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22 Julho de 2016: «Golpe de Estado» na Turquia

O cerco à União Europeia? // 28 de Dezembro: anúncio de uma trégua – A consolidação da nova aliança da Euroásia.

Caras sócias, caros sócios da Associação EuroDefense-Portugal,

Caros amigos que nos seguem em todo Mundo:

Sabemos que muitos de vós se interrogam sobre a actual aproximação entre a Rússia e a Turquia. Principalmente agora, quando ambos os países anunciaram (28 de dezembro de 2016) uma trégua na Síria. O website da Associação EuroDefense-Portugal publicou em 22 de julho de 2016 um texto que ajuda a explicar o actual cenário. Voltamos a publicar, aqui, esse texto. Leiam, por favor, e ficarão mais informados.

Texto original:

Parte da estratégia turca de cerco à Europa, aliás bem coordenada, mais dia menos dia, com a russa, passa por estrangular o abastecimento de combustíveis. Com agendas diferentes mas em alguns pontos coincidentes, turcos e russos criaram uma teia de gasodutos que deles dependem, e a que os poderes «manhosos» europeus tendem a resignar-se.

Os ucranianos foram os primeiros a sofrer com este tipo de prepotência. Depois de terem visto exauridas grande parte das suas reservas de gás – as maiores da União Soviética -, durante a longa noite comunista, viram o fornecimento que lhes chega através do gasoduto tutelado pela Gazprom cancelado em 2015.

A Polónia, a Hungria, a Grécia e até a Alemanha estão entre os próximos a tremer. Mas tudo ficará «resolvido» quando o gasoduto ucraniano for destruído – já está previsto -, e o chamado «Corrente Turca» entrar em funcionamento.

O «Corrente Turca», com uma capacidade anual de 63 mil milhões de metros cúbicos, foi anunciado em dezembro de 2014. A via de transporte de gás está prevista para ser executada pelo fundo do Mar Negro, da Rússia para a Turquia, e continuando a partir de um centro de distribuição na fronteira turco-grega, de onde o combustível poderia ser transferido para o sul da Europa, através da Grécia (o «conflito» no Kosovo, em que os EUA e europeus mostraram tanto interesse, em oposição à Sérvia e aos seus aliados russos, está relacionada com este cenário – controlo dos gasodutos. Mas, esse objectivo estratégico está longe de estar alcançado.).

Alguns analistas não vêem como mero acaso o início da normalização de relações russo-turcas, iniciada em junho passado. As dissenções em torno da Síria – Putin apoia Assad, Erdogan é contra – não falam tão alto como os negócios do gás. A destruição do gasoduto ucraniano deixará na mão destes oligarcas uma parte importante do abastecimento de gás à Europa.

É claro que em Paris, Londres ou Berlim já se poderia ter avançado imenso em, pelo menos, dois aspectos. Em primeiro lugar, agilizar todas as formas de diminuir a dependência de fontes externas de energia – ninguém bate a Europa ocidental em matéria de investigação nuclear, e os apoios ás energias alternativas já tiveram melhores dias. Em segundo, reforçar as relações com a Ucrânia e fazer frente a Moscovo e Ancara.

Com uma regularidade espantosa, a nomenclatura da União Europeia tem vindo a tomar partido pelo lado errado da História e da decência. Acho que se chama diplomacia…

Márcio Cardoso
Jornalista

Com

Eduardo Mascarenhas
Vogal da Direcção – Coordenador para a área da Comunicação

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