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Necessidade de mais Defesa Europeia?

“Penso que está claro que a necessidade de mais defesa europeia nunca foi tão evidente como hoje após os eventos no Afeganistão”, disse Josep Borrell aos jornalistas por ocasião de uma reunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa na Eslovénia, onde a discussão sobre o desastre do Afeganistão esteve na ordem do dia.

O Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança sublinhou ainda que a UE precisa de criar uma ” força militar de intervenção rápida” de 5.000 soldados que poderia intervir no início das crises internacionais”, sem deixar de recordar que a UE já tem, desde 2007, os Grupos de Combate – Battlegroups –  de 1500 homens que nunca foram  ativados. “Por isso, temos de procurar algo mais pronto para ser ativado, mais operacional”, acrescentou.

Na mesma ocasião, o Ministro da Defesa da Eslovénia, manifestou a sua convicção de que “a União Europeia aprenderá as suas lições”, recordando que a constituição de uma força militar conjunta de intervenção rápida da União Europeia não é uma ideia nova, mas a sua discussão ganhou outra premência no rescaldo da experiência da retirada de milhares de pessoas do Afeganistão, após a tomada de Cabul pelos Taliban.

Uma das questões que agora se coloca é, assim, a de saber se a crise afegã será uma janela de oportunidade para se darem mais alguns passos no caminho para a defesa europeia.

Além as declarações oficiais, diversos especialistas têm vindo a tentar responder a esta questão.

Numa visão realista, Fabrice Pothier, diretor de estratégia da Rasmussen Global, em declarações ao canal Euronews, no dia 1 de setembro, considerava que mais do que uma janela de oportunidade para se avançar na defesa europeia a crise afegã “é sim uma janela para a realidade, ou seja, que a Europa ainda não tem a vontade política ou as capacidades reais (…) para fazer o mesmo trabalho que as forças americanas no Afeganistão”.

Segundo este especialista, a verdadeira questão é a de saber se esta situação vai mudar depois do Afeganistão. O que é crucial, em sua opinião, é a posição da Alemanha, que continua sendo o estado crucial da Europa em termos de defesa; até que ponto estará disposta a investir mais financeiramente e mudar a cultura estratégica, a assumir riscos e enviar forças alemãs onde há perigo”. (https://pt.euronews.com/2021/09/01/afeganistao-impulsiona-reuniao-informal-dos-ministros-da-defesa-da-ue).

Entre nós, alem de diversos comentários nos canais de TV e nos jornais, recomendo a leitura do artigo de Teresa de Sousa publicado na edição do Público do dia 5 de setembro, sobre “A Europa depois do Afeganistão”. Depois de sublinhar que “a questão da defesa europeia vai ocupar de novo durante algum tempo um lugar central no debate europeu” e de explicar muito bem porque a União Europeia não tem avançado neste domínio, conclui que “a Europa precisa de decidir acerca da sua autonomia com os pés assentes na Terra e com os olhos postos no mundo que a rodeia”. (https://www.publico.pt/2021/09/05/mundo/opiniao/europa-afeganistao-1976299)

O Centro de Estudos EuroDefense-Portugal irá também aproveitar esta oportunidade para suscitar junto dos seus colaboradores e associados uma reflexão aprofundada sobre a necessidade evidente da consolidação do pilar europeu em matéria de defesa e segurança e sobre a necessidade de renovação dos laços transatlânticos. Todos estamos convocados para participar nessa reflexão porque é também o futuro da Europa e o nosso futuro que está em causa. 


António Figueiredo Lopes
Presidente da EuroDefense-Portugal

Newsletter EuroDefense-Portugal – N.º 8 | Agosto 2021

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