EuroDefense-Portugal uma plataforma europeia de diálogo e convergência
Entrevista ao Presidente da Direção Dr. António Figueiredo Lopes
Numa altura em que o Centro de Estudos EuroDefence-Portugal completa em breve 25 anos da sua existência, num já longo e reconhecido trajeto da organização junto da sociedade portuguesa e das principais instituições ligadas à Segurança e Defesa nacionais, estão previstas algumas atividades específicas para assinalar esta data?
Com a publicação deste número especial da Newsletter, iniciamos as comemorações do 25º Aniversário do EuroDefense-Portugal criado em 12 de fevereiro de 1998, data da assinatura do Protocolo de Cooperação entre o Instituto da Defesa Nacional (IDN) e a Associação Industrial Portuguesa (AIP-CCI) que lhe deu corpo. Nos próximos meses, iremos promover encontros com os associados de modo a reforçar o nosso espaço de debate e participação, divulgar as principais atividades e a ouvir as suas opiniões. Chegamos a um quarto de século com um balanço muito positivo e uma projeção até há pouco impensável. O número de associados tem vindo a crescer e as atividades em cooperação com outras entidades publicas e privadas aumentaram sendo hoje o EuroDefense-Portugal uma verdadeira plataforma de diálogo, troca de informação e convergência de acçaõ entre os diversos intervenientes no sistema nacional e europeu de segurança e defesa.
Não existe melhor maneira de sensibilizar a opinião pública e a sociedade para o desenvolvimento de uma cultura de segurança e defesa, do que falar com os jovens. Pelo que sabemos tem sido esta a grande prioridade dos últimos anos. É a EuroDefense-Jovem «a menina dos olhos bonitos» desta casa?
Sim é uma das nossas prioridades. Sensibilizar a população jovem, os líderes de amanhã, para os assuntos da segurança e defesa europeia e incentivar a sua participação em atividades e projetos do Centro de Estudos EuroDefense-Portugal constitui um dos objetivos permanentes da EuroDefense, desde a sua fundação. Nos últimos anos foram lançadas diversas iniciativas com especial destaque para a organização das “Tertúlias” – encontros com os jovens para apresentação e debate de temas relevantes da atualidade política nacional e europeia. Também a organização de Estágios Académicos, em estreita colaboração com as Escolas, é uma atividade muito procurada pelos jovens estudantes universitários. O primeiro Protocolo de Colaboração foi assinado no dia 23 de fevereiro de 2017 com o Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica de Lisboa. Dezenas de alunos do IEP e de outras Universidades seguiram este Programa, com reconhecido interesse académico e pessoal.
O Centro de Estudos EuroDefence-Portugal está desde a sua origem, intrinsecamente ligado à rede europeia de Associações EuroDefence. Esta é sem dúvida uma das grandes mais-valias para promover em conjunto as questões de segurança e defesa na Europa?
Pode dizer-se que a identidade europeia do EuroDefense-Portugal é conferida pela nossa participação na rede EURODEFENSE que integra as Associações EuroDefense estabelecidas em 15 Estados Membros da União Europeia e no Reino Unido. A rede apresenta-se hoje como uma entidade de reconhecido mérito, junto dos Estados-membros e das Instituições Europeias, como interlocutor credível no estudo da segurança e defesa europeia e na sensibilização da opinião pública, em particular, as gerações mais novas, para a defesa dos valores e interesses comuns europeus como garantes da paz e da segurança na Europa. As suas atividades desenvolvem-se no âmbito de Grupos de Trabalho Europeus com participações aberta a todos os membros.
Tivemos há pouco tempo a presidência desta rede. Pode-nos elucidar dos principais momentos que resultaram desta realização?
Em 2021 o Eurodefense-Portugal assumiu a presidência rotativa da rede, tendo organizado em Lisboa a reunião do Conselho de Presidentes, nas instalações do IUM. Entre outras decisões então adotadas, assinalo a admissão da EuroDefense-Dinamarca na Rede EURODEFENSE. Foi aprovada a constituição do grupo EWG-26B, com o título “Energia, Clima, Segurança e Defesa, liderado por Portugal. Paralelamente foi organizada uma Conferência onde se debateu a necessidade de uma nova arquitetura de defesa europeia assim como questões relativas à cibersegurança e ao impacto da crise energética na segurança e defesa.
A organização deste evento contou com o especial patrocínio do Senhor Ministro da Defesa Nacional, Prof. Doutor João Gomes Cravinho e o apoio do CEMGFA Senhor Almirante Silva Ribeiro e do Comandante do IUM Senhor Tenente-general Barros Ferreira.
Facilitar a ligação entre as políticas e estratégias de segurança e defesa e as indústrias, institutos e centros tecnológicos nacionais, incluindo o apoio às atividades das associações empresariais neste setor, é também uma área que o EuroDefense-Portugal conhece bem Existem desenvolvimentos recentes que gostasse de nos dar a conhecer?
Têm sido particularmente relevantes as iniciativas relacionadas com a Economia da Defesa, designadamente, na recolha e difusão de informação sobre a decisões e políticas europeias ligadas às indústrias e tecnologias de segurança e defesa, cujos programas representam importantes desafios e oportunidades para as pequenas e médias empresas nacionais. Neste domínio mantemos uma estreita cooperação com o Ministério da Defesa Nacional e a IdD Defence Portugal. Pela sua dimensão e impacto nacional destaca-se a realização, em abril de 2019, de uma Conferência Internacional sobre PESCO – novos desafios e oportunidades para a indústria de defesa nacional”, com a participação de autoridades europeias e nacionais. Lançámos as Jornadas sobre Economia da Defesa 2020, que infelizmente tiveram de ser adiadas por causa da pandemia. Fomos parceiros da Fundação AIP no planeamento e organização de um Ciclo de Conferências associadas à SEGUREX 2022 – Salão Internacional da Proteção, Segurança e Defesa, que teve lugar nos dias 11, 12 e 13 de outubro. Diversas personalidades da área política, da ciência e tecnologia e das empresas apresentaram comunicações com o objetivo principal de afirmar Portugal como centro de competências diversificadas em matéria de segurança e defesa.
Ao longo de uma vasta carreira política, foram certamente muitos os acontecimentos relevantes na Europa e em Portugal que pôde presenciar. Muitos deles afetaram de uma maneira ou de outra as sociedades europeias, e com os quais o Centro de Estudos EuroDefense e o Dr António Figueiredo Lopes naturalmente se confrontaram. Mas em algum momento pensou, ou mesmo poderia imaginar, que em pleno século XXI, a Guerra e a violação clara do Direito Internacional regressariam de novo e de forma tão abrupta à Europa?
Sabemos que, na viragem das décadas têm ocorrido mudanças históricas na ordem internacional. 1989, com a queda do muro de Berlim,1991, com o colapso da União Soviética, 2001, com os atentados de 11 de setembro, são datas dramáticas que abalaram o mundo. Mas ninguém esperava que, no início da terceira década do sec. XXI, o mês de fevereiro de 2022 ficasse marcado pelo retorno da guerra à Europa. Uma guerra imprevista, sem fim à vista e com consequências tão devastadoras. Além do imenso sofrimento humano, a invasão da Ucrânia pela Rússia traz profundas consequências para a estabilidade do continente europeu, obrigando a União Europeia, os EUA e a NATO a reescrever as suas orientações geoestratégicas e a desenhar uma nova arquitetura de segurança e defesa europeia e transatlântica.
Os últimos anos foram – com a pandemia da COVID-19 que assolou o mundo -, tempos muito difíceis, mas que ainda assim permitiram a efetivação de um vasto número de atividades, que possibilitaram a realização de estudos, de investigação, debate e a divulgação das questões relativas às políticas de Segurança e Defesa e as suas implicações para Portugal. Quer-nos falar da importância de algumas destas ações e da sua relevância para uma organização como o EuroDefense-Portugal?
Apesar da persistência da pandemia de Covid 19 durante mais de dois anos, o Centro de Estudos EuroDefense-Portugal nunca suspendeu as suas atividades tendo recorrido às plataformas telemáticas para a concretização de diversas iniciativas programadas para 2020 e 2022. Uma das nossas principais missões consiste em promover uma ampla informação e divulgação das decisões relativas à política europeia de segurança e defesa e analisar as suas implicações para o nosso País. É o que se tem vindo a fazer com a divulgação regular de artigos temáticos e notícias no nosso portal de internet e nas redes sociais, assim como na Newsletter publicada mensalmente, especialmente orientada para manter a comunicação com os nossos associados.
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