No dia 27 de novembro, realizou-se no Instituto de Estudos Políticos (IEP) da Universidade Católica o evento “Jovens e a Defesa Nacional”, organizado pelo EuroDefense Portugal. Este encontro teve como objetivo discutir o papel dos jovens na construção de uma cultura de segurança e defesa nacional, um tema cada vez mais relevante no contexto atual de complexidade geopolítica e ameaças globais. O evento contou com a amabilidade e o empenho da Diretora do IEP, Professora Mónica Dias, cuja dedicação foi essencial para a organização e a promoção desta iniciativa.
Debates e Reflexões
Os painéis de discussão contaram com intervenções de especialistas como a Dra. Catarina Nunes, o Professor Dr. Francisco Proença Garcia e o General Luís Valença Pinto. Questões como o impacto da Política Comum de Segurança e Defesa da União Europeia (PCSD) e a forma como os jovens percebem a guerra na Europa estiveram no centro do debate. Além disso, foram colocadas questões pelos jovens participantes, centrando-se em temas como a motivação para integrar as Forças Armadas, o sentimento de pertença dos jovens portugueses à União Europeia (UE) e à NATO, e a relevância destas organizações no atual panorama internacional.
Os debates também abordaram o posicionamento da China face à UE e a sua perspetiva sobre a NATO, explorando os desafios e oportunidades que decorrem destas dinâmicas geopolíticas. Foi analisado o papel da China como potência emergente e os impactos das suas políticas estratégicas na estabilidade europeia e global. Paralelamente, refletiu-se sobre o futuro da NATO, incluindo a sua capacidade de adaptação aos novos desafios globais e o papel dos países-membros na redefinição da sua missão para o século XXI.
A Importância de uma Defesa Multidimensional
Uma das ideias centrais debatidas foi a de que a defesa nacional deve ser encarada como multidimensional, envolvendo não apenas aspetos militares, mas também económicos, tecnológicos e sociais. No contexto português, a discussão incluiu temas como a participação jovem na Defesa Nacional no âmbito do Serviço Militar Obrigatório. Foram analisados os desafios para aumentar a eficiência e o interesse dos jovens neste compromisso, incluindo a modernização das estruturas militares e a sua adequação às expectativas das novas gerações.
Perspetivas dos Jovens sobre a Defesa Nacional
O Relatório da Direção-Geral de Política de Defesa Nacional (DGPDN) fornece dados relevantes sobre a perceção dos jovens em relação à defesa. Apesar de uma avaliação positiva do Dia da Defesa Nacional (76,3% dos inquiridos) e de uma concordância significativa com a sua obrigatoriedade (68,3%), apenas 37% dos jovens demonstram interesse em ingressar nas Forças Armadas. Entre os atrativos destacados estão o gosto pela vida militar (57,5%) e a participação em missões humanitárias (52,7%). Contudo, obstáculos como salários baixos e compromissos familiares continuam a desmotivar muitos.
Durante o evento, os jovens expressaram preocupações sobre o que consideram ser barreiras à sua ligação com as Forças Armadas. Muitos questionaram como reforçar a sua motivação para integrar estas instituições e de que forma as Forças Armadas podem adaptar-se às expectativas e às prioridades das gerações mais novas, sem perder de vista a sua missão central de defesa do Estado e dos seus valores fundamentais.
Europa, NATO e o Papel da China
O sentimento de pertença dos jovens portugueses à UE e à NATO foi amplamente debatido. Foi sublinhado que, num mundo cada vez mais interligado, a noção de segurança nacional está profundamente interligada com a segurança coletiva promovida por estas organizações. Contudo, surgiram reflexões sobre como fortalecer este sentimento de pertença, em especial numa geração que cresceu num contexto de paz, mas que enfrenta agora novos desafios, como a guerra na Ucrânia e tensões em várias regiões do globo.
Adicionalmente, o posicionamento da China foi alvo de análise crítica. Foram discutidas as estratégias diplomáticas e económicas chinesas na UE e as suas implicações para a segurança europeia. A visão da China sobre a NATO, muitas vezes crítica, foi apresentada como um ponto que merece atenção no cenário das relações internacionais, especialmente face ao papel da Aliança Atlântica no reforço da segurança no espaço euro-atlântico.
Um Futuro Sustentado na Segurança
A conclusão unânime foi clara: sem segurança, não há Estado social. É essencial reforçar a ligação entre os jovens e a defesa nacional, promovendo valores como disciplina, solidariedade e adaptabilidade. Para garantir um futuro seguro e próspero, torna-se imprescindível capacitar as novas gerações, adaptando as estratégias de sensibilização e promovendo uma cultura de defesa que vá além da dimensão estritamente militar.
A organização deste evento, marcada pela atenção ao detalhe e pelo acolhimento proporcionado pela Professora Mónica Dias, foi fundamental para reforçar a importância do compromisso geracional em questões de segurança e defesa. Assim, o “Jovens e a Defesa Nacional” destacou-se como um espaço de reflexão e ação, essencial para preparar as futuras gerações face aos desafios que se avizinham.