradicar a fome; saúde de qualidade; educação de qualidade; igualdade de género; água potável e saneamento; energia renováveis e acessível; trabalho digno e crescimento económico; indústria, inovação e infraestruturas; reduzir as desigualdades; cidades e comunidades sustentáveis; produção e consumo sustentáveis; ação climática; proteger a vida marinha; proteger a vida terrestre; paz, justiça e instituições eficazes; e parceria para a implementação dos objetivos.

Ao olharmos a realidade desta região, é inevitável compreendermos que poucos ou nenhum destes objetivos são cumpridos ou mesmo expectáveis nos próximos anos. A omissão de uma resposta institucional é um dos caracteres fundamentais para a instabilidade desta região. E essa realidade não é caraterística da região, também a Europa foi um continente de constante perturbação na sua paz social e apenas hoje vive o seu período mais longo de estabilidade. A mudança evidenciada foi a integração política, associada aos princípios ocidentais democráticos. A inversão da realidade anterior foi alcançada depois de um período arrasador para a região, a II guerra mundial, que terminou na intervenção direta de atores externos e principalmente na sua permanência enquanto garante da paz. Os Estados Unidos da América foram os que impuseram a paz e garantiram a sua manutenção (NATO) contra outras visões políticas, aliado a isso, financiaram a rápida reconstrução do território (Plano Marshall). 

Sabemos que a presença europeia no continente africano não nos traz boas memórias. Mas da mesma forma que depois da segunda grande guerra a anexação dos países europeus aos ideais comunistas eram um perigo para os Estados Unidos, hoje, o descontrolo africano e fortes investimentos chineses no seu território devem ter interpretação semelhante. Em última instância, a União Europeia deve ser solidária com a crise que a região vive, alargar a sua política de vizinhança aos territórios e intervir na imposição de paz e estabilidade. Caso contrário, teremos uma crise humanitária nos próximos anos e/ou a ascensão de um território autocrático alicerçado pelos financiamentos e ideais do regime da República Popular da China.

É o tempo da Europa afirmar-se com os seus valores e assistir de perto ao desenvolvimento de África!


5 de fevereiro de 2021

Miguel Carvalho Gomes
Coordenador da EuroDefense Jovem-Portugal


Publicações relacionadas

Pode ser uma imagem de uma ou mais pessoas e textoPode ser uma imagem de uma ou mais pessoas e texto que diz "Important Reminder Crise Demográfica VER MAIS! MESSAGES now EuroDefense Jovem-Portugal Conhece mais sobre a crise demográfica na ordem política mundial. tirsSelosssJawnPortuga"
Partilhar conteúdo:
LinkedIn
Share

Formulário Contato